Conheça Alt Niss, cantora que é aposta da produtora dos Racionais
Fazendo composições próprias e cheia de estilo, artista paulistana está se destacando no R&B brasileiro com o primeiro EP, 'A Linha Tênue'
Música|Daniel Vaughan, do R7

Eunice Santiago Albertini, mais conhecida como Alt Niss, está se destacando no R&B brasileiro. Ela acaba de lançar o primeiro EP, A Linha Tênue, pela produtora dos Racionais MCs.
A cantora paulistana dá mais detalhes do disco, que trazem canções próprias como Só O Que Eu Quiser (ouça abaixo), Minhas Águas e Só Eu.
— O disco tem um pouco de tudo que eu gosto: trap, house, Lo-fi, referências de synth pop... é muito eu.
Ela também diz que, apesar de se considerar parte do gênero R&B, curte fazer misturas musicais.
— Minha cabeça é bem alternativa. Tenho privilégio de ter uma voz que se encaixa muito bem em alguns gêneros. E esse contraponto me agrada muito, que é trazer vocais de R&B para vertentes eletrônicas e mais alternativas.
R7 — Como surgiu o convite da produtora dos Racionais MCs?
Alt Niss — O convite para entrar na produtora veio através do Jorge e Eliane Dias (filho e esposa de Mano Brown, que gerenciam a Boogie Naipe). Soube que eles mostraram coisas minhas para o Brown, ele curtiu e apoiou minha entrada. O Brown "colou" no meu show e foi uma sensação que, na real, ainda não "caiu a ficha". O Kl Jay também vem falando muito de mim em entrevistas e tem tocado minhas músicas no seus sets. E isso foi totalmente espontâneo, porque quem conhece um pouco do KL, sabe que ele só toca o que gosta. E isso enche meu coração, porque sou muito fã.

R7 — Qual foi a sensação de gravar o primeiro EP?
Alt Niss — A parte mais difícil foi reunir o repertório e dar liga nas músicas. E, principalmente, por ser meu primeiro disco, eu tinha um sentimento de não poder errar. Já tinha algumas composições e outras eram antigas, porém, dei uma nova roupagem. Então, sentei com a Boogie Naipe [produtora dos Racionais MCs] para bater o martelo e ir para o estúdio trabalhar nas faixas de A Linha Tênue.
R7 — Os fãs estão curtindo o trabalho?
Alt Niss — Estou muito satisfeita com o resultado e o público está reagindo bem. Também está chegando gente nova por conta da sonoridade ser um pouco diferente do que eu já havia feito. Estou feliz.
R7 — Como você define seu som?
Alt Niss — Eu me considero uma cantora de R&B, mas minha cabeça é bem alternativa. Tenho privilégio de ter uma voz que se encaixa muito bem em outros gêneros. E esse contraponto me agrada muito, que é trazer vocais de R&B para vertentes eletrônicas e mais alternativas. Não sei se conseguiria colocar a Alt Niss "numa prateleira", mas se tivesse que fazer, diria que é algo entre R&B, pop e alternativo.
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R7 — Como você se tornou compositora?
Alt Niss — Comecei a compor ainda criança, já fazia poesia. E, depois, aprendi a musicar, encaixar melodia, ajeitar métrica. Não toco nenhum instrumento, então sempre usei beats como apoio. Escrevo todas minhas músicas e, pela primeira vez, me abri para compor com alguém no EP. A faixa Da Sul Pro Mundo foi feita com o Geenuino (rapper e produtor), porque gostaria de deixar a composição completa e mais popular.

R7 — Além da música, dá para perceber que você tem uma ligação forte com o mundo da moda.
Alt Niss — Eu tenho uma stylist que me acompanha há uns dois anos em clipes, fotos e shows. Ela virou minha amiga e me conhece bem. Tenho minha personalidade, então ela organiza isso e sugere coisas na "vibe". Gosto de moda, mas nunca fui a fundo, apenas tento me expressar através dela. E diria que minhas inspirações no look são 80% de artistas da música negra ao redor do mundo.
R7 — Para finalizar, faça um top 5 de cantoras que você curte.
Alt Niss — Cinco é muito difícil, mas vou destacar alguns nomes, sem ordem exata:
1 - Clara Nunes. Uma das maiores vozes do Brasil e de uma energia que arrepia dos pés à cabeça. Ouço muito. Não fui contemporânea mas aprendo muito ouvindo. A espiritualidade e a forma que ela a interpretava nas musicas é uma grande inspiração para mim.
2 - Elis Regina. Uma das maiores do mundo para mim. A Elis era a mais visceral, a melhor interpretação. Ela colocava todas as dores pra fora pela voz. É impressionante o que ela fazia. Eu fico muito emocionada toda vez que vejo e ouço qualquer coisa da Elis.
3 - Whitney Houston. Minha primeira professora. A maior. Sincera. Viveu de forma intensa. Pagou um preço alto por ser quem foi. E foi gigante!
4 - Erykah Badu. É uma entidade para mim. Ela não é humana, é outra parada. E de peixes. Nunca vai haver uma artista que chegue perto do que é Erykah Badu.
5 - Kelela. Da nova geração, talvez seja minha preferida. Ela é o que eu queria ser na música. Kelela é a síntese do que eu mais amo fazendo música. É o espírito do tempo. Perfeita.