Baixista do Planet Hemp lança trabalho de projeto paralelo
Além de participar da famosa banda desde os anos 90, Formigão gravou segundo disco com o trio Ladrão. Veja faixa-a-faixa do EP Demo Cracia
Música|Daniel Vaughan, do R7

Formigão, mais conhecido pelo trabalho como baixista do Planet Hemp, está lançando novo CD do projeto paralelo, Ladrão. As letras do EP Demo Cracia (Monstro Discos) trazem histórias divertidas do cotidiano e críticas sociais.
O baixista, que ainda continua na banda famosa desde os anos 90, gravou o segundo CD com os amigos Daniel Vitarelli (bateria e vocal) e Farrah Sento Sé (guitarra). Se desdobrando entre a agenda apertada do Planet, Formigão aproveita para explorar sonoridades diferentes no trio, como as influências de punk rock e eletrônico.
— Nos assemelhamos em alguns pontos que abordamos, como questões políticas e desfalques sociais. Mas existe uma grande diferença entre as bandas, tanto sonoramente quanto na postura. Damos prioridade a outros temas na Ladrão.
O R7 conversou com Formigão para saber mais sobre a Ladrão e o Planet Hemp. Veja os destaques do bate-papo.
R7 — Quais são os principais temas de Demo Cracia?
Formigão — O cenário político dos últimos 30 anos está nesse disco. E também falamos de um mundo dividido entre guerras, ditaduras do corporativismo, capitalismo selvagem, alienação digital, novas tecnologias...
"O mundo está dividido entre guerras e capitalismo selvagem"
R7 — Como você divide o tempo entre o Planet e a Ladrão?
Formigão — O Planet faz bastante shows, então vou tentando encaixar a banda Ladrão na agenda. É correria, mas adoro estar no palco!

R7 — E como você compara os dois trabalhos?
Formigão — Nos assemelhamos em alguns pontos que abordamos, como questões políticas e desfalques sociais. Mas há uma grande diferença entre as bandas, tanto sonoramente quanto na postura. Damos prioridade a outros temas na Ladrão.
R7 — O Planet Hemp trouxe à tona, de forma popular, um debate sobre a legalização da maconha. O que mudou desde o começo da carreira de vocês?
Formigão — O tema e o debate se popularizaram, mas não mudou muita coisa. Para haver legalização existe primeiro a necessidade de evoluirmos muito na educação do nosso povo e investimentos na saúde pública. Droga não é problema de segurança pública, é de saúde.
"O tema sobre a maconha se popularizou%2C mas não mudou muita coisa desde o começo do Planet"
R7 — E faz 20 anos que o Planet Hemp foi preso por apologia às drogas.
Formigão — Me recordo disso mais pelos relatos, conversas e vídeos da época... mas realmente foi uma situação que mudou os rumos da banda e do discurso sobre a liberdade de expressão no Brasil.
R7 — Existe alguma chance do Planet gravar um novo disco?
Formigão — Conversamos sobre, mas não temos nada concreto. Tudo pode acontecer. Acompanhem os próximos capítulos! (risos)
R7 — E quais são os próximos planos da banda Ladrão?
Formigão — Temos uma agenda de shows bem legal e estamos felizes pela evolução do trabalho. Além disso, a parceria com o selo Monstro Discos tem aberto portas para nós. É um recomeço e muita coisa boa pode pintar por aí.
Confira faixa a faixa comentada do EP Demo Cracia:
O Preço:
— Acho que o forte é o sincronismo simples do riff com a batera, samplers e o silêncio que divide isso tudo. A letra fala desse sentimento que temos em relação a política e como as pessoas das classes mais favorecidas tratam os que os servem e que existem realmente pessoas honestas, que não largam sua integridade por nenhum dinheiro.
Poesia de Liquidificador:
— Uma das músicas mais antigas da Ladrão. Foi feita em 2004. A letra fala da mistura de tudo que a gente gosta: literatura, arte, cinema, TV, e de se pensar positivo, ir pra frente e vencer!
Ijexá:
— Uma música que usa um atabaque pequeno, mas sem emendas. É um tronco escavado mesmo, pele de boi. Foi emprestado por um professor de capoeira do Daniel e tocado por ele, nosso baterista. A letra fala dos mestres antigos de capoeira e cita trechos da música Capoeira, do Jorge Ben Jor, além de uma linha de baixo bem grave e cíclica com uma guitarra bem-pesada e solos improvisados do nosso guitarrista, Farrrah Sento Sé.
Bowie:
— É uma homenagem ao David Bowie, que foi feita por nós antes de sua morte. Usamos samplers da música I'm Afraid of Americans, gravada em parceria por Bowie, Brian Eno e Nine Inch Nails.
Ódio às TVs:
— É uma música da Coquetel Molotov, dos anos 80. Nossa homenagem a banda skate punk do Rio, uma das precursoras do gênero!