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Com apetite voraz, Djonga mostra aos fãs que sua fome é insaciável

Na véspera do Dia da Consciência Negra, rapper transformou palco em espaço-manifesto e reafirmou que a nova fase artística se alimenta de raízes, memória e reinvenção

Música|Douglas Oliveira, do R7

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Djonga se apresentou nesta quarta-feira (19) Marcos Oliveira @marcosoliveirapht/ Espaço Unimed @espacounimed

O rapper Djonga apresentou, na quarta-feira (19), um show histórico da turnê Quanto Mais Eu Como, Mais Fome Eu Sinto — álbum indicado ao Grammy Latino como Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa. A escolha da data não foi aleatória: na véspera do Dia da Consciência Negra, o mineiro transformou o palco em um lembrete de que a arte preta é fonte de memória, ferramenta de educação e combustível de engajamento social.

No Espaço Unimed, Djonga recebeu Marina Sena, Dexter, Budah, Vulgo FK, Febem, RT Mallone e Samuel Rosa, construindo uma espécie de banquete musical onde cada convidado temperou a noite com seu próprio sabor.


A apresentação não foi apenas um show — foi uma travessia cênica. Telões, transições, silêncios calculados e performers compuseram uma narrativa em camadas, como se cada música fosse um capítulo de uma peça teatral. Os temas que atravessam o repertório — questões sociais, raciais, afetivas, masculinidade, cura, família, pertencimento — ganhavam forma diante do público, criando uma atmosfera em que som e imagem eram indissociáveis.

Djonga conduziu a plateia como um maestro que conhece cada respiração de sua orquestra. Em troca, recebeu um coro ensurdecedor: fãs que cantavam com a força de quem encontra em suas letras um espaço de desabafo, protesto e sobrevivência cotidiana. Era como se cada refrão fosse uma chave para liberar uma pressão que o Brasil insiste em acumular.


A fome que um dia impulsionou Djonga à sobrevivência hoje é outra: não se trata mais de prato vazio, mas de espírito cheio. Ele mastiga dificuldades, engole críticas e se alimenta das próprias raízes para seguir se reinventando. Sua fome é metafísica — uma inquietação que não sacia, que move, que arde. Um apetite pelo novo, pela superação, pela arte que transforma.

Com 12 faixas, o disco funciona como um espelho do país: duro, honesto e impossível de ignorar. Entre dores, escassez e depressão, o artista caminha também por territórios de resiliência, afeto e triunfo. Seu lirismo afiado encontra uma produção musical robusta, que consolida o rap não apenas como gênero, mas como força vital dentro da música popular brasileira.

Com apetite voraz, Djonga mostra aos fãs que sua fome é insaciável — uma força que transborda do disco para o palco. O álbum deixa claro que o rapper não se contenta com migalhas criativas: ele segue devorando limites, triturando velhas versões de si mesmo e servindo ao público uma arte que cresce, se expande e nunca deixa de surpreender.

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