“Meu filho tira sarro da nossa música”, revela baixista do Aerosmith

Feliz por vir ao Brasil, Tom Hamilton diz que a banda continuará tocando até quando aguentar

Música|Do R7

28/08/2013 - 00h30 (Atualizado em 20/04/2024 - 11h21)

Principal atração do festival Monsters of Rock, o Aerosmith
desembarcará no Brasil em outubro. Além de tocar em São Paulo no festival que terá também Whitesnake, Limp Bizkit e Slipknot, a banda
se apresentará no Rio de Janeiro (18/10) e em Brasília (23/10). Baixista do
grupo norte-americano, Tom Hamilton, 61, conversou com o R7 sobre as brigas da
banda, drogas, os desafios de ser músico hoje em dia e o encontro com os
brasileiros.

— Estamos muito empolgados para ver nossos fãs
brasileiros. Eles são muito intensos, então sabemos que será um ótimo
show. Entramos no palco mais relaxados por causa da energia deles e isso
é garantia de um ótimo show.

Confira, nas próximas fotos, a entrevista completa!

Texto e entrevista: Ana Paula de Freitas, do R7

R7: Muitos artistas que vêm ao Brasil exaltam a energia do público brasileiro. Está empolgado para tocar aqui novamente?

Tom Hamilton, baixista do Aerosmith: Já tocamos em vários lugares ao redor mundo e é muito legal saber que temos fãs tão longe da nossa casa. Os fãs brasileiros são muito empolgados, são selvagens. E isso tira a pressão de nós. E quando estamos sem pressão, tocamos muito melhor

R7: Nos últimos anos, os ingressos para shows internacionais no Brasil aumentaram muito. Para o show de vocês, por exemplo, o lugar mais caro custa R$ 560. Como artista, o que você acha disso?

Tom Hamilton: Os preços são muito inacessíveis. É triste para nós também, porque sabemos que muitos fãs não podem pagar para nos ver e isso nos chateia. Eu odeio o fato de precisarmos de tanta estrutura para montar um grande show. Mas estes preços não são uma exclusividade do Brasil, nos Estados Unidos também está assim

R7: Se você fosse fã, você pagaria este preço para ver algum artista?

Tom Hamilton: Eu pagaria este preço para ver grandes artistas, verdadeiras lendas, como Led Zeppelin, talvez The Who ou Paul McCartney

R7: Com 43 anos de carreira, como vocês fazem para manter a música de vocês relevante no cenário musical agora, com tantas sensações surgindo a cada momento?

Tom Hamilton: Nós trabalhamos muito para manter as pessoas interessadas no nosso trabalho; espero que fiquem cada vez mais interessadas na nossa música. Somos muito orgulhosos do que fizemos. Eu gostaria de voltar ao estúdio o mais rápido possível, porque é lá onde a mágica acontece. Mas não sei quando poderemos voltar ao estúdio, já que nosso álbum é recente ainda

R7: Como toda banda, o Aerosmith enfrentou muitas brigas ao longo dos
anos. Recentemente, por exemplo, o (guitarrista) Joe Perry e o (vocalista) Steven Tyler trocaram farpas na
mídia, levantando boatos de um racha no grupo. Como vocês superaram esta
e outras brigas que aconteceram no meio do caminho?

Tom Hamilton: Nós
tentamos nos lembrar de quem nós éramos no início da banda. No passado,
ficávamos irritados com tantas coisas, brigávamos sempre. Com o tempo,
você vê que nem tudo “merece” virar uma briga. Hoje em dia, pensamos
assim: “Não vamos brigar, vamos continuar juntos”. Se hoje não der certo
no estúdio, volte para casa e amanhã a gente revolve. Só não vamos
brigar, o importante é ficar junto. Temos esta mentalidade e estamos nos
esforçando bastante

R7: No mundo do rock, muito se fala sobre o uso de drogas. O próprio Steven Tyler assumiu que sofreu para abandonar o vício, tendo gastado milhões de dólares em cocaína. Você acha que é importante abrir a discussão sobre a dependência das drogas, principalmente hoje em dia, até para que este assunto não seja mais um tabu?

Tom Hamilton: Todo mundo sabe que as drogas podem arruinar a sua vida. Algumas pessoas aprendem isso da maneira mais difícil. As pessoas querem ficar loucas, beber, sair e se divertir. É normal até, mas chega num estágio em que as pessoas estão se medicando, se drogando para se sentirem melhor com elas mesmas. Isso não é saudável. Você precisa sair para festas, se divertir, mas se mantenha centrado e tenha limites. E cuide dos seus amigos, ajude-os nestes momentos difíceis

R7: Seu filho mais velho, Julian, tem 20 anos. Ele é fã do Aerosmith?

Tom Hamilton: Estamos sempre trocando ideias sobre música. Ele tem orgulho do meu trabalho, gosta e respeita, mas, na maior parte do tempo, ele tira sarro da nossa música, acha muito leve. [risos] Ele gosta muito de bandas antigas de metal, mais pesadas. E é muito boa essa troca que nós temos, até para eu me atualizar sobre o assunto. Ele evita escutar qualquer música que esteja na moda agora, principalmente no circuito comercial. Ele evita isso até demais, eu acho. Às vezes, o que ele escuta mal parece música! Eu vou aos shows com ele e tiramos sarro um do outro [risos]

R7: E você acompanha as bandas que estão surgindo agora? Tem alguma que chame a sua atenção?

Tom Hamilton: Eu não consigo ouvir muito das novas músicas, não tenho muito tempo para isso. Ainda escuto Pearl Jam e Alice in Chains. Então, as novas bandas que conheço é através do meu filho. A gente sai de carro por aí ouvindo as músicas que ele gosta

R7: Muitas pessoas questionam o futuro da música, principalmente com o avanço da tecnologia na hora de produzir álbuns. Para você, hoje está mais fácil ser músico ou é justamente o contrário?

Tom Hamilton: Para os jovens, realmente ficará cada vez mais difícil. Qualquer pessoa pode fazer um álbum hoje em dia, você baixa um software e grava um disco. Quando nós começamos, você precisava de uma gravadora para fazer um disco, era muito caro ir para o estúdio. Agora, tem muita tecnologia. Com o autotune (modulador de voz) , sua voz fica melhor do que realmente é. Você pode ir ao estúdio, trabalhar na música, tocar os instrumentos e melhorar o seu desempenho com um programa qualquer

R7: Você acha que isso é ruim para a música, toda esta tecnologia?

Tom Hamilton: Antes de lançar nosso disco, até brincamos que colocaríamos um adesivo na capa: “feito por humanos”. Hoje em dia, se você não pode bancar um baterista, você baixa um programa e pronto, você terá o som da bateria. Não é o mesmo processo que a gente faz, no qual cada um toca seu instrumento separadamente, tendo tempo para aperfeiçoar seu trabalho. Nós fizemos nosso álbum com instrumentos de verdade, com pessoas tocando de verdade

R7: Com 43 anos de estrada, vocês pensam em aposentadoria ou este é um assunto que nem passa pela cabeça de vocês neste momento?

Tom Hamilton: Vamos continuar tocando até quando aguentarmos, fazendo tantos shows quanto as pessoas queiram. Isso realmente depende do quanto as pessoas querem nos ver, até quando elas nos aguentam [risos]

R7: Você faz parte do Aerosmith desde o início da banda. Se você
pudesse mudar alguma coisa na sua história no grupo, o que você mudaria?

Tom Hamilton:
Eu teria feito aulas de violão, acho que perdi muito nestes anos por
não saber tocar tão bem. [risos] Há muitas coisas que aprendi ao longo
dos anos, e eu queria ter aprendido isso também. Mas ei, muitas coisas
foram maravilhosas! Estou aqui falando com você sobre o quão empolgado estou para tocar no Brasil. A vida está muito boa agora

Principal atração do festival Monsters of Rock, o Aerosmith desembarcará no Brasil em outubro. Além de tocar em São Paulo no festival que terá também Whitesnake, Limp Bizkit e Slipknot, a banda se apresentará no Rio de Janeiro (18/10) e em Brasília (23/10). Baixista do grupo norte-americano, Tom Hamilton, 61, conversou com o R7 sobre as brigas da banda, drogas, os desafios de ser músico hoje em dia e o encontro com os brasileiros. — Estamos muito empolgados para ver nossos fãs brasileiros. Eles são muito intensos, então sabemos que será um ótimo show. Entramos no palco mais relaxados por causa da energia deles e isso é garantia de um ótimo show. Confira, nas próximas fotos, a entrevista completa! Texto e entrevista: Ana Paula de Freitas, do R7