Racionais comemoram 30 anos com dignidade: 'Mantemos as raízes'
Após uma pequena pausa na carreira, grupo paulistano retorna aos palcos com a turnê '3 Décadas': 'Estamos cheios de energia e força'
Música|Daniel Vaughan, do R7

Os Racionais MCs estão comemorando 30 anos de carreira. Para festejar a data, o grupo viaja pelo País com a turnê histórica 3 Décadas.
Nas apresentações, que começaram em Florianópolis, em julho, o quarteto emociona fãs de todas as gerações relembrando hits como Homem na Estrada, Negro Drama, Voz Ativa e Fim de Semana no Parque. Além disso, os MCs Edi Rock, Mano Brown, Ice Blue e o DJ KL Jay são acompanhados por uma superbanda nos palcos.

Edi Rock está animado com a turnê do grupo paulistano, que estava dando uma pausa. E, mesmo na estrada, os integrantes também estão trabalhando paralelamente em discos solo.
— Retomamos os trabalhos. O grupo estava com saudade dos palcos, então estamos cheios de energia e força. E passamos por um momento nostálgico, onde relembramos nossa história desde o início da carreira. No momento, estamos levando a emoção da comemoração para diversos lugares do País que, inclusive, começamos a cantar. É como um filme da nossa vida. Emocionante.

Edi Rock reflete sobre as três décadas da banda, que enfrentou a grande indústria do entretenimento, modismos e sempre foi exemplo de liberdade e dignidade no meio artístico.
— A maior evolução em 30 anos foi usar nossa experiência para colocar melhor tudo em prática. No palco e fora dele. E também não esquecemos de onde viemos, pois ainda mantemos nossas raízes. Isso é importante.
Veja mais sobre a conversa exclusiva do R7 com Edi Rock:
R7 — Como foi escolher o repertório de 30 anos de carreira?
Edi Rock — Foi difícil, pois temos muitas músicas para duas horas de show. E, talvez, faremos outra turnê com um repertório diferente. Dessa vez, acabamos escolhendo as essenciais, porém, alguma canção sempre fica de fora. Mas tocamos músicas que marcaram épocas e vidas, como Homem na Estrada, Negro Drama, Voz Ativa e Fim de Semana no Parque. É uma trajetória desde o primeiro trabalho, quando a gente ainda era moleque, mas já mostrava o que queria.
"O hip hop é um movimento de vida%2C liberdade%2C protesto e ousadia"
R7 — A história dos Racionais se confunde com o hip hop nacional. O que você se lembra do início?
Edi Rock — No momento, estamos comemorando não só 30 anos de carreira, mas da história das nossas vidas e do próprio rap. O Racionais foi fundado bem no início do movimento, que ainda contava com poucos grupos. Lembro do Black Juniors, Naldinho e Pepeu. Eu, por exemplo, imitava o Thaide (no período da dupla Thaide e DJ Hum). Já o Lino Krizz, que era dos Metralhas, hoje é nosso backing vocal, além de reger a banda que nos acompanha.

R7 — E, após tantos anos, o hip hop ainda mantém a mesma força?
Edi Rock — A cultura de rua se inspira no cotidiano e sempre vai ter uma identificação imediata com o público. E o movimento só cresceu, se aprimorou e evoluiu nesses mais de 30 anos. Por exemplo, hoje, muitos DJs também são produtores, músicos, fazem arranjos... O rap se profissionalizou. Existem escolas que dão ensinamentos básicos sobre o estilo. O hip hop é um movimento de vida, liberdade, protesto e ousadia. É pura emoção.
"No início%2C a gente ainda era moleque%2C mas já mostrava o que queria"
R7 — Os Racionais aprovam a nova geração do rap?
Edi Rock — Sim. É a continuação e evolução do movimento. Era o que a gente queria: criatividade, diversidade, quantidade e qualidade. Hoje, você encontra várias vertentes dentro do rap, como romântico, político, acústico, bem brasileiro sem misturas. É satisfatório ver isso. E, claro, tem rap bom e ruim por aí. É normal...

R7 — E os novos rappers têm feito abertura na turnê de vocês.
Edi Rock — A molecada está no caminho certo, por isso que eles fazem música com a gente e abrem nossos shows. Gostamos de dar oportunidade para novos talentos. Se fosse uma chance para mim, seria como um prêmio para marcar meu início de carreira. Lembro quando cantamos no show do Public Enemy (em 1991, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo). É para não esquecer nunca mais! Faz parte do release (risos)
R7 — Qual é a dica para um grupo chegar aos 30 anos de carreira com os mesmos integrantes? Isso é raro.
Edi Rock — Acho que não somos o tipo de banda habitual, comercial, que tem milhares de compromissos diários, muitos shows. Creio que o trabalho em excesso desgasta a carreira. Não sei exatamente como explicar, mas de alguma forma tivemos certa cautela para não acontecer algo estressante. Por isso, é importante o grupo ter um tempinho para renovar as ideias, relaxar, baixar a bola.
R7 — Depois da turnê 3 Décadas, quais são os próximos planos dos Racionais?
Edi Rock — A turnê virar um DVD com momentos de shows e bastidores. É um documento histórico, que não poderíamos deixar de registrar. E temos projetos para o futuro, mas no momento estamos focados nas comemorações e nas carreiras solo, em paralelo ao grupo (Edi Rock acaba de lançar o disco Origens).
Veja as datas da turnê 3 Décadas:
20/07 – FLORIANÓPOLIS – Arena Petry
02/08 – UBERLÂNDIA – Arena Sabiazinho
03/08 – BRASÍLIA – Ginásio Nilson Nelson
17/08 – CURITIBA – Live Curitiba
24/08 – RIO DE JANEIRO – KM de Vantagens Hall RJ
14/09 – BELO HORIZONTE – KM de Vantagens Hall BH
04/10 – SALVADOR – Arena Fonte Nova
05/10 – RECIFE – Classic Hall
11 e 12/10 – SÃO PAULO – Credicard Hall SP