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Tribo da Periferia completa 20 anos como referência do rap no YouTube

Banda de Brasília formada por Duckjay e Look comenta como evitou ficar presa ao passado e garantiu sucesso por duas décadas

Música|Helder Maldonado, do R7

Tribo da Periferia: 21 anos de carreira e em alta
Tribo da Periferia: 21 anos de carreira e em alta

Após 17 anos do lançamento do primeiro disco e 21 anos após a formação, o Tribo da Periferia poderia estar naquela tradicional fase em que o ápice do sucesso já está no passado.

Mas na trajetória da banda de rap formada em Planaltina, no Distrito Federal, essa narrativa não se sustenta. Foi exatamente nos últimos anos que a dupla se transformou num grande sucesso do rap nacional.

Uma olhada nos números que o Tribo garante nas plataformas digitais prova isso. Imprevisível, lançada há 12 meses, garantiu visualização típica de astro sertanejo: 179 milhões de acessos. Alma de Pipa, de 2016, tem número semelhante: 141 milhões de cliques. E os outros clipes da banda seguem trilha parecida, como Um Grave Romance, o vídeo mais novo, que já tem 3 milhões de views e continua a crescer. Atualmente, o Tribo se encaminha para conquistar o primeiro bilhão de visualizações no canal de vídeos.

Tribo diz que renovar o som ajuda a manter o sucesso
Tribo diz que renovar o som ajuda a manter o sucesso

Duckjay, líder da banda, tenta explicar como o passar dos anos transformou o Tribo em uma banda maior e não menor, como seria de se aguardar. "Na verdade nós não mudamos, só ganhamos mais notoriedade, pois sempre tivemos essa característica de atuar em vários estilos derivados do rap. Sempre ousei agregar outros estilos, sempre vou ser experimental. Da filosofia ao romance, do poético ao musical", analisa.


Mas ser tão eclético também pode atrair críticas. Duckjay não nega que os fãs mais antigos muitas vezes estranham os rumos que o Tribo toma quando grava o atual "trap pesadão" ou outros estilos. Mas ele garante que faz parte da evolução natural de quem quer continuar relevante. "Desde o início do Tribo tínhamos uma influência muito presente do rap americano. Isso fez com que arriscássemos mais, tanto nas músicas como nos clipes. Acho que a mudança surgiu naturalmente, sem planejamento, foi acontecendo de acordo com a evolução do gênero", comenta.

Duckjay: abordagem social nas letras aproxima fãs
Duckjay: abordagem social nas letras aproxima fãs

Apesar dessa resistência dos fãs mais tradicionais e que preferiam que eles ainda gravassem algo parecido como Carro de Malandro, hit de 2005, o músico enxerga todo o resto de forma positiva.


Inclusive no que diz respeito à forma de trabalhar e divulgar músicas novas. Na época em que a banda surgiu, o processo ainda era feito de maneira bastante analógica e com uma internet pouco desenvolvida e acessível no País. "Era tudo mais complicado, pois o rap sofria uma discriminação expressiva até dentro da própria periferia. Não existia internet, então tínhamos que ir conquistando admiradores no corpo a corpo. Também dependíamos muito das rádios e DJs pra tocar os sons nas festas. Tudo acontecia no boca a boca e quem era desprovido de recursos não tinha muitas chances na cena da época", avalia.

Tribo: "O rap sofria uma discriminação expressiva"
Tribo: "O rap sofria uma discriminação expressiva"

Com essas mudanças, na atualidade é possível ficar mais focado na parte artística e atuar menos nos bastidores, o que Duckjay encara de forma positiva. "Hoje é como se tivéssemos atravessado um campo de batalha. Só precisamos fazer músicas e compartilhar o que sentimos. Todo mundo pode ser uma opção musical nas plataformas digitais, sem discriminação de classe financeira, talento ou beleza. O que não seria possível há 20 anos", completa.


Banda diz que rap influencia positivamente a periferia
Banda diz que rap influencia positivamente a periferia

Fórmula do sucesso?

A banda deixa claro a origem social dos integrantes, inclusive no nome que escolheram para batizar o projeto. Duckjay acredita que entender as periferias do Brasil faz parte do segredo do sucesso, porque a representatividade nas letras atrai um público específico e fiel. "O rap é a música da periferia. Podemos dialogar usando nossas letras e nosso ritmo. Acho que quem consegue dialogar com a periferia tem maior durabilidade em sua carreira. O sucesso é algo muito frágil e rápido. A originalidade é que sustenta sua arte. Na periferia tudo é muito espontâneo e gerações mudam repentinamente, dialetos se renovam, costumes surgem sem planejamentos, e o rap é essa voz. Por isso é muito importante ter representatividade temática nas nossas músicas", determina.

Banda confia na mobilização popular
Banda confia na mobilização popular

Para ele, o papel do estilo vai além da indústria musical e tem como responsabilidade passar influências positivas para que outros moradores de bairros parecidos com os que eles cresceram corram atrás dos próprios sonhos. "Nascemos inseridos nesse contexto de desigualdade social, vivemos isso. Mas desde sempre nós entendemos que podemos mudar muito mais a cabeça de um jovem que vive em uma realidade desfavorável que a do político sentado no seu gabinete. Nos importamos muito mais em transformar a mentalidade de um jovem e incentivá-lo a correr com as próprias pernas em vez de insistirmos em cantar para os governantes. Se a desigualdade diminuiu, foi por mobilização do povo e não por políticas públicas".

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