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Percursionista Carlos Café revela todos os segredos do pandeiro

Músico paulistano, referência no instrumento, criou projeto social e marca de roupa

Música|Juca Guimarães, do R7

Carlos Café é o rei da batucada moderna
Carlos Café é o rei da batucada moderna

Alto e sempre sorridente, o percurssionista Carlos Café chama a atenção por onde passa, mas é com o pandeiro na mão que ele cria uma onda magnética hipnotizante.

Criado na região do Grajaú, na zona Sul de São Paulo, o jovem músico é uma referência nacional no pandeiro, com o qual desenvolveu uma técnica própria. 

Carlos Café, de 35 anos, é uma espécie de coringa musical, ele toca uma infinidade de ritmos e participa de gravações em estilos variados, sempre com muito suingue e criatividade. As parcerias mais constantes são com os amigos Rael, multi-instrumentista e amigo de infância; Evandro Fióti e o rapper Emicida. No samba, ele já tocou com grandes nomes como Moreira da Silva, Neguinho da Beija-Flor, Royce do Pagode e Netinho de Paula. 

Em busca constante pela batida perfeita, Carlos Café estudou percussão afro-peruana e afro-cubana na ULM (Universidade Livre de Música) e cajón com os professores Chocolate Riveros e Pedro Bandeira.


O percursionista também criou uma marca de roupas, que faz muito sucesso nas rodas de samba e nas quebradas da capital, e é o responsável por um projeto social de educação musical. O trabalho é realizado em unidades da Fundação Casa. Confira a entrevista exclusiva com o Carlos Café.

R7: Como você começou na música?


Carlos Café: Comecei bem garoto por influência de amigos da rua. Eles faziam rodas de samba e eu ficava ali observando com meu padrasto que sempre me levava. Aos poucos, fui me aproximando, eu e meus amigos. Aos 13 anos de idade, tivemos a ideia de montar um grupo de pagode, a príncipio me colocaram no banjo, em menos de uma semana mudaram de ideia e me colocaram no pandeiro (risos). Foi assim que tudo começou minha história com o pandeiro.

R7: Como foi a sua aproximação com a percussão?


Carlos Café: Eu sempre fui muito curioso e queria expandir meus conhecimentos. Sou um cara que tenho fome por aprender, eu não paro. Fiquei sabendo de um projeto chamado Parceiros do Futuro (de percussão), liderado pelo músico percussionista e professor Rafael Y Castro. Me interessei, fui e me apaixonei. Não parei mais de estudar percussão.

R7: Fala um pouco sobre o seu projeto de dar aula na fundação Casa? 

Carlos Café: Através do Projeto Parceiro do Futuro, do Rafael Y Castro. Ele me apresentou também o Projeto Guri, onde ele dava aulas. Nesses dois projetos eu fui me preparando para as oficinas que dou nas unidade da Fundação Casa.

R7: Qual foi a troca de experiências e como a música impactou na vida dos adolescentes?

Carlos Café: Acredito muito na troca de respeito que tivemos entre professor e alunos. A comunicação é sempre feita com máximo respeito. Poder ver eles se dedicando ao instrumento, se interessando pela música, aprendendo algo diferente do que aprenderam na rua foi um dos maiores presentes que a música me deu.

Um frase que eu sempre repito é 'De quinhentos alunos que passaram pelas minhas aulas, entre 2007 a 2013, se eu consegui tirar do crime um garoto eu estaria feliz'. Depois, eu tive contato com uns três ex-alunos e descobrir que eles viraram músicos. Isso gerou um grande impacto positivo na vida deles e na minha também.

Café com o pandeiro sem a mão
Café com o pandeiro sem a mão

R7: Como surgiu a sua parceria com o Rael?

Carlos Café: ORael é amigo de infância da mesma comunidade, acompanhei toda evolução dele e ele a minha. Estudamos juntos na mesma escola no ginásio. Ele foi para o rap e eu para o samba (risos). A parceria musical surge quando o Rael me fez o primeiro convite, que foi gravar o disco do Pentágono [grupo de rap icônico da zona Sul]. O álbum era o 'Microfonicamente Dizendo'. Então gravei em todos os álbuns do Pentágono e algumas musicas dos três albuns do Rael.

 R7: Você estava dividido entre o samba e o rap?

Carlos Café: Nunca estive dividido, os dois sempre foram minhas raízes. Como músico, devo e gosto de passear por todos os gêneros.

R7: Em quais grupos você já tocou?

Carlos Café: Meu primeiro grupo se chamava Só Liberdade. Em seguida, fui para o Dom de Muleke. Participei de vários grupos da quebrada até chegar a tocar com grandes artistas como, por exemplo, Netinho de Paula, Sem compromisso, Refla, Royce do Cavaco, Moreira da Silva, Neguinho da Beija Flor. Até formar os meus grupos: o 100 Kaô e Whats 90. No rap eu participei de trabalhos do Pentágono, do Rael e, atualmente, do Emicida.

R7: Qual o objetivo do seu estudo sobre o pandeiro?

Carlos Café: Meu objetivo sempre foi ter meu próprio estilo de tocar a ponto de criar minha própria técnica; que hoje em dia a molecada tem como referência e procuram os meus vídeos na internet.

R7: Além da África, existem outras escolas de percussão? Você já estudou alguns deles?

Carlos Café: Além da África, que sou fã e que a terra mãe da percussão, atualmente eu estudo muito a música latina com um amigo cubano.

R7: Você acha que a música contemporânea africana continua influenciando os ritmos mundo afora? Você escuta sons novos africanos, quem? De que região?

Carlos Café: Sim, sempre irá influenciar, ouço Mamakeita, do Senegal.

R7: Aqui no Brasil, existem muitas variações no jeito de tocar o pandeiro? Você pode falar um pouco sobre algumas delas, as mais curiosas?

Carlos Café: Sim, mas a tradicional é a do samba. O samba, o Baião, Frevo, Cavalo Marinho e cada um desses ritmos exige uma variação diferente. A mais curiosa é a Cavalo Marinho (do Nordeste) porque ela exige uma técnica de rulo [trêmulo] contínuos no pandeiro.

R7: Como você desenvolveu a sua técnica de tocar?

Carlos Café: Eu passava os dias tocando em cima de músicas e copiando meus grandes mestres como: Bira presidente e João do Pandeiro. Então entendi que eu precisava fazer algo meu, com minha assinatura para o mundo me reconhecer. Daí eu desenvolvi minhas técnicas, através do rulo nos pandeiros; que são aplicados nas técnicas de caixa clara e técnicas de congas.

Veja as dicas do Café para ficar fera no pandeiro.

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