Fiel ao filme original, novo Poltergeist desperta nostalgia, mas também pode agradar o público jovem
Adaptação atualiza a história, mas preserva a essência do clássico
Pop|Felipe Gladiador, Do R7




Lembro que quando eu era pequeno morria de medo daquela garotinha loira que ficava conversando com a TV. Eu estava longe de nascer quando o primeiro Poltergeist — O Fenômeno foi lançado, em 1982, mas como o filme fez bastante sucesso, nos anos seguintes ele foi reexibido inúmeras vezes, ganhando mais fama ainda por conta da história da suposta maldição sofrida pelo elenco. Já adolescente, tomei coragem de assistir ao filme todo e adorei, porque é até engraçado de certo modo e era impossível não torcer por aquela família. Alem disso, entendi que não era da fofa menininha que eu tinha que ter medo.
Nesta quinta-feira (21), chega aos cinemas Poltergeist — O Fenômeno, nova versão do clássico que marcou toda uma geração. Tive a chance de assistir a esta nova versão, a convite da Fox, no mesmo dia em que assisti ao filme original. Fazia muito tempo que eu tinha assistido ao longa antigo e alguns detalhes fugiam à mente, mas colocando as duas versões lado a lado, posso dizer que a de 2015 presta uma ótima homenagem à de 82, por preservar a sua essência.
Tudo é bastante parecido. Os cenários, a árvore assustadora do quintal, o boneco palhaço (que ganha aqui um versão ainda mais assustadora), e até mesmo a família escolhida. Kennedi Clements, a garotinha escalada para a produção atual, pode até não ser loira, mas tem aquele mesmo olhar que Heather O'Rourke, e também manda bem em cena.
Protagonista de Poltergeist morreu muito cedo com doença estranha. Veja!
O roteiro foi atualizado, para adequar a história aos novos tempos (dessa vez não é só a TV que é usada para se comunicar com os fantasmas, mas também tablets, smartphones e até um drone), mas os arcos principais do filme são mantidos. Outra sacada bem interessante para atualizar a história é que o médium que ajuda a família nesta versão é uma estrela de um reality show sobre fantasmas daqueles bem caricatos num canal de TV. E ele ganha tanto carisma nas mãos do ator Jared Harris quanto a sensitiva baixinha e durona de Zelda Rubinstein no primeiro Poltergeist.
O elenco, aliás, é um grande acerto. Assim como no original, a família é bem real e legal, então fica difícil não torcer para que eles se salvem. Vai dizer que naqueles filmes que tem mocinhos chatos você não torce pelo vilão?
Comparando os momentos nos quais os dois filmes foram lançados, é engraçado perceber como os personagens foram construídos. Em 82, a família da trama era de classe média e estava bem de vida, mas viu seu "sonho americano" desmoronar quando descobrem o mal que assola a casa. Já na versão 2015, eles são uma família que precisa se mudar para um bairro distante, numa casa estranha, tudo porque o pai está desempregado e a mãe é uma escritora frustada.
O legal é que aquele terror com toques místicos e uma boa dose de humor é mantido, o que torna a experiência mais envolvente do que apenas assustadora. Você vai tomar uns sustos, mas não vai sair do cinema tremendo de medo, porque a união dessa família para acabar com o mal e seguir a vida é o grande mote do longa.
A nova versão de Poltergeist é divertida e presta uma boa homenagem ao clássico. Alguma pessoas podem argumentar que os filmes são muito parecidos e que isso torna a versão mais recente desnecessária, mas acredito que as duas produções valem o tempo investido e o dinheiro também. O mais o novo, inclusive, usa o 3D de maneira muito bacana e apropriada.
O Poltergeist de 2015 tem tudo para agradar ao público mais jovem, por ter a estrutura de outros longas de terror atuais, mas não deve ofender os mais nostálgicos. Assim como O Massacre da Serra Elétrica, Madrugada dos Mortos e Viagem Maldita, outros clássicos de terror que ganharam versões repaginadas bem interessantes, Poltergeist volta aos cinemas reafirmando como uma boa história pode ser contada de várias maneiras e passada adiante para novas gerações.