Aos 25 anos, Chucky abandona o humor e volta às raízes do terror
A Maldição de Chucky estreia diratamente em DVD e Blu-ray em novembro no Brasil
Cinema|Do R7

Chucky, o famoso brinquedo assassino que usa macacão jeans e tem uma vasta cabeleira, comemora 25 anos com A Maldição de Chucky, sexto filme da série, que abandona o humor irônico para voltar às raízes do terror.
O filme, produzido quase 10 anos depois do quinto título da série, será lançado diretamente em DVD e Blu-ray no Brasil em 7 de novembro, assim como aconteceu nos Estados Unidos.
O americano Don Mancini, criador de Chucky e roteirista dos seis filmes da saga, retoma o papel de diretor, que assumiu em O Filho de Chucky (2004). Uma década depois o tom mudou radicalmente. Mancini explicou à AFP.
— O que eu mais queria, acima de tudo, era que Chucky voltasse a ser aterrorizante.Depois de ter feito duas comédias com A Noiva de Chucky e O Filho de Chucky, os fãs queriam o retorno às origens e ao terror.
— Além disso, é o 25º aniversário da saga e queríamos criar um fator de nostalgia no filme, ter uma espécie de carta de amor para os fãs.
A franquia Chucky, iniciada em 1988 com Brinquedo Assassino, conseguiu ocupar um espaço de honra no rol dos monstros contemporâneos (ao lado do Jason de Sexta-Feira 13, Michael Myers de Halloween e Fred Krueger de A Hora do Pesadelo) e arrecadou mais de 175 milhões de dólares em todo o mundo.
Os três primeiros filmes da série eram de terror puro, mas A Noiva de Chucky (1998) marcou um ponto de virada ao utilizar o humor irônico e autorreferencial.
— Chucky é um personagem incrivelmente versátil. Funciona bem na comédia e no terror puro. Quando fizemos A Noiva de Chucky, estávamos no auge da moda do humor autorreferencial nos filmes de terror.
O Filho de Chucky (2004) cometeu o erro de seguir pelo mesmo caminho, admite Mancini. O gosto pela ironia no cinema de terror começava a declinar para dar espaço ao "pornô tortura" (Jogos Mortais, O Albergue, entre outros), com a exposição de uma série de mutilações.
— O gênero terror reflete o que está acontecendo na cultura. Os anos 90 foram uma época feliz, em geral, nos Estados Unidos. As coisas pioraram muito na década seguinte.Os monstros do cinema se adaptam e refletem tudo isto. Acredito que, hoje em dia, ninguém tem vontade de rir com os monstros porque eles estão muito presentes na vida real.
Em A Maldição de Chucky, Mancini usou a tradição do cinema de terror gótico: uma casa antiga isolada, uma noite de tempestade, espaços obscuros, uma receita já testada e eficiente.
— Adoro a estética gótica, os jogos de sombras, as escadas. Toda a ação acontece em uma noite de tempestade, em uma casa inquietante. Ninguém pode sair, ninguém pode ajudar do lado de fora.
E, para colaborar com a sensação de claustrofobia, a personagem principal, Nica (Fiona Dourif, filha de Brad Dourif, histórica voz de Chucky), está presa a uma cadeira de rodas.
E Chucky, aos 25 anos, se livrou das cicatrizes e recuperou, pelo menos na aparência, a textura. Mas também perdeu outras características, o que os fãs perceberão rapidamente.
— Por exemplo, não sangra mais. A mim parece que um boneco inanimado, que ganha vida, é muito mais aterrorizante se forem mantidas as propriedades normais de um objeto inanimado.