Rio de Janeiro se entrega à festa duas semanas antes do Carnaval
Banda de Ipanema e Imprensa que eu Gamo abriram a folia de rua
Rio de Janeiro|Do R7
Dezenas de blocos, seguidos por milhares de pessoas tomaram neste sábado as ruas do Rio de Janeiro na já tradicional antecipação do Carnaval, que chegará a apoteoses no Sambódromo, na primeira semana de março.
O sinal de partida para o Carnaval informal do Rio de Janeiro foi dado pela Banda de Ipanema, grupo fundado há cinco décadas que este sábado reuniu milhares de pessoas ao som de uma bateria de 70 percussionistas.
Também foi para a rua hoje o bloco Imprensa que eu Gamo, formado por jornalistas que há cobrem as festas de Carnaval, em Laranjeiras. Antes do desfile, o Imprensa que eu Gamo homenageou Santiago Andrade, o cinegrafista morto na segunda-feira (10) após quatro dias em coma.
Superada a emoção ao lembrar do colega, e no meio do ensurdecedor repique dos tambores, a multidão se uniu então à alegria da jornalista Aline Prado, que se casou no meio do desfile com Bruno Nalbone. O casal convenceu um juiz a celebrar o casamento antes do início do desfile, em plena rua, e foi ovacionado pela multidão na hora do "sim" sob os olhos atentos dos padrinhos, todos eles devidamente fantasiados. Só depois do casamento o "Imprensa que eu gamo" percorreu as ruas de Laranjeiras.
Os blocos são para muitos a expressão mais autêntica do Carnaval carioca e encarnam sua vertente mais popular e despretensiosa. A outra face do Carnaval para estes foliões são os desfiles das escolas de samba, um evento caro, superproduzido e fechado.
Os "blocos", ao contrário das escolas de samba, que a cada ano surpreendem a milhares de turistas no Sambódromo, não têm a mesma estrutura, parafernália e publicidade dos desfiles oficiais, mas tanto ou mais entusiasmo, irreverência e gosto pela festa. Nos últimos anos, alguns "blocos" cresceram tanto que muitos, como a própria Banda de Ipanema, chegam a obter patrocínio de empresas privadas.
Embora o coração do Carnaval do Brasil esteja no Rio de Janeiro, o espírito da festa também começou a tomar hoje as ruas de outras cidades do país, como São Paulo e Brasília. Na capital federal, uma cidade que costuma ficar praticamente vazia nos fins de semana, o bloco Suvaco do Asa alvoroçou o Sudoeste e foi seguido por milhares de pessoas que dançaram ao som frenético do frevo.
Os desfiles dos blocos, tanto no Rio de Janeiro como no resto do Brasil, acontecem a partir de hoje quase que diariamente até a quarta-feira de Cinzas. É nesse dia, como em quase todos os anos, que milhões de brasileiros cantarão uma das canções mais conhecidas de Vinícius de Moraes, que lembra a profunda ressaca deixada pelo Carnaval e que diz "tristeza não tem fim, felicidade sim".