Entenda por que Cristiano Araújo era tão famoso para alguns e um completo desconhecido para outros

A morte de Cristiano Araújo chocou o Brasil na manhã de 24 de junho. Para os fãs que seguiam a carreira do cantor, considerado uma das revelações do sertanejo, perder o ídolo de 29 anos de uma forma tão trágica ainda é algo difícil de aceitar.

Mas, para outras pessoas, principalmente moradores do eixo Rio-São Paulo, o cantor não era tão conhecido assim. Nas redes sociais, foi relativamente comum ver pessoas comentando que nunca tinham ouvido falar do astro sertanejo.

Famoso há cerca de quatro anos, Cristiano Araújo integra uma nova geração de artistas que independem do formato de divulgação das gravadoras, não contam com exposição em veículos tradicionais de imprensa e nem atingem sucesso em regiões antes consideradas essenciais, como as capitais dos Estados.

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O êxito do cantor está atrelado principalmente a um trabalho sólido de divulgação e presença constante em rodeios, feiras agropecuárias e aniversários de cidades. Esses eventos acontecem principalmente em cidades do interior de Estados do Centro-Oeste, Sul e Sudeste e integram o nem tão recente domínio sertanejo na música nacional.

Desde o início dos anos 2000, o estilo tomou espaço do rock, axé, MPB e pop no País. Segundo uma pesquisa realizada pela Crowley, músicas sertanejas foram executadas mais de 838 mil vezes nas emissoras auditadas pela empresa em 2013. Enquanto a MPB teve menos de 6.000 execuções. O rock ainda garante 41 mil execuções, atrás do pop nacional e internacional (com 220 mil) e samba/pagode (160 mil).

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Cristiano é um exemplo disso. Nas listas das músicas mais tocadas de 2013, ele emplacou dois sucessos: Caso Indefinido e Mente pra Mim. Em 2014, foi mais um: Cê que Sabe. Isso sem contar Maus Bocados e Bara Berê, tocadas em qualquer festa sertaneja dos últimos três anos.

Além disso, cantores que integram as listas dos mais tocados e vendidos do Brasil, sequer chegam a se apresentar com frequência em casas tradicionais de São Paulo e do Rio, como Citibank Hall ou HSBC Brasil. Até porque, franquias como Woods e Brooks se popularizaram pelo País como casa para shows e baladas em cidades estratégicas. É um nicho com foco em um público bem específico.

Em paralelo à consolidação desses segmentos, houve também a mudança e a ampliação nas formas de consumir música na última década. Embora Cristiano Araújo seja um sucesso nas rádios, muita gente não tem essa mídia como fonte de consumo de música.

As músicas mais tocadas na plataforma de streaming Spotify, por exemplo, são diferentes, até porque o público assinante tem um perfil socioeconômico distinto. Mas nem tanto. No top cinco, os sertanejos Henrique e Juliano e Jorge e Mateus até estão entre os cinco mais tocados, só que atrás dos astros internacionais Calvin Harris, Ed Sheeran e Maroon 5. Ou seja: no digital, é diferente.

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Apesar de ser encarado como um completo desconhecido por algumas pessoas, Cristiano Araújo não está sozinho entre os artistas que passam despercebidos para o público elitizado das grandes capitais ou fora de seus estados. Jads e Jadson, Henrique e Juliano, Zé Felipe, Neto LX, Ferrugem, Loubet, Rei da Cacimbinha, Vane K, Duas Medidas e muitos outros nomes são fenômenos locais que podem até não chegar a alcançar o sucesso nacional, mas que vão passar uma carreira tranquila explorando uma determinada região, com boa base de fãs e cachês mais valorizados que o de antigos e consagrados astros do rock ou MPB.

Se em um mesmo Estado as cenas musicais mudam completamente entre uma região e outra, imagine em um País com a extensão territorial do Brasil?

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