Menescal grava Beatles em bossa nova: "Escapei do radicalismo"
Violinista lançou CD revisitou os hits do grupo de rock
Música|Daniel Vaughan, do R7

Roberto Menescal chega aos 80 anos enfrentando novos desafios musicais. Conhecido mundialmente como um dos mestres da bossa nova, ele lançou recentemente um CD de releituras dos Beatles.
Em Bossa Nova Meets The Beatles (Jingle Bells/Deck), Menescal acrescentou o gingado carioca ao rock dos eternos garotos de Liverpool. Carlos Coelho, guitarrista do Biquini Cavadão, deu a ideia do CD.
— O Carlos me lembrou que existem vários projetos misturando Beatles com bossa nova no exterior. Então, ele me falou para fazer algo assim aqui, pois somos os fundadores do gênero. Mas eu pedi ajuda no repertório, porque eu não sou nenhum especialista em rock. [risos] Daí, ele fez a lista e escolhemos as músicas que tem mais a ver com meu estilo.
Além de Claudio Duarte, que canta na maioria das faixas, Menescal ainda "compartilhou arquivos" com os gringos. A banda nova-iorquina Bailen aparece em With a Little Help From my Friends, enquanto o ilustre amigo Andy Summers, guitarrista do grupo The Police, sola em Yesterday (ouça abaixo). O músico octogenário confessa que adora a modernidade virtual.
— Antigamente, era uma complicação burocrática de cerca de um mês para fazer esse tipo de parceria. Mas, hoje em dia, é tão fácil. Eu mandei a música para o Andy e, em pouco tempo, já estava tudo pronto. E o Claudio também colocou as vozes à distância, então só nos conhecemos na hora de fazer a capa. [risos] Claro que eu gosto de gravar "olhando no olho", mas essa tecnologia é fantástica. O mundo ficou pequeno e agora estamos todos conectados.
Para saber mais detalhes do projeto, o R7 conversou com Roberto Menescal.

Bossa x Beatles
— Quando os Beatles surgiram nos anos 60, a gente ficava curioso aqui, observando as fotos daqueles caras cabeludos na Inglaterra. Daí, eu lembro de estar fazendo uma temporada com Vinicius [de Moraes] e [Dorival] Caymmi em uma boate do Rio, onde, mesmo sem saber direito o que era aquilo, a gente imitava o visual dos roqueiros. Tirava um sarro. [risos] Meu parceiro Ronaldo Bôscoli não gostava deles, mesmo sem ouvi-los... E, durante uma entrevista, eu pedi para ele não ficar falando mal dos caras. Daí, a jornalista perguntou sobre os Beatles e o Ronaldo disse: "Acho interessante sim, porque eles acabaram com a música no mundo..." [risos] E ele nem os conhecia! [risos].
O Andy Summers disse%3A "Vocês fazem muitos acordes. Com um acorde desses%2C eu faço umas 20 músicas"
Puristas
— Eu consegui escapar do radicalismo musical da primeira geração de bossa novistas. O que me ajudou nisso foi ter sido diretor de gravadora por 15 anos. Na época, eu tive contato com vários gêneros musicais: de Sidney Magal a Raul Seixas, passando por Novos Baianos e Jorge Ben Jor. Aquilo me abriu a cabeça! Hoje, isso ainda me permite trabalhar com artistas de diversos estilos. E eu adoro isso.
Acordes complexos
— Em 2006, eu fiz uma versão de Roxanne (clássico do grupo The Police) ao lado da cantora Cris Delanno (CD Eu e Cris). E o guitarrista do grupo, Andy Summers, ouviu a música e quis me conhecer. Ele me elogiou muito e me convidou para fazer algo em dupla. A partir dali, fizemos shows, um DVD (United Kindom Of Ipanema, de 2011) e seguimos com a amizade. Uma vez ele me disse: "Vocês fazem muitos acordes de violão no Brasil. Com um acorde desses, eu faço umas 20 músicas". [risos]
Encontro com Paul McCartney e Ringo Starr
— Eles ainda não ouviram o CD, mas a gente vai mandar para o Paul, Ringo e família. Quem sabe não fazemos um show juntos? Pode ser até uma coisa menor, em um teatro... [risos] Vai saber, hoje em dia tudo é possível.
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Este ano, vários discos históricos completam 40 anos. Foram obras-primas lançadas em 1977 e que até hoje são celebradas pelos fãs do rock, MPB, samba e soul-funk. Para comemorar, o R7 destacou 10 álbuns essenciais que festejam quatro décadas em 2017. Veja!