Jonathan Nemer é fenômeno na internet com humor "sem apelação"
Comediante acumula milhões de seguidores nas mídias sociais e se divide entre dois canais no YouTube e apresentações de stand up pelo Brasil
Famosos e TV|Ricardo Cruz, do R7*
De um vídeo despretensioso sobre a grávida de Taubaté, em 2012, a um humorista que acumula mais de 2,5 milhões de inscritos em apenas um dos canais no YouTube. O advogado Jonathan Nemer viu o anonimato dar lugar a uma carreira reconhecida a cada vídeo que viralizava na internet e, hoje, se orgulha em fazer humor "censura livre".
No começo, a intenção não era alcançar as milhões de visualizações na plataforma de vídeos, mas sim fazer os mais próximos darem risada. O que era para ser uma piada com a falsa grávida, é apontado pelo humorista como o pontapé inicial da trajetória como comediante — o vídeo soma quase três milhões de visualizações.
— Muita gente me pergunta o que fez a minha carreira decolar. Eu não acho que foi uma coisa determinante, uma coisa só, até por trabalhar com internet: cada vídeo que viraliza é um degrauzinho que sobe. O primeiro vídeo meu que viralizou foi o da grávida de quadrigêmeos de Taubaté, que eu fiz ironizando. O segundo, eu considero que foi o do trote do sequestro.
Da vontade inicial de fazer graça aos familiares e amigos, Jonathan fez a comédia virar coisa séria em 2012, quando criou, ao lado de Thiago Baldo, o canal Desconfinados. O projeto, que explora temáticas reais e cotidianas, trata com bom humor questões políticas, sociais e culturais. O conteúdo é acompanhando por mais de 3 milhões de inscritos no canal.
"Censura Livre"
Produções como Debi & Lóide, Ace Ventura: um maluco na África e Loucademia de Polícia são apontadas como fundamentais para a formação e construção de um humor sem apelação. Entretanto, fazer graça sem abusar de “palavrões” tem um preço.
— Eu cresci assistindo isso. Foi meio que uma escola. Tem filme que você vai assistir com a família, com seus pais, talvez com os seus filhos, com um conteúdo muito forte. Fica aquele climão, aquele constrangimento. E talvez esse conteúdo forte não deixa o conteúdo mais engraçado. Esse palavrão nem sempre vai deixar mais engraçado. Dá para fazer um conteúdo censura livre e é um desafio ainda maior ser engraçado dessa forma.
Não raro, o humor está sujeito a questionamentos e reivindicações de grupos sociais historicamente oprimidos. Essa realidade, que se faz presente no campo da liberdade de expressão, ajuda na composição dos limites que Jonathan impõe ao trabalho. A própria família serve de termômetro na definição do que pode ou não ser dito na hora de fazer piada.
— O limite é subjetivo. Cada pessoa tem um limite. O meu canal, sendo de censura livre, para toda a família, tem gente que vê vídeo e fica ofendido. Tem gente que vê vídeo ali e acha absurdo. Então, é difícil. É uma coisa muito pessoal. Se tem algo que eu falaria para os meus pais, para a minha mãe, para a minha vó, para a minha tia, para a minha irmã, eu vou gravar. Esse é o meu limite.
Relação com os fãs
Nemer, embora faça apresentações de stand up pelo Brasil, nasceu e se fez na internet. Hoje, com dois canais no YouTube, o pessoal e o Desconfinados, o comediante está presente nas principais mídias sociais. É nesse terreno que ele reserva um momento para tentar interagir com os milhões de internautas que o acompanham diariamente.
— Todo dia eu tiro uma parte do dia para responder os comentários. É que são muitos. Hoje tem YouTube, dois canais, duas páginas no Facebook e duas no Instagram. Em todos eles têm a opção da pessoa mandar mensagens ou fazer um comentário. Infelizmente não dá para me relacionar com todo mundo. Eu sou muito grato ao público.
A troca com o público é o objeto e ao mesmo tempo o combustível para a construção do humor. Jonathan Nemer acredita que a relação com os fãs, seja virtual ou nos shows que faz pelo País, é a chave para o sucesso e manutenção da criatividade para continuar produzindo ao longo dos anos.
— A intenção é fazer com que a pessoa se identifique com a situação, se ver ali. Achar engraçado. Coisas que ela já passou, imaginou, mas nunca ninguém falou, nunca ninguém riu daquilo. Tem gente que me segue na internet e nem sabia que eu fazia shows e, de reprende, e vai assistir e fala: ‘Cara, você é muito melhor no show que na internet’. Ou vai ao show e depois começa a me seguir na internet.
Confira um dos vídeos do canal Desconfinados
*Estagiário do R7, sob supervisão de Thiago Calil