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Escritor e psicanalista Contardo Calligaris morre aos 72 anos em SP

Hospital Albert Einstein confirmou a informação nesta terça-feira (30). Filho Max Calligaris fez publicação em homenagem ao pai

Famosos e TV|Do R7, com Agência Estado

Escritor tinha 72 anos
Escritor tinha 72 anos

O escritor e psicanalista Contardo Calligaris morreu nesta terça-feira (30) aos 72 anos. A informação foi confirmada por Max Calligaris, filho dele, em publicação numa rede social e pelo Hospital Albert Eisntein, onde estava internado.

O filho do escritor fez, na tarde desta terça-feira, uma publicação no Instagram em homenagem ao pai. "Espero estar à altura. Diante da proximidade da morte, essa foi a frase do meu pai. Ele se foi agora. 1948-2021.", disse.

Nascido em Milão, em 2 de junho de 1948, Calligaris cresceu cercado pelos escombros da Segunda Guerra Mundial. Ele iniciou sua formação pelas áreas de letras e filosofia, estudou na Suíça e na França e viveu também em Nova York. Para ele, a psicanálise surgiu primeiro como tratamento, e só depois como profissão. Calligaris se formou na Escola Freudiana de Paris, presidida por Jacques Lacan (1901-1981). Em sua formação, ele também teve aulas com Roland Barthes (1915-1980) e Michel Foucault (1926-1984).

O escritor veio ao Brasil pela primeira vez em meados dos anos 1980 para o lançamento de seu primeiro livro de psicanálise: Hipótese Sobre o Fantasma. Foi convidado a voltar periodicamente, para encontros com profissionais. Pouco tempo depois, em 1989, fixou residência aqui e viveu suas últimas décadas em São Paulo, onde se dividia entre o consultório e a atividade intelectual.


Em um de seus livros, Hello, Brasil! e Outros Ensaios: Psicanálise da Estranha Civilização Brasileira, lançado originalmente em 1991 e depois em 2017, o psicanalista parte de uma investigação pessoal —justamente o que o fez deixar a França no fim dos anos 1980 para se mudar para o Brasil— para fazer uma espécie de análise do País, passando pela persistência da herança escravocrata até a corrupção política.

Ele é autor de vários outros livros na área de psicanálise. Um de seus maiores sucessos é Cartas a um Jovem Terapeuta: Reflexões para Psicoterapeutas, Aspirantes e Curiosos, que ganhou uma edição ampliada da Planeta em 2019, uma década depois de seu lançamento.


Desde 1999, Contardo Calligaris era colunista da Folha de S. Paulo. Pela coleção Folha Explica, da Publifolha, ele lançou um livro sobre a adolescência. Pelo selo Três Estrelas, saiu, em 2013, Todos os Reis Estão Nus, com uma seleção de seus melhores textos publicados no jornal.

Sua estreia no romance foi em 2008, com O Conto do Amor, pela Companhia das Letras. Nele, o autor brinca com elementos biográficos —o protagonista, Carlo Antonini, é um psicanalista com consultório em Nova York e filho de um pai engajado na resistência antifascista italiana— e tem como tema central a busca da identidade.


Calligaris retoma seu personagem em A Mulher de Vermelho, lançado em 2011 também pela Companhia das Letras. O romance mistura investigação psicanalítica e policial, passado e presente. Em uma entrevista concedida em 2015, o psicanalista contou que se voltaria mais uma vez a Carlo Antonini, num terceiro romance que abordaria a infância do personagem numa obra ainda mais autobiográfica. Não há previsão de publicação.

Os dois romances deram origem à série Psi, produzida pela HBO e que teve quatro temporadas (a mais recente é de 2018) que estão disponíveis na HBO Go. Psi foi criada pelo próprio autor e dirigida por Max Calligaris, seu filho, e por Marcus Baldini.

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