Autor de 'Apelido Carinhoso' diz que hit rendeu "dinheiro tentador"
Agora investindo também em carreira como cantor, Angelim fala que é possível viver só de composição no Brasil atualmente
Música|Helder Maldonado, do R7

É muito provável que você tenha escutado uma música de autoria de Angelim, mesmo sem ter ouvido falar sobre o compositor. É ele o nome por trás de sucessos como Ressentimento, de Jads e Jadson, Seu Polícia, de Zé Neto e Cristiano, Coração Calejado, de Jorge e Mateus, e Apelido Carinhoso, de Gusttavo Lima.
Por acertar a mão em tantos singles seguidos, com apenas 30 anos ele entrou para o time dos compositores mais bem-sucedidos e requisitados do sertanejo nesta década.
Mas agora Angelim quer brilhar também como cantor. Ele explica que mesmo antes de ter sido gravado pelos principais nomes do estilo, já pensava em ter uma carreira artística, mas não tinha encontrado oportunidades.
Com a garantia de que é um compositor radiofônico, ele foi contratado pela ArtinVox para dar início a esse sonho.
— Minha primeira opção era ser cantor. Mas como não encontrava espaço, cedi músicas minhas para intérpretes que eu acreditava ter condições para converter minhas composições em sucessos. Deu certo. E isso abriu portas e fez o mercado acreditar em mim também como cantor. Foi o caminho que tive à disposição. Afinal, eu provei que tenho potencial para o sucesso.
Em dois anos, Angelim lançou um DVD e um CD. Mas não deixou também de ceder músicas para outros cantores. Ele garante que não tem ciúmes nem arrependimentos de dividir suas criações.
Mesmo quando a música é um sucesso estrondoso, como Apelido Carinhoso, de Gusttavo Lima. Lançada em 2017, a faixa tem mais de 300 milhões de visualizações no YouTube e já é um dos maiores sucessos da carreira do cantor mineiro.
Segundo Angelim, não há nenhum problema de não ser ele a voz por trás. Esse é o tipo de hit que gera uma renda para qualquer compositor fazer investimentos que assegura até uma aposentadoria ou pelo menos uns quatro anos de uma vida com bom padrão social.
— Hoje é possível viver bem sendo só compositor. Mas é um dinheiro tentador. Ao mesmo tempo que tem gente que se aposenta ao emplacar um sucesso, há quem gaste tudo em um mês também. Vai da pessoa saber lidar com a fama e a grana. Uns quatro anos, pelo menos, dá pra viver.

Angelim credita os sucessos dessas composições à escolha de se distanciar de temas batidos, como memes de redes sociais e assuntos que estão na moda. Para ele, é o eterno romantismo que gera boas músicas.
— Muita gente que compõe sobre algo que está em moda cria letras efemêras e serão esquecidas rapidamente. Eu quero compor algo que vai ser ouvido daqui dez anos sem envelhecer mal. O amor, as relações, ainda são temas que mais garantem isso.
O cantor explica que escreve o que também gostaria de ouvir. E que tenta ao máximo não seguir a linha "compositor-leilão", que envia as músicas para vários escritórios e depois cria uma disputa para ver quem paga mais pela criação.
— Eu só mando para quem eu acho que a voz casaria bem. Se não der, não deu. E às vezes, essa pessoa é algum artista que admiro e tenho certeza que faria uma gravação até melhor que eu.
No entanto, os próximos meses serão focados em compor para um próximo material e realizar shows pelo Brasil. Angelim diz que deseja aproveitar o momento romântico do sertanejo para emplacar novos hits, dessa vez com a sua voz.
— Passamos por momentos em que as músicas eram ruins, descartáveis, no começo da década. Mas essa época felizmente passou. É um período para quem gosta de fazer balada romântica e não só música para tocar em festa. Fazia tempo que não vivíamos uma fase tão boa.