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Descendente de negros e japoneses, Yannick mistura rap com mangá

Cantor é conhecido como o Afro Samurai brasileiro

Pop|Daniel Vaughan, do R7

Yannick Hara se inspira no herói Afro Samurai
Yannick Hara se inspira no herói Afro Samurai

Yannick Hara chama a atenção no hip hop nacional. Filho de pai negro e mãe japonesa, o cantor paulistano combina rap com mangá, de uma forma inusitada.

Segundo Yannick, a raiz de seu estilo teve inspiração nos pais. 

— Tenho muito orgulho da minha origem. Em casa, sempre me ensinaram que eu deveria assimilar as duas culturas. 

Apesar dos conselhos familiares, fora do lar, o então adolescente enfrentou estranhamento de ambos os lados.


— Infelizmente, sofri preconceito no meio da comunidade negra e japonesa. Nos anos 80, era muito difícil haver essa fusão de culturas, mas hoje é mais comum.

Yannick: japonês no rap
Yannick: japonês no rap

Mesmo assim, o pequeno guerreiro passou por cima de qualquer intimidação. O orgulho pela miscigenação ganhou mais força quando ele conheceu um supergrupo dos anos 90 e o personagem inovador criado pelo mestre Takashi Okazaki.


— O Wu-Tang Clan foi a primeira identificação que tive com o rap, pois são negros influenciados pela cultura oriental. Me senti representado. Já o mangá Afro Samurai também retrata esses dois lados.

Com o passar do tempo, o rapper foi abrindo seu espaço na cena independente. Yannick, que já ganhou o apelido do ídolo dos quadrinhos, lançou recentemente o EP Também Conhecido como Afro Samurai. No repertório do trabalho, estão canções baseadas em animes e mangás como Vingança, Afro Vs Justice, A Maldição da Bandana e Ressurreição. Além disso, ele não só protagonizou como roteirizou quatro clipes do disco.


Para entender mais sobre a fusão de culturas, o R7 conversou com o nosso Afro Samurai.

R7 — Como foi assimilar as culturas negra e japonesa na sua vida?

Yannick Hara — Isso é bem interessante e tenho muito orgulho da minha origem. Em casa, meus pais sempre me ensinaram que eu deveria assimilar as duas culturas. Na infância, fiz parte de um grupo de escoteiro japonês, onde se ensinavam a língua e a escrita, além dos conceitos da cultura dentro do escotismo. Na adolescência, pratiquei também a capoeira e nesse momento me aproximei muito do lado africano. Fui muito influenciado pelas vestimentas, hábitos e culinárias de ambas as culturas

"Meus pais me ensinaram que eu deveria assimilar as duas culturas"

(Yannick Hara)

R7 — Você sofreu algum tipo de preconceito por ser negro e oriental? 

Yannick Hara — Infelizmente sofri isso no meio da comunidade negra e japonesa. Nos anos 80, era muito difícil haver essa fusão de culturas, mas hoje é mais comum.

Yannick faz pose de samurai
Yannick faz pose de samurai

R7 — Como surgiu o rap na sua vida?

Yannick Hara — Eu comecei a ouvir rock através da influência do meu irmão Thiago e, nessa época, eu conheci o rap norte-americano. Porém, foi na escola que eu conheci o rap nacional. Um amigo me emprestou uma fita K7 dos Racionais MC’s e quando eu ouvi me apaixonei pelo gênero. Em seguida, fui consumindo diversos outros cantores da época e me aprofundando mais na cultura hip hop.

R7 — Qual é a proximidade do rap com a arte oriental? Lembro que o Wu-Tang Clan foi um dos primeiros grupos a fazer isso, além do Carl Douglas, em Kung Fu Fighting...

Yannick Hara — O Wu-Tang Clan foi a primeira identificação que tive com o rap e a minha origem, pois são negros influenciados pela cultura oriental. Me senti representado e percebi como é maravilhosa a arte... une tudo e todos. No caso do Kung Fu Fighting, fui conhecer apenas depois, quando comecei a pesquisar sobre a história da música e só confirmei essa fusão de conceitos.

R7 — Além do Wu-Tang Clan, quais são suas influências musicais?

Yannick Hara — Eu ouço todo o tipo de música, porque tenho a mente aberta o suficiente para entender que a música é a linguagem artística que deve ser ouvida, compreendida e respeitada... seja qual for o gênero. Para mim, a música é espiritual e vai além do entendimento humano.

R7 — E o que você tem curtido no momento?

Yannick Hara — Ultimamente, tenho ouvido diversos cantores, como Benjamim Clementine, que faz arte contemporânea, sem qualquer definição. Estou curtindo muito Ava Rocha e Sara Não Tem Nome, que são duas cantoras fantásticas da música brasileira. E tenho ouvido também muito rock nacional com as bandas NDK, Medulla, Vivendo do Ócio, Vó Tereza e Maguerbes. Além disso tudo, tem o Curumin, que é um compositor e produtor maravilhoso.

"Música é a linguagem artística que deve ser ouvida%2C compreendida e respeitada%2C seja qual for o gênero"

(Yannick Hara)

R7 — Qual é a inspiração dos mangás na hora de compor?

Yannick Hara — Desde de criança tenho o hábito de ler mangás. O Lobo Solitário foi o primeiro que eu li. Eu amo a forma do desenho, dos diálogos e isso fazia eu imaginar como era a época dos samurais. A minha criatividade foi aflorada imensamente nessa época. Já os animes, o primeiro que vi foi Akira, daí fiquei abismado com tudo aquilo... o conceito é muito complexo. Em seguida, assisti ao Ghost in the Shell e também acompanhei toda aquela febre com Os Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z.

R7 — E o que significa, para você, o personagem Afro Samurai? A galera te chama assim?

Yannick Hara — Sim, Afro Samurai já virou o meu apelido. O personagem representa, para mim, a minha própria pessoa. Por mais que ele não seja um filho de pai negro e mãe japonesa, é um homem negro inserido na cultural oriental e isso me retrata, me simboliza.

R7 — Como foi o processo de compor o EP?

Yannick Hara — Levei exatos seis anos para produzir o EP Também Conhecido como Afro Samurai. Venho desde 2010 tentando unir todos os mecanismos necessários para executar essa obra. Assisti ao anime mais de cem vezes, decorei todas as falas e, desse processo, compus as músicas Vingança, Afro Vs Justice, A Maldição da Bandana e Ressurreição. Quando eu percebi que eu já havia esgotado as opções do anime, eu passei para o mangá e compus as músicas Jinno, Também Conhecido Como Afro Samurai, a faixa remix e a canção Luto por Você.

"A vingança destrói o vingador"

(Yannick Hara)

R7 — Seus clipes são muito bem produzidos. Você faz os roteiros?

Yannick Hara — Sim, todos os roteiros dos quatro clipes lançados são meus. Precisei explicar para cada diretor o conceito e concepção do trabalho, então tive que fazê-los assistir ao anime para entender o que eu queria nesses clipes. E o resultado foi além do esperado. Ainda vou lançar outros clipes, até totalizar as oito faixas do EP.

Yannick Hara lançou o EP Também Conhecido como Afro Samurai
Yannick Hara lançou o EP Também Conhecido como Afro Samurai

R7 — Você pretende viajar para o Japão? Ou se corresponde com a galera do rap de lá?

Yannick Hara — Sinceramente, eu não sei se tenho fãs no Japão. Me correspondo com dois artistas de lá que participaram de uma faixa remix chamada AKA Afro Samurai, que são os rappers Deon e Funky Hige Hank. Os conheci através do Instagram e tive a honra de trabalhar com eles à distância. E quando eu for ao Japão quero terminar o terceiro ano do EP, antevendo o lançamento do próximo trabalho. Além disso, vou entregar nas mãos do escritor Takashi Okazaki essa obra que executei no Brasil. Esse é meu atual sonho e estou fazendo de tudo para realizá-lo.

R7 — Tem muitos fãs de rap que estão conhecendo a cultura japonesa através da sua arte?

Yannick Hara — Estou feliz com assimilação de pessoas que não conhecem o mangá e o anime, mas que gostaram da performance nas apresentações ao vivo. Criei uma espécie de peça teatral, divididas em três atos: o estranho, a reflexão e o entendimento.

R7 — E qual é a mensagem do afro samurai?

Yannick Hara — Para os internautas peço que abram suas mentes e seus corações e ouçam essa obra de um filho de pai negro e mãe japonesa. E a mensagem é: "a vingança destrói o vingador".

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