Depois de mais de dois anos de intensas pesquisas e dezenas de entrevistas, o jornalista Franthiesco Ballerini acaba de lançar o livro Poder suave – Soft power (216 p., R$ 72,50), lançamento da Summus Editorial, obra na qual revela que diplomacia, língua, esportes, mas, principalmente, cultura, são os instrumentos mais eficientes para se abrir a fronteira alheia.
Cunhado pelo cientista político Joseph Nye na década de 1980, o termo “poder suave” designa a capacidade de um Estado ou uma instituição influenciar a opinião pública para que seus objetivos sejam cumpridos.
Franthiesco Ballerini fez a opção de tratar do poder suave apenas no âmbito da cultura. "Isso vai ao encontro, inclusive, do pensamento do próprio Nye. É o aspecto mais sofisticado, sedutor e rentável do conceito", acredita.
O exemplo mais clássico é Hollywood, que, com seus filmes e produtos dele derivados, reproduz um estilo de vida que serve muito bem aos interesses americanos no campo da política e da economia.
Porém, diversos outros tipos de poder suave têm mostrado sua força ao longo dos séculos, deixando claro que ideias podem, por vezes, ser mais persuasivas que canhões.
Dividida em 14 capítulos, a obra mostra que o poder suave pode trazer benefícios políticos, sociais, econômicos, turísticos e diplomáticos para os países cuja herança cultural é forte e legítima internacionalmente.
"Hoje, ser amado é mais eficiente e menos custoso que ser temido”, avalia o autor. Nações detentoras de tal poder são capazes, inclusive, de amenizar um passado em que seus líderes optavam frequentemente pelas armas para conseguir o que queriam.
O Brasil, na avaliaçao de Ballerini, quase sempre relegou à iniciativa privada a missão de projetar sua imagem no mundo. Para o autor, o resultado é, no mínimo, distante do potencial interno.
"Nossas telenovelas são consumidas por mais de cem nações. A bossa-nova hipnotizou a Europa, os Estados Unidos, o Japão, as maiores economias do mundo. E o carnaval atrai todos esses públicos, que ficam embasbacados com sua exuberância. Ou seja, temos munições distintas, para públicos distintos, mas somente nas mãos da iniciativa individual e não de um fomento público internacional”, analisa.
Para o autor, os países que possuírem instituições e agentes culturais com poder simbólico com legitimidade internacional serão aqueles com mais chances de ter um poder suave cultural eficiente e duradouro.