Em uma mistura de nacionalidades e ritmos, Ultra Music Festival leva 170 mil pessoas ao centro de Miami
Evento é um dos mais prestigiados no cenário eletrônico e desembarca no Brasil em outubro
Música|Fernando Mellis, do R7*, em Miami

Sol, calor e muita festa. É isso que você pode esperar se viajar a Miami durante a Miami Music Week, que acontece todo mês de março. O principal evento é, sem dúvidas, o Ultra Music Festival. Neste ano, ele chegou à 17ª edição, levando cerca de 170 mil pessoas ao Bayfront Park, no coração da cidade.
Com oito palcos e mais de 200 DJs, o UMF é considerado um dos maiores festivais do gênero em todo o mundo. Ao cruzar os portões, pessoas de 87 nacionalidades levantavam suas bandeiras: Japão, Coreia do Sul, México, Espanha, França, Austrália, Chile, Argentina, Inglaterra... Todos estavam lá por pelo menos uma paixão em comum: a música.
O palco principal, o Mainstage, ficou reservado para os grandes nomes da atualidade. Martin Garrix, Hardwell e Knife Party foram os responsáveis por fechar cada dia do festival – sexta, sábado e domingo, respectivamente. Garrix não fugiu do seu estilo característico e proporcionou uma grande festa, o set foi recheado de novas músicas, com destaque para “Lions In The Wild”, que abriu a apresentação e a também nova “Now That I’ve Found You”, com John & Michel, que fechou a performance.
Já Hardwell reproduziu um set muito elogiado pela crítica especializada. Até mesmo entre os fãs, o show foi digno de “melhor do mundo”, posto que ele perdeu no ano passado para Dimitri Vegas & Like Mike. No show em Miami, Hardwell tocou diversas colaborações, como “Get Down”, com Yellow Claw, “Going Crazy”, com o Blasterjaxx, e “No Holding Back”, com a voz de Craig David.
Outro destaque do Mainstage foi o show de Tiësto, com duração maior do que a maioria dos outros artistas: uma hora e meia. O DJ holandês abriu a apresentação com a cantora Vassy interpretando ao vivo “Secrets”. Também se apresentou ao vivo o cantor Parson James, que gravou a música "Stole The Show" com o DJ norueguês Kygo.
Ainda no sábado, o palco principal foi aberto pelo DJ brasileiro Alok, nome que tem se destacado no cenário internacional. Ele tocou por volta das 13h, quando muita gente ainda estava chegando ao Bayfront Park, mas cravou a bandeira brasileira no Ultra, que estará no Rio de Janeiro, nos dias 14 e 15 de outubro deste ano.
No último dia do evento, um nome bastante conhecido no meio eletrônico e também pop, David Guetta, esteve entre os destaques do palco principal. O francês tocou grandes sucessos, como “Bad” e “Shot Me Down”. Também tocaram Zedd, Robin Schulz e Galantis.
A grande dificuldade de quem foi aos três dias de Ultra foi conseguir conciliar todos os DJs que se apresentavam em diferentes palcos. O evento tem um aplicativo para smartphone que permite criar uma programação e até compartilhá-la com os amigos. Isso ajudou muita gente, mas ainda assim correr entre um palco e outro se tornou uma tarefa obrigatória para não perder nenhum show.
Mesmo assim, quem estava lá não queria perder um segundo sequer de festa. Afinal, o ingresso não é barato. Este ano, as entradas para os três dias (não são vendidos dias avulsos) custavam entre US$ 220 e US$ 400 (R$ 880 e R$ 1.600) e se esgotaram quase dois meses antes, no dia 21 de janeiro. Os ingressos VIP continuaram à venda, mas por um preço bem mais salgado: US$ 1.500 (R$ 6.000).

Experiência
Festivais desse tamanho em todo o mundo costumam ficar fora dos centros urbanos. Em Miami isso não acontece e dá um clima totalmente diferente ao evento. A música, os prédios residenciais e comerciais do cetro financeiro e o mar formam uma combinação que só existe no Ultra Miami.
Por essa razão, chegar ao UMF acaba sendo uma tarefa fácil. O monotrilho que corta o centro de Miami conecta as linhas de ônibus e trem que levam a diversas regiões da cidade. Ir e voltar de transporte público de South Beach (local escolhido por muita gente para se hospedar) ao centro levava em média 40 minutos. O preço era o de uma passagem de ônibus: US$ 2,25.
O transporte público é uma ótima opção, mas não é a única. Os aplicativos Uber e Lyft têm motoristas por preços que saem mais barato do que os táxis. No primeiro dia, uma corrida de 7 km com o Uber pool (que compartilha o carro com outros usuários) saiu por menos de US$ 5.
Entre os brasileiros, tem gente que já se programa para estar presente em todas as edições. É o caso do empresário Anderson Vieira. Ele frequenta o evento desde 2013.
— É maravilhoso, não só pela música, mas o conjunto de tudo aqui. As pessoas vêm para se divertir, você não vê brigas, gente passando mal de drogas ou bebida e essas coisas que são comuns em festivais assim. Vamos nos programar para voltar no ano que vem.
De fato, os atendimentos médicos foram considerados baixos pelos bombeiros: menos de 20 pessoas socorridas a hospitais por dia. O evento registrou ainda 67 prisões, quase metade delas relacionadas com porte ou tráfico de drogas. Os números, tanto de atendimentos médicos quanto de prisões, vêm caindo ano após ano desde 2012.
Diferente do que acontece no Brasil, de que os eventos contratam seguranças privados, no Ultra há policiais e bombeiros circulando por todas as partes, o que transmite uma sensação de segurança extra.
Os preços lá dentro podem assustar a nós brasileiros, pela atual cotação, mas são esperados para um evento desses, nos EUA. Água a US$ 5 (mas se você tivesse um recipiente, era possível conseguir de graça); a cerveja saía por US$ 8; uma lata de energético com uma dose de vodca, US$ 12.
Planejando
O Ultra 2017 já tem data marcada: 24, 25 e 26 de março. Se você pretende ir, uma dica: antecedência. Inscreva-se para a pré-venda de ingressos. Também esteja ciente que em cima do valor em dólar você pagará IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6,38%, algo que vai encarecer o valor final.
Os melhores lugares para se hospedar são: Downtown, Brickell e South Beach. Porém, também são os mais disputados por quem vai ao evento. O ideal é reservar algo o quanto antes. Além dos hotéis, vale conferir opções como o Airbnb, bem mais em conta para quem viaja com orçamento apertado.
Se seguirem a tendência dos últimos 12 meses, as passagens para os EUA devem continuar acessíveis. Neste ano, em janeiro, ainda era possível encontrar voos diretos entre São Paulo e Miami por R$ 1.300, ida e volta. Comece a procurar o quanto antes.
Uma dúvida que muita gente tem é: quanto levar de dinheiro? O evento dura três dias e você vai precisar, algumas vezes, alimentar-se lá dentro ou nas proximidades. Entre US$ 80 e US$ 100 por dia é um valor a ser considerado.
O Ultra não permite bolsas ou mochilas grandes (a menos que sejam transparentes). Se você não é daqueles que carrega o mundo, uma doleira é suficiente. Não esqueça que um documento com foto (passaporte) será exigido todos os dias. Somente maiores de 21 anos podem comprar bebidas alcoólicas.
De resto, é muita água, protetor solar e diversão. Tem alguma dúvida? Entre em contato.
*Colaboraram: Erick Faria e Thiago Perito