Ariano Suassuna era "um símbolo de resistência à americanização", diz jornal francês em perfil elogioso
Le Monde destaca trabalho do escritor para "dar ao Nordeste um valor universal"
Famosos e TV|Do R7
Um dos mais importantes jornais franceses, o Le Monde, destacou na edição desta terça (30) a perda de Ariano Suassuna. Segundo a publicação, o escritor que morreu em 23 de julho era um "símbolo de resistência à americanização" e "deu ao Nordeste um valor universal".
O modo como vivia em Recife — "em um casarão antigo que resistiu à especulação imobiliária, todo feito de madeira, tijolos e telhas" — mostrava a valorização da cultura popular, conforme descreve o jornal. Sempre vestido de branco, o acadêmico, poeta, romancista e dramaturgo se cercava por peças do artesanato popular, feitas de terracota por toda região do Nordeste como Tracunhaém, Caruaru e as carrancas do rio São Francisco.
Durante a infância no sertão nordestino, mais precisamento em Itaperoá, o escritor descobriu o "teatro de marionetes e a brincadeira poética improvisada pelos repentistas", elementos que influenciariam sua vida e sua obra para sempre.
Apesar da defesa do regionalismo, Suassuna se abriu para o mundo através da literatura de grandes como Cervantes, García Lorca, James Joyce Alexandre Dumas e "fez do Nordeste um valor universal".