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Arnaldo Baptista lança caixa com discografia e relembra acidente: “Precisei reaprender a viver”

Músico ainda promete novo disco, mas não revela uma data

Pop|Helder Maldonado, Do R7

Arnaldo Baptista: gravação de novo CD é feita sem pressa
Arnaldo Baptista: gravação de novo CD é feita sem pressa

Ao se jogar da janela de um hospital psiquiátrico em 1982, Arnaldo Baptista flertou com a morte. Mas foi com a decisão de colocar esse ponto final na própria história que o músico reaprendeu a viver.

Quase 34 anos se passaram desde esse episódio. Nesse período, Arnaldo se submeteu a diversos tratamentos médicos. Mas foi com a música e as artes plásticas que ele diz ter recuperado a motivação que havia sido consumida pelo vício em drogas e a depressão que atingiu o ex-Mutante no fim dos anos 70.

Com essa insistência em seguir adiante, ele teve o prazer de ver o próprio legado virar influência para as gerações atuais e até para músicos estrangeiros, como Kurt Cobain. Grande parte da produção que alçou Arnaldo a esse posto agora está disponível em uma caixa quase completa que contempla a carreira solo do músico. 

O box traz os CDs Loki? (1974), Singin’ Alone (1982), Elo Perdido + (gravado com a Patrulha do Espaço em 1977 e lançado em 1988), Faremos Uma Noitada Excelente (ao vivo, gravado em 1978 com a Patrulha e lançado em 1988) e Let It Bed (2004). 


O projeto sai antes de Arnaldo finalmente interromper um hiato de onze anos sem um disco de inéditas. O próximo trabalho dele, intitulado Esphera, ainda não tem data para sair. Mas Arnaldo garante que grande parte das músicas estão compostas e algumas até produzidas. 

Porém, aos 67 anos, ele parece ter menos pressa que os fãs para mostrar essas músicas novas. Entre uma pincelada e um acorde no teclado, Arnaldo continua a produzir bastante, mas sem a menor pressão para superar o que já fez ou entregar algo que possa causar arrependimento.


Em entrevista ao R7, o músico adianta detalhes desse novo CD, comenta o lançamento do box, recorda histórias sobre instrumentos e amplificadores valvulados e destrincha polêmicas vividas ao lado do irmão Sérgio Dias Baptista.

R7 — Você é exigente quanto à qualidade sonora dos seus projetos. Por conta disso, se envolveu na remasterização dos discos para a caixa?


Arnaldo Baptista — Eu dei algumas dicas, mas não me envolvi completamente no projeto. Deixei a tarefa para o Carlos Freitas, que fez um excelente trabalho. Se dependesse de mim, eu ia querer mudar bem mais, e isso poderia atrasar o lançamento. Além dos discos, as imagens da caixa são bem legais, como por exemplo uma foto antiga minha com a Lucinha Barbosa (mulher de Arnaldo).

R7 — Esse projeto sai antes do seu tão aguardado novo disco. Quando ele será lançado?

Arnaldo Baptista — Quando, eu não sei. Ele está sendo feito aos poucos. Faço o que surge na minha cabeça. Será um projeto todo de inéditas. O mais importante é que Esphera trata das mudanças e maldições pelas quais a Terra passa nos dias atuais. A atmosfera está estagnada. Precisamos de revoluções de vários tipos, como o fim do consumo de carne.

R7 — Como a pintura te ajuda a compor novas letras?

Arnaldo Baptista — É uma influência de mão dupla. A pintura ajuda a compor e a música ajuda a pintar. É uma união de influências. 

R7 — O Fernando Catatau (Cidadão Instigado) vai mesmo produzir o disco?

Arnaldo Baptista — Isso não está fechado ainda. Ele me ajudou em algumas faixas, mas o CD não será inteiramente feito por ele. Outras pessoas vão me auxiliar. Antes, eu talvez grave um LP ao vivo com amplificadores valvulados para provar que o resultado final com esses equipamentos é bem melhor.

R7 — Arnaldo, você ainda é um fã das guitarras Gibson Les Paul?

Arnaldo Baptista — Sim. Na época dos Mutantes, eu sonhava em ter bons instrumentos, mas era difícil. Hoje consegui atingir essa meta. Tenho tudo que desejava. Mas agora eu descobri que quero comprar uma Gibson Flying 6. Talvez hoje seja o meu maior sonho de consumo em relação a instrumentos. Ela é pouco conhecida, mas ótima.

R7 — Como você encara o reconhecimento que tem na atualidade?

Arnaldo Baptista — Hoje, sou mais valorizado que na época em que gravei os meus discos mais famosos, como o Lóki? Quando esse CD saiu, ele não teve divulgação, não teve nada. Hoje, é um clássico. É por conta desse reconhecimento que às vezes acho que deveria ter gravado mais músicas e arriscado ainda mais na carreira.

R7 — Existe a possibilidade de voltar aos Mutantes?

Arnaldo Baptista — Não. Uma vez, eu discuti com o meu irmão no aeroporto por conta da nossas divergências em relação aos equipamentos. Ele não entende como os amplificadores valvulados são superiores. Sérgio acha que a equalização é muito difícil. Desde então, não quis mais fazer show com eles. 

Arnaldo Baptista: caixa traz obra quase completa do ex-Mutante
Arnaldo Baptista: caixa traz obra quase completa do ex-Mutante

R7 — Mas você se arrepende de ter participado da volta da banda?

Arnaldo Baptista — De forma alguma. Os Mutantes foram interessantes por conta das etapas. Teve a época que toquei baixo, a época que estive à frente dos teclados. Queria ter tocado bateria também. Depois que saí do grupo, percebi que evoluí muito como músico lá dentro.

R7 — Qual o impacto do acidente na sua vida e carreira?

Arnaldo Baptista — A pior coisa do acidente foi ficar isolado. Isso é terrível. E no hospital, não tinha como praticar música, porque é preciso fazer silêncio. Foi por conta disso que me aproximei da pintura, que era uma alternativa silenciosa para expor minha criatividade. Aliado a isso, passei a escrever. Essas duas tarefas me deram força para a recuperação. 

R7 — Seria impossível se recuperar sem arte?

Arnaldo Baptista — Seria sim. Talvez eu tivesse ficado com mais sequelas sem as artes. Com esse episódio, precisei reaprender a viver. Não é algo fácil.

R7 — Você ainda ouve muita música, descobre coisas novas?

Arnaldo Baptista — Hoje, gosto muito de ouvir Elton John. Deve ser o artista que eu mais admiro há alguns anos.

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