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Como um filme ajudou cientistas a entenderem o cérebro de quem usa drogas

Pesquisa envolveu 30 pessoas internadas para tratamento de heroína e 25 voluntários saudáveis

Cinema|Do R7

Ewan McGregor
O ator já teve papeis memoráveis como os dos filmes Trainspotting — Sem Limites, Moulin Rouge e Amor Impossível, mas nunca foi indicado ao Oscar
Foco da pesquisa foi o córtex orbitofrontal, uma região cerebral ligada à tomada de decisões Reprodução de cena do filme 'Trainspotting’

Um clássico do cinema dos anos 1990, o filme “Trainspotting”, indicado ao Oscar e centrado em um grupo de jovens usuários de heroína na Escócia, tornou-se ferramenta científica em um estudo sobre dependência química. Pesquisadores da Escola de Medicina Icahn, do Hospital Monte Sinai, em Nova York, usaram cenas do longa para investigar, com precisão inédita, como o cérebro de usuários de heroína responde a estímulos relacionados à droga. O estudo foi publicado na edição de maio da revista científica Brain.

O foco da pesquisa foi o córtex orbitofrontal (COF), uma região cerebral ligada à tomada de decisões e à atribuição de valor a estímulos. Os cientistas descobriram que, durante a exibição do filme, o COF de pessoas com transtorno por uso de heroína respondeu de forma sincronizada e enviesada a cenas que mostravam ou sugeriam o uso da substância. Essa resposta superou a ativação provocada por outros temas comuns de interesse humano, como comida ou interação social.

“Trainspotting funcionou como um espelho altamente envolvente do ambiente real de drogas, de um jeito que imagens estáticas simplesmente não conseguem. O filme permitiu capturar reações cerebrais mais próximas da experiência vivida pelo usuário, aumentando a validade dos nossos testes”, explicou a professora Rita Goldstein, neurocientista e psiquiatra que liderou o estudo.

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A pesquisa envolveu 30 pessoas internadas para tratamento de heroína e 25 voluntários saudáveis, que assistiram aos 17 primeiros minutos de “Trainspotting” dentro de um aparelho de ressonância magnética funcional (fMRI). Os pacientes foram examinados novamente após 15 semanas de tratamento hospitalar com medicamentos, terapias de grupo e técnicas de prevenção de recaída. O grupo de controle também foi reavaliado no mesmo intervalo.


Os dados revelaram que, antes do tratamento, o COF dos usuários apresentava um padrão claro de preferência por estímulos ligados à droga. Após o período de tratamento e abstinência, essa resposta cerebral foi significativamente reduzida, o que sugere uma possível recuperação funcional da região afetada.

“A surpresa foi descobrir essa recuperação já após três meses, o que aponta para caminhos promissores de aprimoramento do tratamento”, afirmou Greg Kronberg, um dos autores do artigo.


Além disso, os pesquisadores destacaram que resultados semelhantes não foram observados com tarefas tradicionais, baseadas em imagens estáticas. Isso reforça o potencial de métodos mais realistas e dinâmicos, como o uso de filmes, para avaliar o impacto de tratamentos psiquiátricos.

Os cientistas agora desenvolvem um protocolo de neurofeedback em tempo real, que permitirá aos participantes visualizar e aprender a regular sua própria atividade cerebral enquanto assistem ao filme. A ideia é que, ao perceberem a ativação de áreas ligadas à fissura, os usuários possam treinar a modulação dessas respostas, o que pode auxiliar diretamente no processo de recuperação.


Apesar dos avanços, os autores reconhecem limitações: o estudo utilizou apenas um filme e todos os participantes estavam em abstinência e sob cuidados hospitalares. Pesquisas futuras devem testar a metodologia com outras obras, outros tipos de dependência e em diferentes estágios do ciclo do vício.

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