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Filipe Ret aproxima rap do funk e se torna ídolo dos morros cariocas

Cantor chega a nove anos de carreira estabelecido como um dos principais rappers do Rio de Janeiro

Música|Helder Maldonado, do R7

Filipe Ret lança Audaz e fecha trilogia de álbuns
Filipe Ret lança Audaz e fecha trilogia de álbuns

Em 17 de agosto, Felipe Ret lançou o disco Audaz, que fecha a trilogia de álbuns do artista composta ainda por Vivaz (2012) e Revel (2015). O projeto, que também é produzido por ele, traz o músico flertando ainda mais com o funk, além de outros estilos nacionais, como o samba.

Estar envolvido com as etapas de gravação foi essencial para que o álbum tomasse essa forma. Filipe explica que, antes, o processo de registro de um CD era mais impessoal e ele só se envolvia na gravação das vozes e composição das letras. Toda parte sonora, deixava a cargo dos parceiros de estúdio.

— Dessa vez, resolvi mudar esse hábito e o resultado é algo mais pessoal, que mostra minhas reais influências musicais.

O álbum, que sai em uma parceria entre Som Livre e Tudubom Records, traz participações de Marcelo D2, Flora Matos, MC Deise, BK' e MC TH. A turnê de divulgação já conta com 12 datas, que serão realizadas até o fim do ano pelo Brasil.


Mas nada impede que essa agenda ainda aumente. Há uma década, Filipe Ret é uma espécie de popstar dos morros cariocas. Se no asfalto os sertanejos e os funkeiros pop dominam os shows, é nas comunidades cariocas que o rapper brilha como poucos, atraindo multidões e fãs enlouquecidas como se estivessem presenciando Justin Bieber à sua frente. Não são incomuns apresentações em que a van de Filipe é perseguida por uma multidão pelas vielas.

O fenômeno é incomum para um jovem da classe média carioca que nunca morou em favela e por isso mesmo poderia ser rejeitado pelo público ao falar de temas que não fizeram tanta parte da realidade dele.


Cantor abordou a família em letras do novo disco
Cantor abordou a família em letras do novo disco

Mas ao trocar ideia com moradores do morro que cresceram com ele e estar conectado com um cotidiano assim desde criança, deu legitimidade para Filipe discursar sobre crimes, insegurança, drogas, falta de oportunidades e superação das adversidades e pobreza para prosperar na vida (temas recorrentes nas letras dele).

— Rap fala de si próprio. Só a gente se importa com esses temas. E por isso mesmo temos que falar sem rodeios. A música é um jogo de poder como a política. Cotidiano é difícil para todos no mundo. Do mendigo ao presidente. Por isso tanta gente se identifica com o que faço e falo.


Mas não é só a rua que se mostra presente nas letras. A família que o músico formou nos últimos anos (ele se tornou pai em 2017) é lembrada nas faixas Louco Pra Voltar e Santo Forte.

— O disco cita os perosnagens que estão no meu grupo de convivência. E eles não poderiam ficar de fora. O clipe de Santo Forte saiu depois do domingo de Dias dos Pais e eu mostrei meu filho publicamente pela primeira vez ali. Minha mulher também trabalhou muito nesse clipe. Foi uma experiência humana muito positiva pra mim durante todo processo de criação e o resultado foi demais: o vídeo foi visualizado mais de 1 milhão de vezes em menos de 48h e chegou a ficar em #1 nos vídeos em alta no YouTube.

Funk x Rap

Ao se aproximar do funk, inclusive convidando TH para participar na faixa Vivendo Avançado, Ret também assume que existe uma cisão entre os dois gêneros que não deveria ser mantida na atualidade. Para ele, origens semelhantes dos estilos servem mais para unir do que para separar.

Filipe Ret e MC TH gravaram Vivendo Avançado
Filipe Ret e MC TH gravaram Vivendo Avançado

— Rap e funk são selvagens e brutais. Nunca dependeram de ninguém para existir. É a vitória dos humilhados sobre o status quo. Eu sou um dos poucos que me orgulho de não ter problema em transitar dos dois lados. Não é à toa que consegui ser famoso nas favelas.

Mas apesar de ser contratado de uma grande gravadora e ter sucesso, Filipe reclama que o mercado publicitário ainda é muito careta para investir em rappers e funkeiros. Enquanto no exterior marcas de roupas têm cantores de gênero que vieram do gueto como garotos propaganda, por aqui Filipe alerta que as empresas preferem se aliar a YouTubers que não "produzem nada e têm discursos preconceituosos".

— O Brasil precisa desencaretar. O rap é o estilo que mais cresce e ainda é visto como algo pejorativo. Funkeiros e rappers são ídolos no País todo, mas na hora de investir em alguém, as marcas preferem artistas montados que ninguém se importa, que não produzem nada e têm discursos preconceituosos. Isso ainda é reflexo do nosso conservadorismo.

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