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Rapper Rashid lança o álbum "A Coragem da Luz" para consolidar estilo próprio de fazer rap com sotaque brasileiro

Álbum tem 15 faixas e foi gravado durante nove meses. Mano Brown e Criolo estão no disco

Música|Juca Guimarães, do R7

O rapper Rashid em Itajaci (MG) onde viveu parte da adolescência
O rapper Rashid em Itajaci (MG) onde viveu parte da adolescência

O álbum "A Coragem da Luz", que acaba de ser lançado pelo rapper Rashid, é um dos mais primorosos exemplos do potencial que tem o hip-hop feito no Brasil.

São 15 faixas que fazem um panorama coeso da biografia do jovem rapper de 28 anos e também abordam temas relevantes como a crítica ao racismo, à homofobia e ao fascismo. As letras também falam de fé, de camaradagem e de amor. O rap do Rashid amplia o leque de assuntos discutidos, ao mesmo tempo que traz profundidade, reflexões e novos argumentos em rimas criativas.

A franqueza e o discurso direto do rapper ligam uma música a outra. É um daqueles álbuns para se ouvir com calma e atenção. A cada audição surge uma surpresa agradável nas rimas e refrões.

Nas músicas que falam mais da sua pessoal, Rashid revela numa rima ou outra como foi a reação dos seus pais quando ele nasceu, as mudanças de casa na infância, que era um bom aluno na escola, o tempo em que morou em Ijaci(MG), a timidez e como conheceu a sua mulher, e produtora executiva do álbum Daniela Rodrigues. Entre as letras que contam histórias da sua vida, se destaca a faixa "A Cena", sobre uma abordagem abusiva da PM, infelizmente uma cena corriqueira nas periferias.


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As lembranças do rapper também serviram de referência para a capa do álbum. As fotos foram feitas em Ijaci, cidade pequena no Sul de Minas Gerais, onde Rashid passou a adolescência. A mãe dele continua morando lá.


A gravação do álbum levou cerca de nove meses. Neste período, Rashid revisitou todas as suas influências musicais que inclui o samba, o jazz, a MPB, a soul music e o rock. Todas elas estão presentes e encaixam perfeitamente no conceito do álbum, que é mostrar de forma bem fiel o estilo único do Rashid e do hip-hop brasileiro. O resultado é inovador.

"Nos trabalhos anteriores, eu recebia o produto pronto do Rashid e então a nossa equipe trabalhava os shows e a divulgação. Desta vez, eu acompanhei todas as etapas desde o comecinho e ajudei a moldar álbum. É incrível ver com as participações especiais foram se encaixando e as músicas ficaram ótimas. O resultado de todo nosso esforço, foco e carinho está aí como queríamos", disse Daniela Rodrigues.


Os convidados para participar do álbum foram: Max de Castro com Mano Brown (em Ruaterapia), a cantora Xênia França (em Laranja Mecânica), a cantora Izzy Gordon (em A Cena), o rapper Criolo (em Homem do Mundo), o cantor Alexandre Carlo (em Depois da Tempestade) e a Orquestra Metropolitana (em Quem é).

Como cantor, Rashid evoluiu muito desde os tempos das batalhas de MCs e dos shows improvisados dentro de uma garagem no bairro Lauzane, na zona Norte, que reunia uma multidão de fãs de rap, antes mesmo dele ter gravado a primeira mixtape (coletânea de singles sem masterização) Dádiva e Dívida (2011). Depois vieram mais duas mixtapes Que Assim Seja (2012) e Confundindo Sábios (2013).

Em todo o álbum "A Coragem da Luz" estão presentes também as características marcantes de uma geração inteira de músicos empreendedores, politizados, cultos e criativos que começa com o Kamau, no final dos anos 90, e conta com nomes que já estouraram na cena do rap como Emicida, Rael, Projota, Rincón Sapiência, Flora Matos, Lurdez da Luz, Criolo, Max B.O., Rico Dalasam, Crônica Mendes, Grupo Inquérito, entre outros.

No dia 9 de abril, acontece o show de lançamento do álbum no Auditório do Ibirapuera com a banda completa, às 21h, o ingresso custa R$ 20. No dia 5 de abril, tem pocket show gratuito e sessão de autógrafos, às 19h30, na livraria Fnac de Pinheiros (rua Omaguas, 34). Confira a entrevista exclusiva com o Rashid.

R7: Chama muito a atenção o caráter pessoal das letras. Conheço a sua caminhada desde a época do ‘Rap no Lauzane’ , quando vocês levavam uma multidão para ouvir rap do bom direto da garagem. Naquela época, você tinha noção que chegaria onde está hoje e o que hip hop também teria essa projeção?

Rashid: É claro que a gente sonhava em chegar longe, mas é difícil explicar a velocidade com que as coisas rolaram. Acho que tanto nós quanto o Hip-Hop amadurecemos e alcançamos coisas muito boas nesses últimos anos. Talvez um tenha ajuda um outro. Digo talvez da minha parte, porque sem dúvida o crescimento do movimento me ajudou.

É um bom momento, hora exata pra mostrar toda a riqueza e diversidade cultural que habitam no Rap.

R7: Você é um artista que valoriza muito a literatura e a educação. As referências nas suas letras são sempre de obras e escritores importantes. O que você leu ultimamente e que vale a pena recomendar para os seus fãs?

Rashid: Eu leio bastante, não existe um momento da vida em que eu não esteja lendo nada. De poesia e histórias a mangás e quadrinhos. Tudo vira referência. Nos últimos tempos eu li umas coisas bem boas e inspiradoras:

Do vinil ao download (André Midani), A Rainha Ginga (Jose Eduardo Agualusa), Desde que o Samba é Samba (Paulo Lins) e Quarto de Despejo (Carolina Maria de Jesus) são alguns dos que marcaram. Todos tem um pouco de nossa história, musical ou ancestral.

R7: Você evoluiu muito como cantor. Como é a sua rotina de estudo de canto e quais os cantores que você usa como referência em técnicas vocais?

Rashid: Uma vez por semana eu tenho minhas sessões com a fono, que é minha treinadora vocal. Geralmente ela passa exercícios que eu tenho que fazer todos os dias. Antes dos shows tenho que fazer um aquecimento vocal e depois um desaquecimento. Não é fácil e as vezes você cansa, mas tem que pensar que o objetivo é maior que o cansaço e ir pra cima (risos). Eu não tenho cantores em particular que uso como referência pra estudar, sigo um pouco meu gosto e tento adaptar as canções ao meu estilo. Já estudei canções do Djavan, Milton, Bob Marley, Caetano, Gil, Zeca Pagodinho, Criolo... Todas foram escolhidas por mim e todas eu tento encontrar o "estilo Rashid" de cantar. A ideia é trazer pra um tom mais confortável pra mim, pelo menos nesse começo.

O show de lançamento será no dia 9 de abril, em São Paulo
O show de lançamento será no dia 9 de abril, em São Paulo

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