Acusados de assédio ficam de fora da premiação do Oscar
Única figura controversa entre os indicados é o ator Gary Oldman, acusado de agredir a ex-mulher com um telefone em 2001
Pop|Helder Maldonado, do R7

Agendada para o dia 4 de março, a 90ª edição do Oscar será marcada por prestigiar os melhores filmes e profissionais do ano, mas também por ter tudo para ser a cerimônia mais politizada e engajada da história.
Paira sobre o prêmio o mesmo sentimento de ativismo que no início de janeiro tomou otapete vermelho e o palco do Globo de Ouro, onde atrizes foram vestidas de preto e acompanhadas de militantes do movimento feminista para protestar contra os assédios em Hollywood.
Apesar da manifestação que tem como objetivo desmascarar e responsabilizar atores, diretores e produtores por violentar e abusar de mulheres no ambiente de trabalho, o resultado de alguns prêmios e indicações do Globo de Ouro foram considerados incoerentes para o momento.
Isso porque James Franco, que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante pelo filme O Artista do Desastre, já havia sido acusado de assediar uma menor de idade em 2014. Ele, que na ocasião subiu ao palco para ser homenageado usando um bottom em prol do movimento Time's Up (movimento contra o abuso sexual), foi duramente criticado nas redes sociais e ainda viu surgir novas denúncias.
Indicado também ao SAG Awards (onde esteve presente na noite do dia 22), o ator foi duramente criticado por Scarlett Johansson no último fim de semana. A atriz exigiu que ele devolvesse o broche que usou naquela cerimônia.
Ja no Oscar, Franco ficou de fora, mas O Artista do Desastre foi indicado para a categoria de Melhor Roteiro Adaptado.

Gary Oldman, que levou o prêmio de melhor ator no Globo de Ouro pelo papel de Wiston Churchill em O Destino de Uma Nação, também garantiu a mesma indicação no Oscar.
Embora não seja acusado de assédio, Oldman também foi criticado pelo seu comportamento no passado, quando foi acusado pela mulher Donya Fiorentino de tê-la agredido com um aparelho de telefone fixo na frente dos filhos em 2001. O caso resultou em divórcio.
Redenção de Plummer
Mas se figuras questionáveis estão entre os indicados, foi recebido com bons olhos pelo público o anúncio de Christopher Plummer para a categoria de melhor ator coadjuvante em Todo o Dinheiro do Mundo. O ator foi escalado para regravar as cenas que originalmente eram de Kevin Spacey.
O ator foi cortado do papel após denúncias de que ele havia assediado sexualmente um menor de idade em 1986e ter tentado manter relações não consensuais com adultos na sua atuação no teatro. Plummer precisou refazer todo o trabalho em menos de um mês, entre novembro e dezembro do ano passado.
Mais simbólico no entanto é o desempenho do filme Três Anúncios Para Um Crime, com sete indicações. O longa de Martin McDonagh conta a história de uma mãe em busca de justiça para desvendar o autor do estupro e assassinato da filha adolescente.
Em entrevista ao site Indie Wire, McDonagh garante que o filme empodera essa luta feminina.

— Você não pode ter um filme que lida com isso, com uma mulher tão forte como protagonista e ainda ser parte dessa besteira. Então, foi uma decisão muito fácil de tomar. O filme envia uma declaração.
Minorias representadas
E ao contrário de premiações de anos anteriores nas quais o Oscar foi acusado de ser extremamente branco e masculino, dessa vez as minorias estão melhores representadas. Greta Gerwig (que também concorre com Melhor Roteiro Original) foi indicada como melhor diretora por Ladybird e Jordan Peele, por Corra!. Essa é a quinta vez que uma mulher e um negro são indicados na categoria, respectivamente. Ambos haviam sido deixados de fora do Globo de Ouro.
Na categoria de melhor ator, dois negros foram indicados: Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq) e Daniel Kaluuya (Corra!). Entre as mulheres, a categoria de atriz coadjuvante conta com duas negras: Octavia Spencer (A Forma da Água) e a também cantora Mary J. Blige (Mudbound).