'Menestrel Maldito', Juca Chaves usava a metáfora e o humor para criticar a ditadura
Músico e humorista morreu, aos 84 anos, na noite do último sábado (25)
Música|Do R7
O músico e humorista Juca Chaves morreu, na noite de sábado (25), em Salvador, onde estava internado no hospital São Rafael. Ele estava com 84 anos e faleceu em decorrência de problemas respiratórios. O corpo foi cremado no domingo, 26, no Cemitério Bosque da Paz, na capital baiana.
Jurandyr Czaczkes Chaves, mais conhecido como Juca Chaves, nasceu no Rio de Janeiro em uma família judaica, em 1938, e se consagrou como compositor de modinhas e trovas cujas letras traziam irônicas metáforas especialmente contra a ditadura militar brasileira (1964-1985). Por conta disso, foi chamado por Vinicius de Moraes como "Menestrel Maldito".
Em trecho da música Quantos Somos, por exemplo, ele diz: "Diplomatas, militares, deputados, vereadores / ministros e senadores, imprensa, parlamentares / 5 mil e cento e dez os Barnabés do Brasil / O quanto resta é o quanto presta / Sem Sarney 90 mil."
Ele também foi crítico da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico. Chegou a ser exilado em Portugal na década de 1970, mas, em show no Teatro Tivoli, irritou as autoridades locais ao fazer uma piada com o ditador António de Oliveira Salazar. Com isso, foi obrigado a se transferir para a Itália.
Dentre suas canções mais conhecidas estão Caixinha, Obrigado, A Cúmplice, Menina, Que Saudade, Por Quem Sonha Ana Maria (interpretada no filme Marido de Mulher Boa, de 1960) e Presidente Bossa Nova, essa em homenagem a Juscelino Kubitschek, que presidiu o país entre 1956 e 1961.
O escritor Jorge Amado dizia que Juca Chaves tinha "a voz mais livre do Brasil".
Juca também era um notório torcedor do São Paulo Futebol Clube e, em 2006, lançou-se candidato a senador na Bahia pelo PSDC, ficando em 4º lugar, com 19.603 votos.
Fez campanha em formato de poesia, o que o distinguia dos outros candidatos. Nos últimos anos, declarou-se defensor da Operação Lava Jato.
Desde 1975, Juca Chaves era casado com Yara Chaves. Ele deixa duas filhas, Marina Morena e Maria Clara.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.