Cinema Michael J. Fox fala sobre viver com Parkinson: 'Sou genuinamente feliz'

Michael J. Fox fala sobre viver com Parkinson: 'Sou genuinamente feliz'

Ator de clássicos como a trilogia 'De Volta para o Futuro', atualmente com 60 anos, revelou que não tem medo da morte

  • Cinema | Do R7

Michael J. Fox na capa da revista da AARP e, ao lado, com a mulher, Tracy Pollan

Michael J. Fox na capa da revista da AARP e, ao lado, com a mulher, Tracy Pollan

Montagem R7/Divulgação AARP/Kurt Iswarienko/Reprodução Instagram

Em entrevista para a revista da AARP, Michael J. Fox falou sobre como é sua vida com Parkinson.

O ator, hoje com 60 anos, convive com a doença há cerca de 30 anos. Ele fez parte de grandes sucessos como a trilogia De Volta para o Futuro, O Garoto do Futuro, as séries Caras e Caretas, Spin City e The Good Wife, além de emprestar sua voz aos protagonistas de O Pequeno Stuart Little e Atlantis: o Reino Perdido.

"As pessoas muitas vezes pensam no Parkinson como algo visual, mas o lado visual é quase nulo. Em um dia comum, minhas mãos podem quase não tremer, ou podem tremer. É sobre o que você não consegue ver, a falta de um giroscópio interno, de um senso de equilíbrio, de percepção periférica. Quero dizer, eu navego com um barco em plena tempestade nos melhores dias", explicou o ator sobre os sintomas.

Michael revelou que considera que teve mais facilidade de lidar com a doença por ter condições financeiras: "Alguns dias são uma batalha. Outros dias são mais difíceis do que outros. Mas a doença é uma coisa que está ligada à minha vida, não é a condutora dela. E, porque eu tenho recursos, consigo acesso a coisas que outros não têm. Eu não poderia comparar minha experiência com a de um trabalhador que tem Parkinson e precisa largar o emprego e procurar outro jeito de ganhar a vida. Então, sou realmente sortudo".

Aposentado da atuação desde o ano passado, devido à dificuldade com a fala, Michael contou que superou as expectativas de especialistas: "O médico que me diagnosticou, em 1991, disse que eu tinha mais uns dez anos para trabalhar". 

Apesar dos desafios, o astro disse se considerar feliz e grato: "Eu sou genuinamente um cara feliz. Eu não tenho sequer um pensamendo mórbido na minha mente. Eu não tenho medo da morte, de jeito nenhum. Mas, conforme saí dessa escuridão, eu também tive um insight sobre meu sogro, que morreu e sempre defendeu gratidão, aceitação e confiança. E eu comecei a perceber coisas pelas quais sou grato e a maneira com que as pessoas respondem às dificuldades com gratidão. Concluí que gratidão faz o otimismo ser sustensável".

Ele ainda aconselhou os fãs: "E, se vocês não conseguem pensar em nada para ser gratos, continuem procurando. Vocês não recebem simplesmente otimismo. Vocês não podem esperar que as coisas sejam ótimas e só depois serem gratos por elas. Vocês precisam se comportar de um jeito que promova isso". 

Michael também se disse surpreso com o sucesso de De Volta para o Futuro até os dias atuais: "É incrível! Pessoas, de todas as idades, chegam até mim atualmente para falar do filme, mais do que nunca. Não sei ao certo o motivo. Aí eu me deparei com o filme na TV no Natal passado e pensei que eu estava realmente bem nele, melhor que eu imaginava. Mais importante, eu tenho o espírito do filme".

À pergunta se teve algum arrependimento na carreira, disse: "Tenho alguns poucos arrependimentos de papeis que me ofereceram mas não fui atrás. Um deles é Ghost — Do Outro Lado da Vida. Agora não consigo imaginar outra pessoa além do Patrick Swayze fazendo o papel. Se eu pudesse voltar no tempo e colocar em um papel tudo que aprendi com o Parkinson, seria em Pecados de Guerra, com um melhor entendimento da crueldade e do sofrimento, e com a beleza e qualidades sublimes de toda a confusão com que eu estava tentando lidar enquanto não estava apanhando do Sean Penn".

O ator abriu a Fundação Michael J. Fox para ajudar nas pesquisas sobre Parkinson, há mais de 20 anos. "Quando fui diagnosticado, passei sete anos mantendo isso para mim mesmo, sem falar com ninguém e sem aprender sobre a doença. E depois eu percebi que outras pessoas se isolavam e não tinham uma força central unificadora que falaria por elas. Então, agora, junto com o empenho na ciência por meio da fundação, sou um motivador e alguém que tenta desmistificar e normalizar o mal de Parkinson, para tirar qualquer vergonha ou ideia de que ele deve ser escondido, porque infelizmente, inevitavelmente, ele vai se revelar."

Michael ainda deu conselhos a quem também vive com Parkinson: "Tenha uma vida ativa e não se deixe isolar ou ficar marginalizado. Você pode viver com isso. Pessoas às vezes dizem que um conhecido ou parente ou amigo morreu de Parkinson. Você não morre de Parkinson. Você morre com Parkinson, porque, quando você tem [a síndrome], você a tem para a vida toda. Então, para viver com ela, você precisa se exercitar e estar em forma, e comer bem. Se não consegue dirigir, arranje um jeito de se locomover. Mantenha amizades".

Tracy Pollan, mulher de Michael e mãe de quatro filhos com o ator, elogiou a capacidade do marido de encarar a vida com positividade: "Eu, às vezes, subestimo o poder do otimismo dele, mas diversas vezes eu o vi usando o otimismo para alavancar seu caminho de volta".

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