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Na última terça, entrou no ar o reality show Masterchef Júnior, versão infantil da competição culinária da Band que já teve duas edições estreladas por adultos. A apresentadora é a mesma, Ana Paula Padrão. Bem como os jurados, os chefs Henrique Fogaça, Erick Jacquin e Paola Carosella
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Um grupo de vinte crianças com idades entre 9 e 13 anos entrou em cena para o que devia ser uma sequência de momentos fofos. Que sim, aconteceram, para deleite da turma que gosta de comentar programas de televisão nas redes sociais, sobretudo no Twitter. Mas não foi só isso, infelizmente, o que o programa rendeu. Houve, por exemplo, quem pesasse a mão fazendo brincadeiras envolvendo a possível orientação sexual de alguns dos meninos.
Divulgação
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A polêmica maior e mais grave — até porque é crime — envolveu a paulistana Valentina Schulz, de 12 anos. Trata-se de uma menina bonita, mas isso não deveria ter nada a ver com o que sucedeu. Estamos falando de uma competição culinária, afinal de contas. Que importa a beleza dos participantes? É o talento deles para cozinhar o que conta (ou deveria)! Mas os atributos físicos da menina começaram a render assunto, em geral críticas preconceituosas associando sua beleza a antipatia ou riqueza. Mas daí logo vieram à tona posts terríveis.
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Uma parcela pequena, porém preocupante de usuários das redes sociais publicou frases nojentas (e, vale lembrar, criminosas) como as que você vê acima e nas próximas duas imagens. Até onde se sabe, felizmente, os pais de Valentina conseguiram blindá-la para evitar contato com comentários nocivos como o do post acima. O R7 procurou a família da menina, que não quis dar entrevistas.
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Médicos consultados pela reportagem mostraram-se seriamente preocupados com os efeitos que a participação em programas de televisão pode ter para gente tão jovem. “Ao autorizar, os pais estão expondo seus filhos a uma ridicularização pública. Mais do que pela audiência do canal, pelos milhões de usuários das redes sociais”, afirma Yechiel Moisés Chenchiski, da Sociedade Brasileira de Pediatria. “O bem estar da criança deve vir primeiro, mas eu tenho dificuldade de acreditar que alguma rede de televisão tenha isso como prioridade ao colocar no ar uma competição infantil”
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Segundo o professor Plinio Maciel Júnior, do curso de psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC (Pontifícia Universidade Católica), em São Paulo, é preciso pensar em como as pessoas reagem à celebridade em nosso País. “É um assédio muito grande, a pessoa mal consegue andar na rua. Para as crianças lidarem com isso é muito complicado. Requer habilidades que são difíceis até para o adulto. Ela precisa distinguir o que as pessoas esperam dela, solicitam dela, por causa dessa imagem na TV, praticamente um personagem. A imagem dela na televisão não é o que ela é no dia a dia”
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É curioso (e, sinceramente, um alívio) observar como as próprias redes sociais buscam regular absurdos como o comentário acima. Os próprios usuários encarregam-se de denunciar e divulgar formas de tentar frear a ação dos pedófilos. Alguns dos perfis exibidos aqui já saíram do ar, inclusive por iniciativa do próprio Twitter, que, em nota, comentou o episódio.
— Nós ressaltamos que temos uma política de tolerância zero para a exploração sexual infantil no Twitter. Quando tomamos conhecimento de links com imagens ou conteúdo para promoção, assédio ou ameaças relacionadas a exploração sexual de crianças, eles são removidos do site sem aviso prévioReprodução Twitter
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É possível denunciar um perfil no próprio Twitter: clique nos três pontinhos que no canto direito inferior de todos os posts da rede. Clique em “denúncias”, depois em “é abusivo ou prejudicial”. A Polícia Federal pode ser notificada em seu próprio site ou por e-mail. Também é possível fazer sua denúncia no site Safernet ou acionar por e-mail a Secretaria Especial dos Direitos Humanos. A Band informa que os participantes têm acompanhamento psicológico.
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