Luciana Oliveira lança Deusa do Rio Níger reflorescendo Elza Soares
Disco chega às lojas dia 4 com produção primorosa e vigor criativo
Música|Juca Guimarães, do R7

O álbum A Deusa do Rio Níger, da cantora e compositora Luciana Oliveira, chega às lojas virtuais no dia 4 de agosto, trazendo uma generosa amostra de um talento que mergulha com desenvoltura na soul músic, no ska, no reggae, na MPB, no samba e na música eletrônica. O disco refloresce a energia da Elza Soares, com a regravação do afro-samba Deusa do Rio Níger (de 1974), que dá título à obra, e repousa na efervescência do afrofuturista.
O disco tem sete faixas e foi produzido por Caê Rolfsen, que soube muito bem captar as ideias da Luciana.
“Sempre que ouvia a música Deusa do Rio Niger, eu pensava que poderia funcionar com uma pegada meio ska e rocksteady, um reggão velho. O Caê tem uma base muito forte de música brasileira e conhece bastante de reggae, de música jamaicana e coisa mais modernas", contou Luciana, que durante a produção ouviu cantoras como Solange e Sade. Nas participações especiais tem o Guilherme Arantes em Mar e Amar.
Na canção Neide Candolina, Luciana divide os vocais com Xênia França e Fióti. A música do Caetano Veloso, do álbum Circuladô, ganhou um arranjo deslumbrante e arrancou elogios do autor.
"Achei a releitura maravilhosa. Em todos os sentidos. Fico honradíssimo com a escolha dessa minha música por uma cantora tão boa. Principalmente me assombro com a coincidência de eu estar pensando muito nessa canção recentemente. Aí vem essa gravação deslumbrante, com Luciana cantando divinamente, num relaxamento perfeito, amparada por produção contemporânea, com a presença de Fióti, da lindíssima Xênia França. Isso me encantou e me animou a procurar mesmo o caminho composicional que ando buscando dentro de minha cabeça", disse Caetano Veloso sobre a música.
A canção que norteou a pegada revolucionária do disco foi O Tempo é Mais, uma parceria de Luciana com Eduardo Brechó, da banda Aláfia. "É uma música mais lenta, que procuramos timbres e texturas na programação da batida, que acabou virando a levada soul que permeia o disco", disse.
O lado bem-humorado e brincalhão de Luciana aparece na música Bora Pra Praia. "É uma música desafiadora, bem pop com um pouco de funk assim, com uma letra que é bora pra praia". Tem um trecho do refrão que diz 'Tarde de sol as minas pira vendo o cara de sunga branca na praia'. "Era tipo uma brincadeira que foi se impondo no repertório. É bom porque mostra um lado meu que é zueira".

Tem uma releitura de Veleiro Azul, do Luiz Melodia, do álbum Maravilhas Contemporâneas, "É uma música que ganhou também uma pegada de reggae", disse. O lado romântico fica por conta da faixa autoral "Lance". "É a música sobre o amor e a afetividade feminina. É um tema sobre o qual eu falo pouco. Neste disco, eu abri o meu coração", contou.
Luciana Oliveira vive a música com muita intensidade. Em Brasília, quando tinha 15 anos de idade, montou a banda Mal de Família com amigos da escola que durou alguns anos. Paralelamente, fez o curso de Artes Cênicas na Unb (Universidade de Brasília), onde teve contato com diversas referência da música afrobrasileira.
Foi uma fase de estudos que serviram de base para o primeiro álbum, Verde do Mar, lançado em 2008. "Foi nessa época também que eu entrei na banda Natiruts, que abriu um horizonte muito bacana na música e me levou para conhecer vários lugares", disse. Luciana é prima do vocalista Alexandre Carlo, os dois já cantavam juntos desde a adolescência.
Em 2013, a cantora lançou o seu segundo álbum Pura, com o produtor Alê Siqueira. Onde tinha uma mistura forte de MPB com música eletrônica com fusões de soul e hip-hop. Na faixa Condicionada, outra parceria com o Eduardo Brechó, que teve a ilustrissima participação da Elza Soares.
Amanhã, dia 3, acontece uma audição especial do álbum no Aparelha Luzia, que fica na rua Apa, 78, na Santa Cecília, a partir das 21h, com entrada gratuita.