'Às vezes, a ficha ainda não cai', diz assessora sobre Gugu Liberato
Esther Rocha e familiares relembram momentos vividos com o apresentador, que morreu há um ano, e falam sobre a campanha de doação de órgãos
Famosos e TV|Gabrielle Pedro, Do R7
Neste sábado (21), completa um ano que os familiares, amigos e fãs de Gugu Liberato se despediram do apresentador, que morreu após um acidente doméstico em casa em Orlando, nos Estados Unidos. Entre eles, está a assessora e amiga pessoal do comunicador, Esther Rocha, que ainda tem se mantido leal ao comunicador, com quem trabalhou por 27 anos.
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Ao R7, a jornalista conta que o último ano foi muito "muito triste" e que "às vezes, a ficha ainda não cai" em relação a tudo o que aconteceu. "Esse mês de novembro está sendo muito triste. A gente, quando perde alguém, fica sempre assim, tendo que se adaptar a vida sem aquela pessoa. Às vezes, a ficha ainda não cai, mas nós estamos tentando seguir em frente", diz Esther.
Ela explica ainda que a morte do intérprete de Louro José, Tom Veiga, no início do mês, trouxe à tona os mesmos sentimentos que teve com a partida de Gugu. "A morte do Tom trouxe de volta as mesmas sensações que tive no ano passado, de ter que lidar com algo tão inesperado."
Herança de Gugu
Apesar da carreira em frente das telinhas, o pai de João Augusto, de 19 anos, Marina e Sofia, ambas de 16 anos, sempre preservou a vida pessoal. No último ano, a partilha dos bens do apresentador - que corre em segredo de Justiça - levantou alguns rumores envolvendo o nome dele, mas que, para a assessora, estão longe de apagar tudo o que Gugu construiu nos últimos 30 anos na TV brasileira.
"Ele era uma pessoa muito simples e deixou tudo muito sólido. Com ele não tinha humor ruim, não tinha mistério", começa. "Quem amou, quem conheceu e quem conviveu com o Gugu não está preocupado com nada disso. Estamos focados em falar de coisas que façam bem para ele e para os filhos dele. Acho que é isso que ele faria e gostaria que se fizesse", relata.
Por isso, ela reitera a importância de lembrar dos feitos e marcos de quem considera "um irmão mais velho". "A carreira dele com programas de auditório faz parte de uma bela história que a gente só tem no Brasil. A TV não tem essa importância em outros lugares como tem aqui. Então, é uma história que representa a história da TV e a gente tem que preservar essas coisas, porque tem um valor inestimável", completa.
Família Liberato
Mas não é só a história na TV que a família Liberato pretende guardar de Gugu. "Meu pai foi uma pessoa muito generosa durante a vida e depois da morte. Uma pessoa humilde, de bom coração e honesta", disse João Augusto, primogênito do comunicador, na coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (19). "A gente saía, fazia brincadeiras, escutava música no carro, ia para o cinema, fazia caça ao tesouro, era sensacional. Com ele indo embora, nós paramos de fazer essas coisas, mas sabemos o quão generoso e importante foi a decisão dele de doar órgãos", completou.
Marina relembrou um outro lado artístico do pai. "Ele está sempre no nosso dia a dia, ele era muito artístico, fazia quadros de rolhas, eu também pinto e e fiz um quadro com ele. Todo dia que tenho aula de artes na escola lembro dele me ajudando, pintando comigo."
Os filhos ainda sentem a falta do pai, mas refletem que a partida de Gugu os fizeram se unir muito mais. "A gente tem vários porta-retratos do meu pai nos nosso quartos, toda hora que eu vou dormir dou um beijo no meu pai [no porta-retrato] e fico pensando toda noite sobre isso. Faz um ano que nosso pai faleceu e parece que foi ontem. Mas acho que isso trouxer uma coisa boa, fez eu, Sofia e João nos unirmos mais", relatou Sofia.
#GuguVive
Em homenagem à iniciativa do comunicador de se declarar um doador de órgãos, a família Liberato está promovendo a campanha "Gugu Vive" para incentivar as pessoas a seguirem o exemplo de Gugu declarando-se doadoras.
De acordo com a ação, mais de 41 mil pessoas aguardam por um órgão. Somente no primeiro semestre de 2020, 1.384 pessoas morreram durante essa espera. Segundo dados, a negativa familiar é um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no país. Uma das razões para essa recusa é a falta de conhecimento sobre o que é a morte encefálica, além de outros mitos relacionados à doação de órgãos.
A mãe de Gugu, Maria do Céu, admitiu, em entrevista aoJornal da Record, que demorou para autorizar a doação dos órgãos do filho, pois tinha medo que ele ficasse "deformado". Ela contou que uma equipe do hospital lhe ajudou a entender que ele ficaria idêntico como ele era.
"Eu nem queria assinar no começo para tirar os órgãos dele, por que eu tinha medo de que ele iria ficar deformado. Depois eles (a equipe médica e os irmãos de Gugu) falaram que ele queria doar e que ele ficaria igualzinho como era, aí eu disse que assinaria", afirmou Dona Maria do Céu.
"Por isso eu falo para as pessoas que quiserem doar, que elas não tenham medo de que a pessoa vá ficar deformada, porque não vai. Ela vai ficar igualzinha. No caso do Gugu, nem se notava que ele tinha tirado qualquer órgão", completou.
De acordo com Esther, a campanha surgiu porque todos os funcionários e familiares dele imaginam que essa seja uma vontade de Gugu. "Todo esse movimento que estamos criando em função da campanha foi porque todos pensaram 'o que o Gugu gostaria que a gente fizesse?'. Supomos que se ele estivesse aqui e tivesse a oportunidade de fazer algo, era isso o que ele faria", explicou.
Com um último pedido, a mãe de Gugu conta que quer muito encontrar a pessoa que recebeu o coração do filho. "A coisa que eu mais gostaria era encontrar essa pessoa [que recebeu o coração do Gugu]. Vendo essa pessoa, veria meu filho, então, eu vou fazer de tudo para achar essa pessoa", contou.