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R7 Música

Arthur Verocai faz declaração de amor ao Rio de Janeiro com o álbum "No voo do Urubu"

Disco está cheio de participações especiais; os shows de lançamento são neste final de semana

Música|Juca Guimarães e Peu Araújo, do R7

Verocai está lançando o novo disco "No Voo do Urubu"
Verocai está lançando o novo disco "No Voo do Urubu"

O arranjador, compositor, letrista e cantor Arthur Verocai está de volta com um álbum surpreendente. No voo do Urubu, lançado pelo Selo Sesc, é uma obra extraordinária que arrebata e provoca um estado de alegria plena no espírito já na primeira audição.

Reverenciado por grandes nomes da música e capaz de criar em qualquer estilo musical, Verocai produziu importantes álbuns como Agora, do Ivan Lins, e Negro é Lindo, de Jorge Ben, além de ter trabalhado com nomes como Elizeth Cardoso, Gal Costa, Quarteto em Cy, MPB 4, Célia, Marcos Valle. O maestro encara a música não apenas como um ofício, mas como um sentido para a vida.

— Faço música sempre. Estou sempre compondo. Não fiz nenhuma especificamente para este disco. Tenho uma gaveta cheia de composições, um baú cheio, nem sei quantas são. Quando surgiu a proposta do projeto, separei algumas e convidei alguns parceiros.

O disco tem participações de Mano Brown, Seu Jorge, Danilo Caymmi, Lu Oliveira, Paulinho Tapajós, Criolo e Vinícius Cantuária, entre outros.


— Foram convites que surgiram naturalmente. Cada música tem uma identificação com o convidado. Por exemplo, tinha uma que eu achava que era a cara do Danilo Caymmi, chamei ele aqui em casa e toquei. Sem que eu dissesse nada, ele falou: 'Essa música é a minha cara'. Foi assim.

O título do álbum é fruto de uma imagem criada pelo compositor sobre a sua relação de amor e nostalgia com a cidade do Rio de Janeiro.


— O urubu é um animal incrível, imponente e majestoso. Eles voam com poucas batidas de asas e ficam planando pelas correntes termais. É mais ou menos como faz a asa-delta. Na letra dessa música eu falo desse voo e da paisagem vista lá de cima. É o Rio da minha infância e adolescência, quando ainda se podia pegar siri na Baía de Guanabara.

Nas asas desse urubu, Verocai se embrenha em vários estilos musicais caprichando e esbanjando nos arranjos. Como poucos, ele sabe tirar o melhor resultado dos convidados compondo obras primas sob medida. É como se a música te desse um abraço, cada uma delas de um jeito diferente.


Verocai cresceu no bairro da Urca rodeado de imagens exuberante de uma natureza que já não existe mais.

— É uma pena ver a Guanabara hoje. A prefeitura fez aquele oba-oba todo com a promessa que iriam despoluir, porém não aconteceu nada.

A leitura do livro A Conquista do Brasil, do jornalista Thales Guaracy, sobre o Rio de Janeiro do século 17, ajudou Verocai a compor a imagem da cidade esplendorosa retratada no álbum.

— O Rio era um lugar incrível. A Guanabara era um ponto de reprodução de baleias. O sol, a arquitetura os animais. Era tanta beleza que deixava todo mundo encantado.

Além da inspiração para o álbum, o Rio também foi palco para o encontro dos parceiros.

— O Seu Jorge é um artista extraordinário e tem uma das melhores vozes do Rio. Eu tinha uma vontade grande fazer música com ele. O Vinícius Cantuária é um grande amigo. Jogávamos futebol juntos. Além disso, fui arranjador do disco do Terço, no começo dos anos 80, quando ele estava começando na bateria.

No encarte do CD, o jornalista Ruy Castro diz que Verocai é generoso. “Numa música popular tão carente de cordas e metais, como a nossa, ele nos serve fartas porções de ambos. Em outros tempos, a faixa No Voo do Urubu, com sua vibrante enumeração de postais do Rio, tocaria dia e noite no rádio, e a belíssima Minha Terra Tem Palmeiras, com letra do falecido Paulinho Tapajós, logo seria elevada à categoria de clássico. Mas como vivemos na vida real, resta-nos o privilégio de sermos os poucos e felizes a poder escutar essas grandes canções”, escreveu.

Ouça aqui a íntegra do álbum (veja também ao final).

Rappers

Arthur Verocai e o rapper Criolo em estúdio
Arthur Verocai e o rapper Criolo em estúdio

O álbum tem também as participações especiais dos rappers Criolo e Mano Brown, dois músicos que foram arrebatados pelo talento musical do Verocai.

— Não sei por qual motivo, mas existe uma geração inteira de jovens músicos de rap que apreciam muito um álbum que fiz em 1972. Eles gostam muito das músicas e criaram um carinho grande por mim também. São coisas que só a música explica. Um dia o Criolo me telefonou e se apresentou como um grande fã. Depois ele veio em casa e conversamos muito, falamos muito de música. Ficamos amigos. Daí, sempre que ele vinha ao Rio, aproveitava para me visitar. Depois ele falou com o Mano Brown que também veio aqui em casa. Também conversamos muito e ficamos amigos.

Na próxima sexta (16) e sábado (17), Verocai se apresenta no Sesc Pinheiros, às 21h, para o show de lançamento do álbum No voo do Urubu com as participações de Mano Brown, Criolo e Lu Oliveira. Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). 

O álbum de 1972

O maestro, músico e arranjador Arthur Verocai estava começando a se destacar nos estúdios do Rio de Janeiro. Em 1971, produziu o álbum Agora, do Ivan Lins, com forte influência do soul americano, fez os arranjos para o LP Negro é Lindo do carioca Jorge Ben, hoje Jor, fez a produção de dois discos da Célia e por causa da cantora surgiu a oportunidade de fazer o seu primeiro trabalho solo com 27 anos.

O álbum teve uma ficha técnica luxuosa. Entre os participantes tinha o percussionista Pedro Santos, o cantor Carlos Dafé, a própria Célia, Oberdan Magalhães, da Banda Black Rio, entre outros grandes músicos da época. Com arranjos grandiosos, o LP, chamado Arthur Verocai, se tornou um clássico da música brasileira e foi relançado pela Polysom há alguns anos.

Lançado em 1972, o álbum não vendeu praticamente nada e foi recolhido pela gravadora. Verocai também se recolheu e foi trabalhar com publicidade, fazer jingles e criar seus filhos. O LP só voltou aos holofotes muitos anos depois quando o rapper Ludacris sampleou um trecho da música Na Boca do Sol para a faixa Do the Right Thang, com participação de Spike Lee. O grupo Little Brother usou pedaços de Caboclo e foram seguidos por outros produtores. O álbum começou a ser muito requisitado em lojas de discos e o nome do compositor voltou aos holofotes. Em 2009, Verocai lotou o Luckman Theater, em Los Angeles, com uma apresentação para 1.200 pessoas.

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