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Luva de Pedreiro e Bora Bill são exemplos de como a fama digital é uma roleta-russa perigosa

A cada dia, a roda vertiginosa da internet nos oferece novas personalidades, viralizações e candidatos, tanto à fortuna quanto a problemas mentais

|Marco Antonio Araujo, do R7

Entre os inúmeros compromissos de uma agenda lotada, Luva se encontrou com Khaby Lame, o tiktoker mais famoso do planeta
Entre os inúmeros compromissos de uma agenda lotada, Luva se encontrou com Khaby Lame, o tiktoker mais famoso do planeta

A recente chegada à fama de Bora Bill se dá ao mesmo tempo em que Luva de Pedreiro anuncia sua despedida voluntária do mundo das celebridades digitais. É uma combinação que nos permite fazer algumas especulações sobre a velocidade com que surgem e desaparecem os influenciadores, vistos hoje como profissionais. Podem ficar bravo comigo, mas essa atividade ameaça ser tudo, menos profissão.

A internet é uma máquina de moer gente. Não é porque alguns poucos se destacam (e uma parcela ainda menor deles enriquece) que a sociedade pode ignorar a carga de loucura e estresse por trás (e por dentro) desse novo atalho (estreitíssimo) para a fama e a riqueza.

Para a felicidade, e são inúmeros os exemplos, certamente não é o melhor caminho. Esse iceberg que ameaça afundar o navio da sanidade mental tem uma ponta bem visível: os casos cada dia mais comuns de celebridades que vêm a público manifestar um profundo e preocupante quadro de depressão, ansiedade, angústia e crises de pânico.

Luva de Pedreiro é um rapaz que já demonstrou ser muito inteligente quanto a perceber o que está acontecendo com ele. Analfabeto, vindo da pobreza (vai aqui uma suposição), mesmo com todos os problemas que teve com seu primeiro empresário, sabe que já levantou um dinheiro bacana.


De um dia para o outro, espero, juntou alguns milhões de reais, volume de dinheiro com o qual certamente nunca sonhou. Sua vida e a da sua família já estão financeiramente protegidas por décadas.

Por que ele não poderia pensar, sozinho: não preciso viver nessa rotina de compromissos, viagens e responsabilidades que, no máximo, só trará mais alguns milhõezinhos. Talvez ele prefira apenas ser feliz e ter uma vida que antigamente chamávamos de normal.


O mesmo pode acontecer com Bora Bill. Do nada, graças à loteria das redes sociais, ele caiu no gosto do público e se tornou uma celebridade. Tomara que assine bons contratos de publicidade e também consiga garantir a si mesmo um futuro melhor. E que tenha estrutura emocional para enfrentar o turbilhão que essa fulminante visibilidade impõe.

O que todos já sabemos é que, a cada dia, a roda vertiginosa da internet nos oferece novas personalidades, viralizações e candidatos à fortuna repentina (rigorosamente imprevisível). Também podemos afirmar: essa roleta é imprevisível. E não é saudável. É um jogo, em que a maioria esmagadora dos participantes sai perdendo. E quem ganha sai machucado.

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