Diretor divide prêmio de R$ 250 mil com concorrentes no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2014
Tom politizado marcou noite que deu 11 prêmios a Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
Pop|Miguel Arcanjo Prado, enviado especial do R7 a Brasília
A 47ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou como começou: com forte postura política no palco do Cine Brasília, na noite desta terça (23). Afinal, os homenageados deste ano, Glauber Rocha e Eduardo Coutinho, são dois dos maiores representantes de um cinema de discurso político potente.
Como bem definiu o presidente do júri, Orlando Sena, ao anunciar Branco Sai. Preto Fica como melhor filme de 2014, “o Festival de Brasília está mais político do que nunca”.
O longa dirigido por Adirley Queriós, do CeiCine, o Coletivo de Cinema de Ceilândia, cidade satélite de Brasília, é uma espécie de “filme vingança” daqueles que estão excluídos do Plano Piloto. Seu longa ganhou 11 prêmios na noite.
A produção mistura ficção científica com documentário para gritar contra o apartheid social existente no Distrito Federal, separando os pobres nas cidades satélites dos ricos de Brasília.
Prêmio para todos
Em decisão inédita na história do mais tradicional festival de cinema brasileiro, Adirley Queirós dividiu os R$ 250 mil que levou por fazer o melhor filme com os outros cinco diretores de longas que competiam com ele no Festival de Brasília.
A decisão foi tomada por unanimidade por todos os diretores de longas antes do anúncio do ganhador.
“A curadoria do Festival de Brasília foi corajosa nesta seleção de 2014. Este grupo de seis diretores de longas tem muitas afinidades políticas e decidiu-se coletivamente que o prêmio seria dividido. As questões políticas são mais importantes do que tudo, do que a gente, do que o filme e do que os prêmios”, discursou Queirós, vestido com a camisa do Ceilândia Esporte Clube.
Branco Sai. Preto Fica também levou o prêmio de melhor ator para o DJ Marquim do Tropa e de direção de arte para Denise Vieira.
Outros filmes
Apesar do sucesso do filme de Ceilândia, o longa que mais levou exemplares do Troféu Candango foi o pernambucano Brasil S/A, com cinco no total: melhor direção para Marcelo Pedroso, além de montagem, som, trilha e roteiro.
Ventos de Agosto, também de Pernambuco, levou melhor fotografia e melhor atriz para Dandara de Morais. Já o mineiro Ela Volta na Quinta ficou com os prêmios de melhor atriz coadjuvante, para Élida Silpe, e melhor ator coadjuvante para Renato Novais. O melhor filme na votação popular foi o paulista Sem Pena, de Eugenio Puppo.
Curta-metragem
Na categoria de curta-metragem, Loja de Répteis levou três Candangos: melhor trilha, direção de arte e fotografia. O curta Sem Coração levou melhor montagem e melhor direção, para Nara Normande e Tião, além do prêmio de melhor filme pelo júri oficial. Enquanto que na votação popular o melhor filme foi Crônicas de uma Cidade Inventada. Estátua levou melhor roteiro e melhor atriz, para Maeve Jinkings. Já o melhor ator foi Zé Dias, de Geru.
Troféu Câmara Legislativa
Também foi entregue na noite desta terça (23) o Troféu Câmara Legislativa aos filmes que participaram da Mostra Brasília, somente com produções do Distrito Federal.
Branco Sai. Preto Fica levou melhor longa no júri oficial, ator, montagem, edição de som, captação de som direto. Já Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos levou melhor direção, trilha sonora e longa no voto popular. O melhor curta na escolha do público foi Ácido Acético, que ainda levou melhor roteiro. Já o melhor curta para o júri foi Crônicas de uma Cidade Inventada. A melhor atriz foi Klarah Lobato, por Querido Capricórnio. A melhor fotografia foi do curta Meio Fio e a melhor direção de arte, de À Mão Armada.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Veja, abaixo, a lista completa de ganhadores do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:
FILMES DE LONGA-METRAGEM
Melhor filme (R$ 250.000,00) – Branco sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
Melhor filme pelo júri popular (R$ 50.000,00) – Sem Pena, de Eugenio Puppo
Melhor direção (R$ 30.000,00) - Marcelo Pedroso, por Brasil S/A
Melhor ator (R$ 15.000,00) – Marquim do Tropa, por Branco sai. Preto Fica
Melhor atriz (R$ 15.000,00) – Dandara de Morais, por Ventos de Agosto
Melhor ator coadjuvante (R$ 10.000,00) – Renato Novais de Oliveira, por Ela Volta na Quinta
Melhor atriz coadjuvante (R$ 10.000,00) – Élida Silpe, por Ela Volta na Quinta
Melhor roteiro (R$ 15.000,00) – Marcelo Pedroso, por Brasil S/A
Melhor fotografia (R$ 15.000,00) – Gabriel Mascaro, por Ventos de Agosto
Melhor direção de arte (R$ 15.000,00) – Denise Vieira, por Branco sai. Preto Fica
Melhor trilha sonora (R$ 15.000,00) – Mateus Alves, por Brasil S/A
Melhor som (R$ 15.000,00) – Pablo Lamar, por Brasil S/A
Melhor montagem (R$ 15.000,00) – Daniel Bandeira, por Brasil S/A
FILMES DE CURTA-METRAGEM
Melhor filme (R$ 35.000,00) – Sem Coração, de Nara Normande e Tião
Melhor filme pelo júri popular (R$ 25.000,00) – Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
Melhor direção (R$ 15.000,00) - Nara Normande e Tião, por Sem Coração
Melhor ator (R$ 10.000,00) - Zé Dias, por Geru
Melhor atriz (R$ 10.000,00) – Maeve Jinkings, por Estátua!
Melhor roteiro (R$ 10.000,00) – Gabriela Amaral Almeida, por Estátua!
Melhor fotografia (R$ 10.000,00) – Beto Martins, por Loja de Répteis
Melhor direção de arte (R$ 10.000,00) – Juliano Dornelles, por Loja de Répteis
Melhor trilha sonora (R$ 10.000,00) – Piero Bianchi, Vinícius Nunes e Mateus Alves , por Loja de Répteis
Melhor som (R$ 10.000,00) – Fábio Baldo, por Geru
Melhor montagem (R$ 10.000,00) - Nara Normande e Tião, por Sem Coração
TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA DO DF - MOSTRA BRASÍLIA
Melhor longa-metragem – Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
Melhor curta-metragem – Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
Melhor direção – André Luiz Oliveira, por Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato
Matos
Melhor ator – Marquim do Tropa, por Branco Sai. Preto Fica
Melhor atriz – Klarah Lobato, por Querido Capricórnio
Melhor roteiro – Fáuston da Silva, por Ácido Acético
Melhor fotografia – Dani Azul, por Meio Fio
Melhor montagem – Guille Martins, por Branco Sai. Preto Fica
Melhor direção de arte – Luiz Fernando Skopein, por À Mão Armada
Melhor edição de som – Guille Martins e Camila Machado, por Branco Sai. Preto Fica
Melhor captação de som direto – Francisco Craesmeyer, por Branco Sai. Preto Fica
Melhor trilha sonora – Renato Matos, por Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato
Matos
Melhor longa-metragem pelo júri popular – Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato
Matos, de André Luiz Oliveira
Melhor curta-metragem pelo júri popular – Ácido Acético, de Fáuston da Silva
PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES: Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos, de André Luiz Oliveira
PRÊMIO CANAL BRASIL: Sem Coração, de Nara Normande e Tião
PRÊMIO EXIBIÇÃO TV BRASIL: Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
PRÊMIO ABRACCINE
Melhor filme de curta-metragem: Estátua!, de Gabriela Amaral Almeida
Melhor filme de longa-metragem: Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
PRÊMIO SARUÊ: Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
PRÊMIO VAGALUME
Melhor filme de curta-metragem: Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
Melhor filme de longa-metragem: Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro
PRÊMIO CONTERRÂNEOS: Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos, de André Luiz Oliveira