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Ferréz, Kaskão e Eduardo unem forças na música Conzpiração sobre orgulho e resistência no rap

Escritor e rappers ampliam parceria inédita na cena hip hop paulistana

Música|Juca Guimarães, do R7

"Conzpiração" é a música feita por Kaskão, Ferréz e Eduardo
"Conzpiração" é a música feita por Kaskão, Ferréz e Eduardo

Literatura e rap sempre estiveram lado a lado na cultura hip hop das quebradas. Agora essa parceria estreita laços com a música "Conzpiração" que foi composta pelos rapper Eduardo (ex-Facção Central), Kaskão (Trilha Sonora do Gueto) e o escritor Ferréz, autor dos clássicos "Capão Pecado", "Deus foi Almoçar" e "Manual Prática do Ódio", além da HQ "Desterro", em parceria com o desenhista e ilustrador Alexandre De Maio. 

A música saiu em novembro e um vídeoclipe deve ser lançado ainda em dezembro. Amigos há muito tempo o trio ainda não tinha feito uma canção juntos. O tema escolhido é a conscientização e a transformação através do hip hop. "A música fala de autossuficiência periférica. É um conjunto de visões que agregam valores ao orgulho e resistência dessa nova geração que está abandonada pelo poder público. Mostramos a eles que o nosso foco é fazer dessa geração seres críticos e participativos. Com ênfase nas responsabilidades pessoais e sociais de cada um. Essa é a principal regra de convivência harmônica em sociedade", disse Kaskão.

Os três autores são figuras importantes e influentes na história do rap e sempre lutaram contra a desigualdade e pela construção de uma cultura hip hop forte e transformadora. "Temos opiniões políticas e filosóficas semelhantes. Isso contribuiu para que as ideias fiquem ainda mais claras na música", avalia Kaskão. "A situação politica atual mostra uma entrega silenciosa do nosso país aos senhores do mundo. A exploração burguesa só aumenta. O povo está atento e se revoltando. Isso tudo caminha para uma guerra civil", disse.

Paralelo ao projeto coletivo do trio, Kaskão está gravando o novo disco do Trilha Sonora do Gueto, que deve sair em 2017. Alguns videoclipes do álbum também estão nos planos do músico.


O Eduardo, por sua vez, está lançando o segundo volume do livro "A Guerra Não Declarada na Visão de um Favelado". A obra é uma análise profunda e muito bem documentada sobre os efeitos capitalismo nas periferias. O primeiro volume foi um sucesso e virou tema de diversos trabalhos acadêmicos e seminários em faculdades de todo país.

Este mês, o escritor Ferréz está lançando, pelo Selo Povo, uma versão atualizada do livro de contos "Ninguém é Inocente em São Paulo", publicado originalmente em 2006. Confira a entrevista com o autor sobre a parceria com os rapper e o relançamento do livro.


R7: Como foi que surgiu o convite para fazer essa parceria com o Kaskão e Eduardo? Você já tem um trabalho autoral na música com o Tr3f, a música nova segue este estilo?

Ferréz: Na verdade, tudo surgiu quando fiz o lançamento da nova loja da 1daSul, no Shopping Mais, no Largo 13 [Santo Amaro, na zona Sul da capital] e convidei o Kascão e o Eduardo para fazerem uma sessão de autógrafos juntos. Começamos a trabalhar nas marcas de ambos e também nos encontrar para conversar e montar estratégias para nossos negócios, temos muitos pontos ideológicos em comum, e isso sempre foi um pedido do público também. É importante mostrar que somos unidos, até porque temos marcas de roupas e negócios em comum. Quanto à música,ela não segue a linha do Tr3f pois eu recitei o texto, e não canto mais como era no Tr3f. Faço os textos e recito, nessa música foi assim, ocupei meu lugar nela como escritor.


R7: São dez anos de distância do lançamento de Ninguém é Inocente em São Paulo. A cumplicidade da população com os problemas da cidade aumentou desde então?

Ferréz: Sim, são 10 anos de muitas diferenças, todos moram e usufruem, e também são vitimas e vitimam o próximo para sobreviverem. Por isso resolvi lançar pela minha editora, para que o livro circule livremente pelo meu povo, onde é mais nescessário. Esse é o primeiro que relanço, de uma série que vamos fazer ano que vem, com nova edição, diagramação e preços populares para chegar em quem tem que chegar de fato.

R7: "Ninguém..." foi também o seu primeiro livro de contos. Você fez alguma atualização ou mudança nos textos para esta edição? Pretende voltar a escrever contos?

Ferréz: Lancei mais um de contos ano passado, "Os Ricos Também Morrem" (editora Planeta), mas quanto a esse, o "Ninguém...", o que fiz nessa reedição, foi somente uma nova correção e assino como editor da obra, o projeto gráfico também ficou lindo pelas mãos de dois profissionais que trabalham comigo a Thais Vilanova e o Paulo Vidal de Castro e claro todos que ajudam a distribuir os livros do Selo Povo nas quebradas e perifas da vida.

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