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Joe Satriani fala sobre recusa de convite para fazer parte do Deep Purple: "Não estava a fim"

Em entrevista ao R7, guitarrista cutucou as novas gerações de músicos

Pop|Talyta Vespa, do R7

Joe Satriani se apresenta no Brasil em dezembro
Joe Satriani se apresenta no Brasil em dezembro

Os 63 anos se mascaram na aparência jovial e disposta de Joe Satriani. Considerado um dos maiores guitarristas do mundo, o americano deu aulas de guitarra para grandes nomes da música como Kirk Hammet, do Metallica, e Steve Vai.

Satriani, que divide seu tempo entre a carreira solo e a banda Chickenfoot — com ex-integrantes do Van Halen e o baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers —, vem para o Brasil em dezembro para três apresentações solo: em Porto Alegre, São Paulo e Curitiba. Em entrevista ao R7, o músico falou sobre a recusa do convite para fazer parte do Deep Purple e, de quebra, cutucou as novas gerações de guitarristas.

R7 — Em que momento você recebeu o convite para fazer parte efetiva do Deep Purple? E por que recusou?

Joe Satriani — Richie Blackmore desistiu da banda uma semana antes da turnê no Japão. Me ligaram de última hora perguntando se eu poderia substitui-lo apenas nessa ocasião. Eu fiquei entusiasmado, o Purple era uma das minhas bandas preferidas. Fizemos a turnê e foi incrível. Quando acabou, a banda me chamou para ser o guitarrista oficial. Foi uma decisão difícil, mas naquele momento eu não estava a fim. Queria investir na minha carreira solo, que estava inspiradora na época. Hoje, percebo que tomei a melhor decisão: Steve Morse representou muito bem esse papel, tanto que está até hoje com o Purple.


R7 — O que aconteceu com Richie Blackmore para que tivesse desistido do Deep Purple uma semana antes da turnê no Japão?

Joe Satriani — Não tenho ideia. Nunca conversei com Blackmore, a gente nunca se encontrou pessoalmente. Substitui-lo é algo impossível, então quando assumi a turnê com o Purple não tentei imitá-lo. Tentei ser eu mesmo. Fiquei com medo da reação dos fãs, mas acredito que tenha sido uma experiência incrível para todos nós.


R7 — Qual foi seu primeiro pensamento quando recebeu o convite?

Joe Satriani — Me subestimei. Pensei “Meu Deus, eu sou um americano tocando com uma banda inglesa incrível”. Mas não deixei a empolgação subir à cabeça. Eu sabia que eles precisavam de alguém que efetivamente quisesse estar lá.


R7 — Você diria que esse foi o momento mais memorável da sua carreira?

Joe Satriani — Não. Tive muitos momentos memoráveis, não sei escolher apenas um. Eu tento fazer com que cada show seja o momento mais memorável da minha vida. Por isso acabo vivendo muitos deles (risos).

R7 — Você deu aulas de guitarra para músicos incríveis como Kirk Hammet. Qual deles mais te impressionou?

Joe Satriani — Todos foram fascinantes. Eram muito dedicados, melhoravam a cada dia. Não tem como compará-los, gostam de estilos diferentes de rock, tocam de jeitos diferentes e procuravam coisas diferentes.

R7 — Qual foi a situação que mais te marcou como professor?

Joe Satriani —Teve uma muito engraçada (risos). Chamei o Alex (Skolnick) — da banda de thrash metal Testament —, que era meu aluno, para tocar comigo no G4 Experience. Fizemos uma série de shows seguidos durante uma semana. Foi a primeira vez que ele fez um solo no palco, e foi incrível. Eu fiquei boquiaberto, percebi que ele era um músico fantástico. Não sei explicar, naquele solo Alex alcançou algo incomum, uma performance nova, mágica. Foi lindo. E eu fui o professor babão.

R7 — Professores normalmente são muito técnicos, pelo fato de terem um conhecimento amplo. Mas quando você toca guitarra, a gente sente a música, e não apenas um amontoado de notas. O que você faz para evitar um estilo de tocar extremamente técnico?

Joe Satriani — Tento me desconcentrar. Desta forma, não consigo ser metódico, e toco com os sentimentos. Prefiro tocar com tesão do que preocupado em alcançar várias notas em um curto período de tempo. A técnica é só técnica. É como um jornalista com um vocabulário extenso: esse vocabulário pode ajudar, mas não vai servir para nada se não houver sentimento na hora de escrever.

R7 — Qual guitarrista, para você, é um exemplo de música com sentimento despreocupada com técnica?

Joe Satriani — Alex Lifeson, do Rush. Ele é brilhante, toca vários tipos de música, é versátil. A técnica é boa, mas antes disso, ele se comunica com a música. A técnica é o de menos. É engraçado como as pessoas acham que repetições e mil notas por segundo fazem o rock’n’roll. Não é nada disso. O que faz o rock’n’roll é a paixão.

R7 — O que você pensa sobre as novas gerações de rock’n’roll? As guitarras estão fazendo falta?

Joe Satriani —É o que o rádio tem pedido. Mas é triste ver como a música mudou drasticamente com o tempo. Os instrumentos saíram, outros entraram. Não vemos mais as guitarras, os pianos, os saxofones. O que me consola é que as eras da música mudam muito rápido, então acredito que essa fase de estagnação vá acabar rápido.

R7 — O que foi o projeto G3 e por que você decidiu criá-lo?

Joe Satriani — Em 1995, convidei Steve Vai e John Petrucci (Dream Theater) para sair em turnê. Eu tento fazer isso anualmente. O último foi com Steve Vai na Alemanha e na Itália, em julho do ano passado. Nós sempre nos reunimos para fazer jams, e era mágica a nossa sintonia. Então pensei: “Por que não levar isso a os palcos? “. É incrível. Adoraria que fôssemos ao Brasil no ano que vem.

R7 — Quem foi o guitarrista que te estimulou a aprender a tocar guitarra?

Joe Satriani —Definitivamente Jimi Hendrix. Ele era demais. Mas é claro que outros ídolos da época como Jimmy Page, Eric Clapton, Jeff Beck, Keith Richards e George Harrison foram essenciais.

R7 — Qual sua banda preferida de todos os tempos?

Joe Satriani — Rolling Stones. Palavras não expressam o que eles fazem, é muito especial. Não tem fórmula, é envolvente. As performances são incríveis. Mesmo com mudanças nos membros, eles conseguiram manter a essência.

R7 — Quais são as principais diferenças entre tocar sozinho e com o Chickenfoot?

Joe Satriani — Eu tenho o melhor dos dois mundos. Em uma banda, não preciso resolver tudo sozinho. As preocupações se dividem, todos se ajudam. Na carreira solo, sou eu quem decido desde a composição das músicas até a direção de um clipe. O bom é que tenho liberdade. Mas sinto muito prazer em ambas as fases.

R7 — O que você achou do resultado das eleições nos EUA?

Joe Satriani — Estou muito preocupado com Trump. Eu não votei nele e rezei para que ele não se tornasse presidente. Mas as pessoas escolheram. Agora temos que fazer o nosso melhor para não deixar ele fazer muita besteira (risos).

Joe Satriani se apresenta em São Paulo no dia 7 de dezembro. Depois, segue para Curitiba para show no dia 9, e finaliza a turnê no Brasil em Porto Alegre no dia 11 de dezembro. 

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