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Em show na madrugada, De La Soul sacode sono e chacoalha público em SP

Trio de hip hop voltou à cidade nove anos depois de rápida apresentação em festival

Música|Amanda Mont'Alvão Veloso, do R7

Mesmo começando show quase às 3h, trio manteve público aceso durante apresentação
Mesmo começando show quase às 3h, trio manteve público aceso durante apresentação

Só podia ser no sábado. Por mais que os ingressos anunciassem um show do De La Soul em São Paulo, na Audio Club, na última sexta-feira (25), Vincent Mason, Kelvin Mercer e Dave Jolicour só poderiam subir no palco em seu dia preferido, conforme denunciado pela introdução do trio à música A Roller Skating Jam Named Saturdays.

Eram 2h35 quando Mason, o encantador de beats conhecido como Dj Maseo, subiu para recolher as oferendas das 2.500 pessoas que lotavam a Audio Club, na comemoração de 12 anos da festa Chocolate, para reverenciar um dos melhores nomes do hip hop dos anos 90.

Na sequência vieram Mercer e Jolicour, nitidamente dispostos a varrer qualquer sono que ousasse se manifestar sobre a plateia, que ali estava desde as 22h e já havia correspondido às rimas dos brasileiros Kamau, Flora Matos e Don L, entre outros notadamente alunos exemplares da sonoridade.

O De La Soul, visto pela última vez nas terras brasileiras em 2005, chegou a se desculpar por demorar a voltar ao país. As desculpas pareceram genuínas: Mercer, Jolicour e Mason deliravam com a interação do público, que devolvia, aos gritos, os ritmos e flows de Stakes is High, Ring Ring Ring, Saturdaze/Me e a grande marca do trio, a debochada Me, Myself and I. Sem cortes, como um explosivo plano-sequência, o show transcorreu em menos de uma hora, mas foi reforçado pelo bis.


Bem na frente, um fã estendia a capa de 3 Feet High And Rising (1989), o influente disco de estreia, para um autógrafo. O pedido foi prontamente atendido pelos três, que deixaram sua assinatura em uma obra que jogou brilhantismo e leveza no hip hop, mas que também rendeu problemas. De autores de uma colagem inusitada entre o progressivo do Led Zeppelin e o discurso sem rodeios do hip hop, o De La Soul passou a se tornar devedor de direitos autorais por conta dos samples extraídos de músicas de outros artistas. Nessa fagocitose, em que uma arte se alimenta da outra, a música evoluiu criativamente, se fragmentou e chegou a mais ouvintes, mas sua indústria se encolheu pelas próprias dúvidas de como gerenciar um negócio que já está mais ligado ao virtual do que ao físico.

E no palco amplo, porém mal equalizado, oferecido ao trio, o De La Soul mostrou que a permanência de sua música em outras gerações tem mais a ver com sua entrega ao vivo do que com sua distribuição formal, por meio de vinil e CDs. Quem já conhecia, quis reafirmar o quanto gostava. Quem era marinheiro de primeira viagem, voltou pra casa com uma nova trilha sonora. Somados, eles dão milhares de consumidores de shows. E nessa de fazer turnê 25 anos depois de aparecer pela primeira vez, o De La Soul demonstra que ainda faz a roda girar em seu favor.

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