Com mistura de Tim Maia, soul e funk, Mister Paulão quer se revelação da música com 41 anos

O cantor, compositor e publicitário Paulo Henrique Siqueira, de 41 anos, também conhecido como Mister Paulão, lança seu primeiro trabalho, Guarde Minha Voz, e conta com o apoio de nomes conceituados da música brasileira.

Produzido por Sandra de Sá e Michael Sullivan , o álbum conta com 16 faixas, entre elas com algumas participações especiais como: Placa Luminosa na faixa Ego, Ivo Meirelles em Não Quero e um tema já gravado pelo saudoso Emílio Santiago, O Amigo De Nova Iorque com Sandra de Sá e Macau, um dos compositores da canção. Dentre outras, estão Não Vá com a cantora Alcione e Rio de Paixão, com videoclipe protagonizado pela atriz Cris Vianna.

O cantor respondeu as perguntas do R7 sobre como ser uma revelação aos 41 anos, entre outras.

R7 - Começar cedo na música, hoje em dia, já é um desafio para qualquer um. Você tem 41 anos. Por que demorou tanto para iniciar sua carreira e como pensa em superar os obstáculos que o mercado impõe atualmente?

Mr. Paulão - A carreira não começou aos 41 anos, eu acredito que a carreira artística começa desde sempre, você nasce com essa identidade da música e a música vai te acompanhando a vida toda. A carreira profissional, propriamente dita, começou com 33 anos, com o show tributo a Tim Maia, que fez mais de cem shows em três anos pelo Brasil. E alegrar as pessoas e sentir esse contato com o público e essa identidade com a soul music, com a música romântica e com tudo que ela proporciona. O mercado sempre impõe obstáculos, dificuldades, segmentos aparecem e desaparecem, mas a música é atemporal, é sentimento, é aquilo que você sente e guarda pro resto da vida. Desde a infância, nos primeiros dias da vida, até nossa última música de despedida, quem nunca se apaixonou com uma música? Quem nunca fez referência de um grande momento de vida sempre ligado a alguma música? Na verdade, é isso que a gente propõe, o que eu espero é poder realmente transmitir esse sentimento para as pessoas. Que as pessoas sintam, assim como eu, a verdade desse álbum que está saindo agora pro mercado.

R7 - Não é estranho ser uma revelação aos 41 anos?

Mr. Paulão - Acho que a revelação a gente nunca é, as pessoas entendem a gente ou não como revelação. Não posso me impor como revelação ou querer ser uma revelação nacional. Se as pessoas sentirem que sou de verdade e que a música é de verdade, vão sentir a revelação.

R7 - Conte um pouco como você saiu da publicidade e foi parar na música? Muitos músicos fazem o caminho contrário e acabam caindo na publicidade com a produção de jingles e spots.

Mr. Paulão - Tenho vários amigos músicos que ingressaram na publicidade. São parceiros, como Sérgio Sá, compositor de Fábio Jr., que trabalha muito bem no mercado publicitário. A minha vida na publicidade sempre foi ligada à música com produção artística, cultural. Sempre musicalizei a minha carreira publicitária, que deu certo. Não é largar a publicidade, mas é encarar, vestir de uma vez a questão da música como o principal da minha vida

R7 - Tim Maia, uma das suas influências, bebia muito da música americana da década de 70. Do soul, do funk. É um caminho que você também segue?

Mr. Paulão - Sem dúvida, o Mestre Tim é a base daquilo que entendi como meu musicalmente. Comecei a minha vida profissional musical com tributos a Tim Maia, com muito sucesso. E o Tim é a base de tudo que ouço. O Tim foi o gênio que conseguiu misturar soul music americana, desde Off the Wall, [do Michael Jackson] até hoje. Toda a Motown ,que é a influência do trabalho que apresento hoje, e os produtores Michael Sullivan e Sandra de Sá souberam condensar isso numa linguagem atual, mas buscando a influência dos anos 70 e 80, com metais atacando ao mesmo tempo com solos harmoniosos, com arranjos bem trabalhados, Motown é a nossa mãe, é a nossa mãe musical. O Tim Maia era a expressão brasileira da Motown e que fez e faz tanto sucesso e nos deixa tão saudosos.

R7 - Como desbravar o mercado atual do funk e das músicas com refrãos fáceis com uma música de qualidade?

Mr. Paulão - Acho que a pergunta é a resposta, é a música com qualidade, é a música com sentimento. Friso a questão do sentimento. A música foi feita pra você sentir. Se ela não te arrepiar, te dizer a verdade, não marcar, ela não aconteceu na sua vida e vira descartável. O mais importante de todo o trabalho é mergulhar no sentimento para poder passar o sentimento, e que as pessoas tenham essa verdade dentro de sua vida quando ouvirem a sua música. A qualidade é a busca incessante para o sucesso, tem que ser a qualidade, tem que buscar o melhor de si, se superar, eu gosto muito de pensar que a pessoa que está ouvindo, ela está procurando te desafiar também, procurando saber se realmente se entregou de corpo e alma naquilo que você está fazendo. O mercado de rádios adultas segmentadas, de revival, inclusive na TV, tem crescido e tomado um posicionamento estratégico importante. Elas querem esse vintage, esse revival em busca de qualidade. A música é atemporal, o sentimento é atemporal, independe do ano, da idade, do mercado. Ele depende apenas do sentimento da dimensão humana

R7 - Há algum artista da atual geração que faça um som similar ao seu? Como definiria sua música?

Mr. Paulão - O artista que mais me identifico hoje é o havaiano Bruno Mars, ele realmente é um espetáculo, um showman. Comparado ao Michael Jackson, ele tem uma identidade própria, metais atacados, disco total, soul total. O Bruno Mars tem trazido essa vontade pro mercado atual, desbravando, conquistando o primeiro lugar em várias medidoras, fazendo shows espetaculares, com picos de audiência. A música, como Tim gostava de dizer "é da dor de corno até refrescar o cecê". É aquela que passa felicidade, canto a felicidade, o amor, as coisas boas da vida. De tristeza, a gente já está de saco cheio.

R7 - Como surgiram as participações e a produção do Michael Sullivan no seu CD?

Mr. Paulão - O Michael Sullivan é um grande amigo, chamo ele de professor. Um dia, mandei uma gravação minha para ele, cantando Me Dê Motivos. E um dia eu tava em casa, tocou o telefone, vi que era do Rio, atendi e ele falou: “Paulão, aqui é o Michael Sullivan. Você tem a voz do Barry White”. Eu disse pra ele que retornaria em instantes e desliguei o telefone. Minha mãe perguntou quem era, eu respondi. Ela perguntou porque eu desliguei, aí eu disse: “Esperei por essa ligação a minha vida toda. Preciso pensar no que dizer para ele”. Depois, a Sandra de Sá me ligou e ofereceu três músicas dela e do Macau. Nesse dia, eu tava na estrada e errei o caminho, demorei mais duas horas pra chegar onde queria.

R7 - Tem alguma história interessante de bastidores nestes anos em que você fez o tributo ao Tim Maia ou em sua carreira solo?

Mr. Paulão - Num show em Itapecerica da Serra, ao ar livre, quando estava descendo depois de 1h45 de show, desci e tinha uma senhora com um vinil do Tim Maia ao final da escada. Olhei pra ela e ela estava com os olhos cheios de lágrimas: “Filho, eu esperei tantos anos para você autografar esse disco pra mim”. Falei: “Querida, chegou teu dia”. Escrevei um beijo, Tim Maia. O guitarrista perguntou se eu tinha entendido o que ela falou, e respondi que sim. Falei que entendi, entendi que a gente veio aqui homenagear o Tim Maia, e ela viu o Tim Maia. Tem presente melhor do que esse? A gente veio trazer Tim e ela saiu daqui com o Tim, pra que vou explicar pra ela que ele tinha morrido mais de dez anos antes desse shows?

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Assista ao videoclipe de Rio de Paixão

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