Aventura empolgante, novo Peter Pan mostra origem do personagem e deve agradar a todas as idades

Um dos personagens mais lembrados e queridos do imaginário infantil, Peter Pan já ganhou inúmeras adaptações em livros, peças de teatro, desenhos e filmes, todos baseados na obra de J.M. Barrie, de 1911. E a prova do sucesso do menino que não quer crescer é que, mais de 100 anos depois, ainda existem projetos sendo feitos a partir de sua história.

Chega aos cinemas nesta quinta-feira (8), Peter Pan, filme que tenta lançar uma nova luz sobre o personagem, desvendando suas origens. Afinal, como ele foi parar na Terra do Nunca e como se tornou o mito que todos conhecem?

Muita gente pode não gostar do filme por conta, justamente, das mudanças nos personagens tão estabelecidos na nossa imaginação. O Peter deste filme (interpretado pelo fofo Levi Miller) não parece tão rebelde e cheio de si como aquele que conhecemos, mas isso não incomoda, afinal estamos tentando entender como tudo começou. James Hook, o Capitão Gancho, ainda não é Capitão, ainda não tem um gancho no lugar de uma das mãos e não é malvado. O filme, inclusive, usa ideias bastante criativas como o fato de Peter e James se tornarem amigos e parceiros de aventuras. Pode parecer um absurdo para os fãs mais fervorosos, mas para quem for ao cinema com a mente aberta, a nova trama oferece uma versão bem interessante das coisas.

Parecidos? Compare os personagens da nova versão de Peter Pan com os do desenho clássico

A direção de Joe Wright capricha no visual e nas cenas de aventura. É muito interessante ver como eles recriaram cenários e figurinos também já conhecidos dos fãs, mas com toques diferentes. O filme explora um lado mais místico e sombrio da Terra do Nunca. A fotografia é belíssima e rende cenas de encher os olhos com um 3D muito bem aproveitado (vale ressaltar uma cena absolutamente genial envolvendo uma galinha, fique de olho).

Os atores estão bem em seus papeis, principalmente Garrett Hedlund, o Gancho, e Hugh Jackman, que interpreta o grande vilão do filme, o pirata Barba Negra. Enquanto Hedlund mostra um lado inédito de Gancho, todo galanteador, com coração mole e tudo, Jackman se solta no papel e entrega um pirata bem caricato, mas isso não é ruim, já que o personagem pedia esse tom meio teatral. Também vale mencionar uma ótima sacada da produção, que colocou os piratas para cantar músicas de rock de bandas como Nirvana e Ramones. É impossível não dar risada e querer cantar junto.

A talentosa Rooney Mara entrega uma boa versão da Tigrinha, mesmo depois de toda a polêmica, já que muita gente reclamou da escalação de uma atriz branca para fazer o papel de uma indígena. Faltou um pouco mais de desenvolvimento da personagem, mas nada que atrapalhe. O visual dela e de toda a tribo é que chama muito a atenção. O pequeno Levi Miller, o Peter Pan, cativa com seu jeito divertido, mas como dito anteriormente, lhe falta um pouco da malícia do Pan original.

Agora, uma aparição que decepciona é a de Cara Delevingne. A estrela em ascensão interpreta um grupo de sereias e, apesar de incrivelmente bela, ela é mal aproveitada e participa por meros segundos, sem nem abrir a boca. Uma pena, já que Cara vem provando em filmes como Cidades de Papel o quanto é boa como atriz. Além de que as sereias do desenho da Disney, de 1953, tem aquele tom irônico, de deboche e estão sempre tirando uma com a cara de Wendy. Seria legal ver atitude na tela, ou pelo menos alguma fala.

Adeel Akhtar, que faz a versão jovem do Senhor Smee, rouba a cena. É ele quem recria o papel mais próximo daquilo que conhecemos, usando inclusive trejeitos e o tom de voz bem parecidos com o do ajudante de Gancho no desenho da Disney. O ator garante alguns dos momentos mais cômicos do filme.

CUIDADO COM O SPOILER! SE NÃO QUISER SABER MAIS DETALHES, PARE DE LER AGORA!

Não se preocupe que esse spoiler não é nada que vá estragar sua experiência com o filme, mas o final abre espaço para continuações. Por exemplo, o filme não conta como Peter Pan e Capitão Gancho viraram os famosos arqui-inimigos que conhecemos. Outro ponto é aquilo que mais caracteriza Peter Pan: a vontade de não virar adulto, pouquíssimo explorada por aqui. Tudo isso nos faz acreditar que, dependendo do desempenho deste longa nas bilheterias, teremos mais sequências.

Com muita magia, aventura e um toque delicioso de nostalgia, Peter Pan foi feito para conquistar adultos e crianças. 

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