'M3GAN' recicla ideias e é um filme de terror divertido, mas com poucos sustos
Longa estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros após bombar nas redes sociais e nos EUA
Cinema|Lello Lopes, do R7
Não espere nenhuma ideia inovadora em M3GAN, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros. O longa, que mistura terror e ficção científica, recicla conceitos que já foram vistos inúmeras outras vezes no cinema. Mesmo assim, funciona. M3GAN é um filme sem sustos, mas divertido, que já virou hit nas bilheterias e nas redes sociais neste começo de ano.
Na trama, M3GAN é uma boneca-robô ultrarrealista, turbinada com o que há de mais avançado em inteligência artificial, programada para ser amiga e proteger uma garotinha que acabou de perder os pais em um acidente de carro.
Essa alta tecnologia, é claro, vai desenvolver uma ética própria e se voltar contra os criadores. Você já viu isso em 2001: Uma Odisseia no Espaço, O Exterminador do Futuro e, mais recentemente, no remake de Brinquedo Assassino, por exemplo.
O diretor Gerard Johnstone tenta introduzir uma discussão sobre parentalidade e uso excessivo de tecnologia pelas crianças, mas só esbarra no tema. O que vale mesmo é a construção da relação de duas personagens importantes, a engenheira de robótica Gemma (Allison Williams) e sua sobrinha, Cady (Violet McGraw).
Mas o grande trunfo de M3GAN é o carisma da protagonista, interpretada por Amie Donald, com a voz de Jenna Davis.
Com um rostinho fofo, a língua afiada e um humor ácido, a boneca tem tudo para conquistar o seu espaço na galeria de personagens marcantes de filmes de terror.
Já viralizou nas redes sociais a dancinha da personagem, exibida até no trailer. Vai ser, sem dúvida, a cena mais lembrada do filme, já que M3GAN não tem nenhum momento de fato assustador. Falta para a boneca um pouco da insanidade de Chucky.
A comparação com Chucky vai além de as duas personagens serem bonecos assustadores. Em seu clímax, M3GAN lembra muito o fim de Brinquedo Assassino 2.
Mesmo assim, falta a M3GAN alguma cena mais icônica de terror, como a da bola de basquete em A Maldição de Samantha, obra pouco falada do mestre Wes Craven nos anos 1980 que tem uma temática parecida.
É como se o produtor James Wan, o responsável pela criação da história e por obras de fato assustadoras como Jogos Mortais, Sobrenatural, Invocação do Mal e Maligno, fizesse um filme de terror a que toda a família pudesse assistir.
E ele conseguiu: com orçamento de 12 milhões de dólares, M3GAN já beira os 100 milhões de dólares em bilheteria. Com isso, os produtores devem reciclar outra ideia bem batida no cinema: transformar a história em uma franquia.