Boneco em homenagem a Joaquim Barbosa comanda carnaval de rua do DF 

Famoso pela irreverência e pela critica política, o Pacotão desfila pelas ruas do centro de Brasília há 34 anos. Em 2013, o julgamento do mensalão e a crise econômica são os temas predominantes das marchinhas que vão embalar os foliões na W3 sul, uma das principais avenidas do Plano Piloto.

O tema escolhido para este ano é o “Carnaval do Pibinho”, como sátira à declaração da presidente Dilma Rousseff, que pediu um “pibão grandão” em 2013. Isso porque o PIB (Produto Interno Bruto) de 2012 decepcionou a equipe econômica do governo e não deve chegar nem a 2%.

Logo nos primeiros anos do bloco, o boneco Charles Preto virou o símbolo do Pacotão. O nome faz referência a um secretário de Turismo, Carlos Black Pereira, que queria impedir os jornalistas de desfilarem na avenida, local onde também acontecia a apresentação das escolas de samba do Distrito Federal.

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A sátira deu certo e Charles Preto é quem comanda o Pacotão até hoje. Segundo Joanfi, um dos jornalistas organizadores do Pacotão, a surpresa deste ano será uma homenagem ao presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa: — O boneco, que tem quase quatro metros de altura, estará vestido de juiz, com um martelo na mão, fazendo referencia ao ministro. Os versos de uma das marchinhas deste ano também homenageia o presidente do STF. “Joaquim Barbosa relator do mensalão, é primo-irmão de Charles Preto, fundador do pacotão”.

Ameaças de políticos Os compositores das marchinhas para o Pacotão estão na lista de desafetos de vários políticos do Distrito Federal, já que as letras não aliviam nas críticas.

Joanfi conta que já foi intimidado por deputados distritais. Segundo o cartunista, os parlamentares ameaçam até usar a influência política para exigir a demissão dos compositores.

— Muitos deputados e ex-governadores deram problema para gente. Mas sou jornalista, adoro esse tipo de problema. Pela historia de irreverência do pacotão, a gente tira de letra.

Desde o ano 2000, o Pacotão lança as marchinhas temáticas do carnaval em um CD produzido pela própria organização do bloco.

Este ano foram gravadas 15 músicas e a produção vai distribuir cerca de 1.000 unidades do CD do Pacotão. Até hoje, foram gravadas quase 200 marchinhas e a intenção é lançar uma coletânea com as mais marcantes. — A história política do País está representada nas marchinhas.

História

O Pacotão coleciona polêmicas. Formado em 1978 por um grupo de jornalistas que trabalhavam na capital do País, o objetivo sempre foi protestar e fazer sátira dos acontecimentos políticos no centro do poder.

O Carnaval mais emblemático, segundo Joanfi, foi o de 2010, marcado pelo escândalo do mensalão do DEM – esquema de distribuição de propina organizado pelo ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Joanfi lembra que a prisão de Arruda foi decretada no sábado de carnaval e que isso levou o povo para ruas, para desfilar no Pacotão.

— O escândalo do Arruda foi o grande motivador do Pacotão. Foi o aglutinador do povo e dos compositores. Naquele ano, recebemos 10 marchinhas sobre o tema.

No ano passado, o tema do Pacotação foi a ficha limpa. Cerca de 9.000 pessoas desfilaram pelas ruas do DF exigindo o cumprimento da nova lei.

O bloco sempre sai no domingo e na terça de Carnaval. A concentração começa às 15h, na quadra 302, na Asa Norte do Plano Piloto. Depois, o Pacotão segue pelas ruas da avenida W3, na contramão, até chegar à quadra 504, da Asa Sul, onde fica até às 22h.

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