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De jornalista a comissão de frente no Carnaval: o dia em que fui reverenciado no Anhembi 

Repórter do R7 participou do desfile da Unidos do Peruche

Entretenimento|Thiago Calil, do R7

Primeiro ato da coreografia mostrou a lenda de Caramuru, o português náufrago que vira um ídolo para os índios
Primeiro ato da coreografia mostrou a lenda de Caramuru, o português náufrago que vira um ídolo para os índios

A tarde da última terça-feira (28) não foi um dia qualquer para mim. Os dedos suavam, o coração batia acelerado em frente à televisão. Era a apuração do Carnaval de São Paulo e as notas de comissão de frente seriam uma das primeiras a ser reveladas. O nervosismo tinha uma justificativa: pela primeira vez fiz parte de um elenco desses; pela primeira vez a avaliação dos jurados dizia muito sobre mim.

Minha participação foi na Unidos do Peruche, uma das mais tradicionais escolas de São Paulo. Assim como boa parte de nosso elenco, meu coreógrafo, Regis Santos, também fazia sua estreia no quesito, após anos à frente do Samba Cênico — grupo teatral respeitado da folia paulistana. E o trabalho desenvolvido tinha um objetivo: mexer com o público presente no Anhembi.

Não vou mentir: a caminhada para conquistar nossa meta não foi nem um pouco fácil.

Os ensaios começaram em julho de 2016. Eu me juntei ao grupo em setembro, já com a missão de “alcançar” os demais. Eram 36 pessoas, entre dançarinos e atores, número extremamente alto para o quesito. Quanto mais gente envolvida, maior a chance de dar errado. Vale lembrar que só podem aparecer em cena, no máximo, 15 artistas simultaneamente.


Quatro horas de muita maquiagem para fazer a minha versão de Dorival Caymmi
Quatro horas de muita maquiagem para fazer a minha versão de Dorival Caymmi

Os ensaios eram diários e aconteciam debaixo de chuva, de sol, de vento, do que tiver de ser. Afinal, ninguém controla as condições meteorológicas no dia do desfile. Família, amigos, projetos paralelos... tudo isso precisa entender que a prioridade é o Carnaval, por mais que isso seja dolorido para quem está envolvido nesse processo.

Os momentos antes de entrar na avenida foram tensos. Foram quatro horas de maquiagem. Alguns figurinos ficaram prontos minutos antes do início do desfile. Por mais que estivéssemos seguros das nossas marcas, havia elementos com os quais nunca tínhamos ensaiado. Tensão, tensão, tensão...


Mas aí começa o aquecimento da escola. O coração vai na boca. A barriga se contorce. A vontade de chorar aparece, mas, devido à maquiagem, ela precisa ser superada imediatamente. A bateria toca. As caixas de som emanam o grito de guerra. Os pelos ficam arrepiados. Chegou a nossa hora. Ou, como bradou o intérprete Toninho Penteado, “agora é com a gente”.

Eu não só tive a chance de participar de uma das mais importantes alas de um desfile, como tive a honra de interpretar Dorival Caymmi, um dos principais nomes da cultura de Salvador — enredo da Peruche — e do Brasil.


Nossa entrada na avenida foi acompanhada de gritos e aplausos. O público retribuía cada movimento que fazíamos com sorrisos e brilho no olho. Sem exageros: fomos ovacionados de uma ponta à outra da avenida.

O curioso, entretanto, é que só dá para ter essa consciência depois de passados alguns dias do desfile. Afinal, cada vez que voltávamos para o nosso elemento alegórico na avenida, a tensão tomava conta de tudo. E ficava com a gente até a hora de entrar em cena novamente. É um misto de sofrimento e realização inexplicável.

E é nesse contexto que me pego suando frio no momento da apuração. A primeira nota é um 10. Grito. Todos, aliás, gritamos e nos abraçamos. É a nossa estreia e nossa primeira nota é a máxima. As demais, foram 9,9. Unidos, comemoramos a nossa garra em ter chegado onde chegamos.

Para um time daquele tamanho, estreante, lutando contra a falta de recursos que afetou a maioria das escolas, foi um resultado incrível. Mas, mais importante que a nota, levarei os aplausos e os sorrisos. Para alguém acostumado a ficar atrás da notícia, camuflado nos bastidores, ter um dia de holofote no Carnaval foi inesquecível.

Ícones da Bahia, como Gilberto Gil, foram lembrados na comissão de frente da Unidos do Peruche
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