'Babilônia', novo filme do diretor de 'La La Land', se perde em meio ao caos e pode cansar o público
Superprodução de Damien Chazelle consegue divertir e tem boas atuações, mas apresenta história conduzida de maneira irregular
Cinema|Felipe Gladiador, do R7
Damien Chazelle conquistou Hollywood com dois filmes poderosos e premiados: Whiplash — Em Busca da Perfeição e La La Land — Cantando Estações.
O cineasta lançou também o não tão comentado O Primeiro Homem, e volta às telonas nesta quinta-feira (19) com a mais nova criação, Babilônia.
Estrelado por nomes de peso como Margot Robbie e Brad Pitt, a superprodução tem ainda no elenco Jean Smart, Diego Calva, Jovan Adepo, Olivia Wilde e Katherine Waterston.
A trama de Babilônia é ambientadano fim dos anos 1920, quando a indústria do cinema passava pela grande transição de filmes mudos para produções faladas.
Chazelle decide focar no universo dos excessos de grandes estrelas da época e começa a história com uma festa completamente desenfreada.
O diretor mostra mais uma vez quanto é talentoso ao filmar cenas grandiosas, recheadas de muito luxo, um número absurdo de figurantes e com ótimo desempenho dos atores.
Margot Robbie e Brad Pitt têm um timing cômico perfeito para o que o filme pede e arrancam gargalhadas da plateia como uma aspirante a estrela de cinema e um astro beberrão que precisa voltar a conquistar os críticos e o público.
A atriz, que se prepara para viver a icônica boneca Barbie, se entrega ao papel de Nellie LaRoy. Independentemente do trabalho em que esteja, Robbie sempre se destaca por ser extremamente carismática. Ela consegue passar perfeitamente a complexidade de sentimentos da personagem, que poderia ficar apenas na superfície cômica, mas atinge outras camadas por conta de todo o talento dela. Robbie é, sem dúvida, um dos grandes acertos do filme.
Outro ponto alto de Babilônia está no uso da trilha sonora, parte sempre impactante nos trabalhos de Chazelle. Em momentos de tensão, de humor ou de sensualidade, a música, assinada por Justin Hurwitz, parceiro do cineasta em outros projetos, funciona impecavelmente.
Dividindo a opinião dos críticos de cinema, Babilônia foi considerado por alguns especialistas internacionais um dos piores lançamentos de 2022. Mas por quais motivos?
O maior problema está justamente naquilo que o diretor quer retratar: a desordem em meio ao glamour da antiga Hollywood. Apesar de ter cenas realmente engraçadas, a produção, às vezes, beira o caricato, mas não de uma maneira irônica nem aparentemente intencional.
São muitas informações jogadas na tela e, diferentemente de outros filmes longos da temporada, como Avatar: O Caminho da Água, aqui as mais de três horas são sentidas, algo que pode ser posto na conta do roteiro, também assinado por Chazelle.
A trama acaba sendo enfraquecida por uma instabilidade entre os altos e baixos apresentados ao público. O ritmo frenético da primeira meia hora até dá a impressão de que o filme todo será assim, mas a narrativa se torna irregular em alguns momentos, o que dá a sensação de cansaço.
Apesar de os dramas de alguns dos personagens serem verdadeiramente tocantes, fica difícil se conectar com eles na maior parte do tempo, devido a todo o caos que os rodeia. As distrações criadas pelo roteiro afastam o espectador.
Damien Chazelle não deixa de ser um dos cineastas mais interessantes da nova geração, e este está longe de ser um filme ruim. Acontece que a produção se perde na própria megalomania.
Babilônia é uma festa totalmente descontrolada, que pode parecer interminável, mas na qual é até possível se divertir. Só se prepare para sair exausto e com uma ressaca daquelas.
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