Relembre a carreira de Shirley Temple, a eterna "queridinha da América"
Atriz morreu nesta segunda-feira (10) aos 85 anos
Cinema|Do R7

Graciosa, vivaz, de nariz arrebitado e cachos dourados: Shirley Temple, falecida aos 85 anos, foi a primeira e uma das maiores estrelas infantis de Hollywood, fazendo sonhar um país assolado pela depressão econômica da década de 30.
Com vestidos de organdi ou de veludo ornamentado com laços e rendas, sapatinhos de verniz, ela se assemelhava às bonecas que podiam fechar os olhos e falar "mamãe".
Shirley Temple tinha essa extraordinária capacidade de fazer as pessoas acreditarem, por 90 minutos, que elas viviam em um mundo sem problemas.
Em uma Hollywood cheia de mães decididas a empurrar por todos os meios a sua prole para o sucesso, Shirley foi a mais sortuda e a mais forte, sendo campeã de bilheteria entre 1935 e 1938, superando ícones como Clark Gable e Gary Cooper.
Isso porque tinha outras qualidades além de suas covinhas e seu rostinho que derretia o coração de todos: alegria, naturalidade e, mesmo que a palavra soe estranha para uma criança, um grande profissionalismo.
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Sua mãe lia seus textos à noite e no dia seguinte ela sabia de cor suas falas. Seus parceiros adultos diziam que ela era uma "máquina" e a crítica especializada falava de "um monstrinho doce". E tinha ainda uma outra vantagem: jamais chorava no cenário, ao contrário de outras crianças.
Sua própria infância foi um conto de fadas. Superprotegida, ela possuía em sua casa uma pista de boliche e uma fonte de limonada. Por outro lado, era sempre acompanhada por guarda-costas e detetives, por medo de sequestro.
Mas a imprensa e o público queriam saber tudo sobre a menina prodígio - onde passava as férias, o número exato de seus cachos, que seria, segundo a lenda, 54 etc - e, no fim das contas, a sua infância foi em grande parte roubada.
Deixar o mundo do cinema não foi uma tragédia, e a menina, que cresceu antes do tempo, manteve os pés no chão, ao contrário das jovens estrelas dos dias atuais.
"Eu tive uma infância mágica, mas não posso viver no passado", disse ela na época, negando que seu primeiro filho, uma menina, teria sido colocado sob contrato por um produtor de cinema. Seus últimos filmes datam de 1949.
Nascida em 23 de abril de 1928 em Santa Monica, Shirley Temple começou a ter aulas de dança, canto e comédia aos três anos de idade em Los Angeles. Os produtores logo notaram o talento e a contrataram para uma série de curtas-metragens Baby Burlesks, onde os personagens eram interpretados por crianças.
Assinou um contrato com a Fox, com quem realizou a maioria de seus filmes, em que cantava, dançava e interpretava grandes de sucessos.
Recebeu um Óscar especial aos seis anos de idade, em 1934.
Sua personagem de menina encantadora, muitas vezes pobre em Olhos encantadores (1934), Alegria de viver (1934), A pequena órfã (1935), Heidi (1937) e A pequena Princesa (1939), fez dela a queridinha das meninas em todo o mundo.
Todos os tipos de produtos foram feitos à sua imagem. Os bombardeiros durante a guerra chegaram a ser chamados de "Shirley".
O que poderia ser o papel de sua vida escapou de suas mãos quando, em 1939, a Twentieth Century Fox se recusou a cedê-la para o filme O Mágico de Oz, produzido pela Metro Goldwyn Mayer, que acabou oferecendo o papel de Dorothy a Judy Garland.
Posteriormente, ela sofreu seus primeiros fracassos de bilheteria. Na década de 1940, após participar de quarenta filmes, abandonou o cinema.
Casou-se aos 17 anos com John Agard, de quem se divorciou em 1948, e posteriormente com Charlie Black, um empresário com quem permaneceu até sua morte, em 2005. Ela teve três filhos.
Em 1969, Shirley Black, sorridente e mais gordinha, apareceu ao lado dos republicanos. Ela foi nomeada delegada dos Estados Unidos nas Nações Unidas pelo presidente Richard Nixon e tornou-se embaixadora em Gana e na antiga Tchecoslováquia entre 1974 e 1992.
"Quando você fica mais velho, deve se manter ativo, se não caímos em uma apatia corrosiva", observou ela.
Além disso, foi membro do comitê executivo da Walt Disney em 1974 e 1975.
Um período marcado por sua luta contra o câncer de mama, e acabou se tornando uma das primeiras porta-vozes no combate a essa doença.