João Bosco e Vinicius comentam polêmica com Naiara Azevedo
Dupla explicou que, embora não tenha nada contra a cantora, ela está bastante mal assessorada
Música|Helder Maldonado, do R7

Discreta, a dupla João Bosco e Vinícius, uma das precursoras do sertanejo universitário, não costuma estar envolvida com as polêmicas do segmento. Isso até a semana passada, quando a dupla precisou se posicionar de forma mais enérgica após ver Naiara Azevedo lançar a mesma música de trabalho que eles com a diferença de apenas um dia.
Segundo os cantores, eles têm a exclusividade de Onde Não Tinha Espaço por um ano (com o fim do contrato em julho de 2020). Até lá, a composição de Henrique Castro e Elvis Elan, que já apareceu em dois projetos dos sul-mato-grossenses, não pode ser gravada por nenhum outro artista.
Esse tipo de acordo costuma envolver um pagamento para que os autores não liberem a faixa para mais ninguém. No mercado, o valor para isso varia de acordo com o tamanho da dupla e da concorrência entre artistas pela música.
No entanto, dificilmente custa menos de R$ 30 mil para artistas do porte de João Bosco e Vinícius ficarem com a exclusividade. "Para evitar qualquer tipo de problema com divulgação de músicas, nós costumamos pagar não só para os singles, como para todas as músicas que gravamos em cada projeto. Assim, se mudarmos de ideia sobre a música de trabalho em algum momento, não enfrentaremos problemas do tipo", explica Vinicius.

Para ele, no entanto, Naiara Azevedo foi mal assessorada nesse caso. O cantor faz questão de ressaltar que não trata-se de uma questão pessoal, mas sim de uma confusão que poderia ter sido evitada com uma equipe mais atenta e profissional. Por outro lado, Naiara garantiu que tinha liberação da música desde 2018 e que a dupla deveria ter tentado conversar antes de denunciar o caso publicamente. "Não importa muito se ela tem uma liberação de gravação datada de 2018 se a gente pagou pela exclusividade no ano seguinte. São coisas diferentes. Um telefonema para a editoria que registra a música já resolveria isso. Mas eles preferiram acusar a gente de não querer conversar, sendo que estamos no nosso direito de reclamar", determina Vinícius.
Apesar disso, o cantor reonhece que a polêmica pode até atrair mais gente curiosa em ouvir o lançamento, mas que isso não tem tantos fatores positivos a longo prazo. "Não vou ser demagogo e dizer que isso não atrai novos ouvintes. Mas isso gera tanto constrangimento, ataques e conflitos entre os fãs clubes que o desgaste não vale tanto, no fim das contas", analisa o músico.
"Admiramos demais a cantora, mas ao analisar o planejamento da Naiara, percebemos que a equipe mudou até o coronograma de lançamentos deles, que havia sido divulgado nas redes sociais. Parece que fizeram isso só para sair com a música na mesma época e não perder a oportunidade de criar uma concorrência desnecessária. Rolou uma triste tentativa de atravessar o nosso projeto", garante Vinícius.

Apesar desse problema e da agenda congelada por causa da pandemia de coronavírus, o músico garante que o momento para a dupla é sossegado. Até o momento, eles conseguiram manter a equipe e não precisaram recorrer a demissões. "A empresa tem uma vida financeira saudável e conseguimos continuar com todos nossos colaboradores. Nós dois estávamos preparados para que o nosso segmento fosse o primeiro a parar e o último a voltar. E vai ser assim, porque vivemos de eventos com aglomeração de pessoas", explica.
Até o momento dessa retomada, que permanece indefinido, a dupla pretende lançar outras músicas e gravar uma live para a quarentena.
Mas, diferente de outros artistas, eles vão evitar grandes equipes e pretendem se apresentar no esquema voz e violão que consagrou os dois nos barzinhos de Campo Grande no início dos anos 2000. "Vamos retomar aquele formato acústico do nosso primeiro disco (Acústico no Bar, de 2003) e que nos alçou ao sucesso no Centro Oeste para esse projeto. Não dá para colocar um monte de gente em casa. Quando as coisas voltarem ao normal, todos artistas precisarão testar o mercado também. Temos que ver como estará o receio das pessoas e a condição econômica do público para entender se voltaremos ao mesma patamar de antes da crise no sertanejo universitário", analisa Vinícius.