Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Música

 Rapper Sant lança single Brabos e reafirma liberdade artística

Após dois anos do disco de estreia, rapper carioca se arrisca no trap em parceria com Diomedes

Música|Ana Beatriz Azevedo, especial para o R7

Sant lança o single Brabos
Sant lança o single Brabos

Dois anos após o lançamento do álbum "O que separa os meninos dos homens", o rapper Sant apresenta o single Brabos, com participação especial do Diomedes Chinaski e produção do DJ LN. 

Mas não é especial só pela questão do tempo em si, mas porque esses dois anos de trabalho significam a continuação de uma trilha que começou a ser traçada quando ele tinha 15 anos e compôs alguns dos sons do disco que saiu em 2015, já com 20 anos de idade.

Esses anos serviram para o amadurecimento do trabalho e busca por novas experiências. Essa caminhada levou o rapper para cenários longe da sua zona de conforto. Afinal não era comum ver o mc carioca rimando num trap, como foi o caso de Brabos.

“Eu tenho estudado algumas coisas, mas ainda sou bem leigo mesmo. O som veio como meu primeiro single depois de quase dois anos de lançamento de meu primeiro disco. E foi muito importante e prazeroso viver todo esse processo. O ritmo que dita a poesia no trap é totalmente diferente, mas conversa muito com nosso ambiente, o Kayuá que me disse isso uma vez, ‘o trap é funk’, e o Rio de Janeiro respira muito desse suingue", disse Sant.


Sant explica como chegou até o Diomedes e ele completou dizendo o porque aceitou participar: “Essa música surgiu, a princípio, dentro de um outro projeto. O LN produziu e colocou a disposição do grupo de encontro que tínhamos com alguns artistas amigos aqui da área e eu me arrisquei a rimar nesse trap, saca? Dentro do refrão, já tinha uma referência a Kayuá, e assim que ele ouviu já quis participar. Pegamos a música para nosso disco colaborativo e começamos a trabalhar nela. O tempo passou e acabou que retomei essa música para lançar como single, chamei Diomedes como participação”, disse o rapper carioca.

Por sua vez, o pernambucano Diomedes, conta como recebeu o convite. “Ele [Sant] me falou que havia sido incentivado por alguém que até hoje eu não sei quem foi. E eu aceitei, porque acho irado o trampo dele, tem tudo que me agrada numa música e numa postura, acho que ele faz música honesta. E antes do som sair, quando fiz um show em Madureira e depois lá na casa da Pineapple, a gente acabou se encontrando e tendo essa vivência”.


Diomedesfez rimas em homenagem ao avô e à terra natal
Diomedesfez rimas em homenagem ao avô e à terra natal

Os versos do Diomedes, que recheados de referências de Recife, sua terra natal, contam uma história de resistência que começaram com seu avô, que viveu a época da ditadura Militar no Brasil: “Quis homenagear os bairros e as gírias de Pernambuco, no estilo dos antigos funks de galera. Se chama "dá um alô" , por isso cito vários nomes e vários comandos, todos reais, todos que conheço e desafio eles a irem confirmar. Além de que na época que escrevi essas linhas, o exército estava na rua, vi um tanque de guerra, eles estavam tirando os estudantes das ocupações a noite. E eu também lembrei das histórias que minha família falava sobre meu avô, ele era negro, se tornou intelectual por conta própria, porque ele trabalhava na fábrica têxtil de Paulista, desde os 12 anos, quando mais velho ele foi político, vereador, advogado. Publicava panfleto comunista na banca dele, aí quando aconteceu o golpe militar ele ficou dois anos escondido nas matas que tem pra essas bandas, na verdade Paratibe, ao lado do meu bairro, onde foi o início do que foi o Quilombo de Catucá, de Malunguinho, e aí misturei tudo isso.”

Para Sant, a liberdade é ponto principal que norteia o seu trabalho e, por isso, está sempre presente nos versos. “Acredito que ser livre é minha obrigação artística. Emanar isso ao redor. Eu carregava muita coisa que precisava escorrer e não encontrava como, até chegar no Rap. Sempre tive aptidão à escrita, mas nunca fui tão livre na folha até subir no palco. Foi na música que encontrei minha liberdade, entende? Meu caminho artístico é esse, o de não mais me sentir sozinho e poder provar que ninguém está. Eu sempre quero sugerir algo, sabe? ‘Dizem por aí que tem mais brabos’. Igual eu falar pra você que sou vegetariano. Posso compartilhar sobre meu estilo de vida, mas não impô-lo. O desenho da música foi construído basicamente dentro desse lance da representatividade mesmo: mostrar que estamos aqui independente do que também esteja. Eu não quero explicar rima, não mesmo. Quero propor. Estou disposto a troca!! Eu imprimo minha energia em minhas músicas. O que elas farão ao encontrar a sua energia, é com vocês!”


Daqui pra frente o caminho permanece sendo trilhado da maneira correta, Diomedes também quer seguir o caminho da liberdade, poder falar de percepções e sentimentos pessoais e ainda sim ser político. Sant no seu novo projeto, um compilado de nove faixas com produção do pessoal da Kilo, com previsão pro segundo semestre continua a traçar esse caminho bonito, e com propósito: “Acredito que trazer essa liberdade pra nós é de legítima importância. Aqui no subúrbio do Rio de Janeiro somos carentes de muitas coisas, mas o que nos mais falta é referência. Se construirmos uma representatividade aqui, ninguém mais se sente menos.”, disse. Confira a entrevista exclusiva dos rapper para o R7.

R7: Como vocês escolheram essa base de trap e como foi escrever nela?

Sant: Eu tenho estudado algumas coisas, mas ainda sou bem leigo mesmo. Essa música surgiu, a princípio, dentro de um outro projeto, até. O LN produziu e colocou a disposição do grupo de encontro que tínhamos com alguns artistas amigos aqui da área e eu me arrisquei a rimar nesse trap, saca? Dentro do refrão, já tinha uma referência a Kayuá, e assim que ele ouviu, ele já quis cantá-lo. O ritmo que dita a poesia no trap é totalmente diferente, mas conversa muito com nosso ambiente. O próprio Kayuá quem me disse isso uma vez, "o trap é funk", e o RJ respira muito desse suingue.

R7: Como foi o processo de amadurecimento e de trabalho nesses dois anos desde que voce lançou seu disco? 

Sant: Foram intensos. Eu trouxe com meu primeiro disco uma parada que a galera, no momento, não tava muito ligada, que era a humanidade das coisas. O erro, o medo, a partilha, sabe? Vivemos numa era que tudo tá demais e a maioria permanece na superfície, já que também tudo tá sempre rápido. Esses dois anos passaram e o disco marcou, entende? Isso foi parte de minha realização.

R7: E a escolha do caminho para os próximos trabalhos?

Sant: Nos momentos que vieram após, foquei-me em chamar atenção para o que eu havia começado a construir e passei a projetar o que acredito ser meu caminho artístico. Esse estudo do Trap veio proveniente desse trabalho, sem dúvidas. E eu acho ótimo que o Funk caminhe conosco novamente. É triste ver frutos da mesma raiz separados por cestas, né?

R7: E o que você acha que seja seu caminho artístico?

Antes de entender mais sobre o som em específico é bom saber um pouco de você porque fica mais fácil de entender sobre o que a gente tá falando sabe? Então me conta também como o seu cd marcou essa sua caminhada artística, como marcou sua vida pessoal também, como foi caminhar ate ele e depois dele sabe? É triste demais, raizes de uma mema cultura tem que crescer juntos ne, acho wue estamos mais próximos desse momento.

Arte do single
Arte do single

R7: Conta também como o seu primeiro álbum marcou essa sua carreira artística?

Sant: Acredito que ser livre é minha obrigação artística. Emanar isso ao redor. Eu carregava muita coisa que precisava escorrer e não encontrava como, até chegar no rap. Sempre tive aptidão à escrita, mas nunca fui tão livre na folha até subir no palco. Foi na música que encontrei minha liberdade, entende? Meu caminho artístico é esse, o de não mais me sentir sozinho e poder provar que ninguém está. Eu escrevi muito desse disco com 15 anos, comecei a produzí-lo aos 17, lançamos quando completei 20. Durante todo esse processo, o disco tomou diversas formas e conversou muito comigo, sabe? Eu evoluí como pessoa e consequentemente como artista.

R7: E como voce ve essa liberdade manifestada em você hoje? Nesse som com o Diomedes por exemplo. E como você ve a importância de se expressar artisticamente cantando e vivendo a liberdade? 

Sant: Sim, é de onde todo o problema vem. De qualquer forma, vejo um futuro próspero. Nem só porque quero, muito mais porque preciso. Eu me sinto muito mais livre, hoje, mesmo que ainda limitado de várias outras formas. As primeiras linhas desse som, por exemplo, são um bom retrato disso. É real e é isso aí mesmo. Acredito que trazer essa liberdade pra nós é de legítima importância, deusa. Aqui no subúrbio do RJ somos carentes de muitas coisas, mas o que nos mais falta é referência. Se construirmos uma representatividade aqui, ninguém mais se sente menos.

R7: E no que voce se inspirou pra escrever esse som? O que voce quero a transmitir mas nas linhas, junto com essa liberdade que você ta vivendo?

Sant: Eu sempre quero sugerir algo, sabe? "Dizem por aí que tem mais brabos..." Igual eu falar pra você que sou vegetariano. Posso compartilhar sobre meu estilo de vida, mas não impô-lo. O desenho da música foi construído basicamente dentro desse lance da representatividade mesmo: mostrar que estamos aqui independente do que também esteja. Eu não quero explicar rima, não mesmo. Quero propor. Estou disposto a troca.Eu imprimo minha energia em minhas músicas. O que elas farão ao encontrar a sua energia, é com vocês! Quem puder e quiser, compartilhe.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.