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Mara Magalhães volta a narrar rodeios após câncer e falência 

Única mulher em atividade nos principais eventos do gênero, ela precisou se retirar das arenas para tratamento da doença

Pop|Helder Maldonado, do R7

Mara Magalhães durante e depois do tratamento
Mara Magalhães durante e depois do tratamento

Em 2017, Mara Magalhães foi forçada a interromper a atuação como locutora de rodeios para tratar um câncer nos ovários.

A doença precisou ser combatida com seis sessões de quimioterapia. A primeira dose aconteceu em 17 de agosto, quando ela deveria estar narrando o Rodeio de Barretos, o maior do País.

Mas para vencer a adversidade, abriu mão de tudo. Até mesmo do padrão de vida com o qual estava acostumada nos 30 anos de carreira em que manteve um dos mais altos cachês do segmento.

Com a necessidade de economizar e se adaptar à nova realidade, Mara se desfez da própria casa em Monte Azul, no interior paulista, e voltou a morar com a mãe, num imóvel na mesma cidade. 


Ela também aderiu a uma rotina mais simples, que a colocou em contato novamente com hábitos que haviam ficado no passado, como andar a pé e utilizar o transporte público para se tratar no Hospital do Câncer de Barretos. Para Mara, todo esse processo e retorno às raízes foi uma espécie de provação e aprendizado.

Ela, que se aproximou novamente do cristianismo ao enfrentar a doença, afirma que o episódio a tornou uma pessoa diferente. Mara rotula esse período como um "renascimento". "Repensei tudo. Cheguei à conclusão de que o mundo não é só dinheiro e nem deve ser egoísta. Meu câncer era raro e perigoso. Mas ao notar o carinho dos fãs, voltei a ter noção do que é ser feliz. Vencer um câncer é como nascer de novo", conta.


Em março de 2018, durante retorno às arenas
Em março de 2018, durante retorno às arenas

Além do câncer, Mara também enfrentou a depressão na mesma fase. Segundo ela, esse problema foi desencadeado após a morte de uma irmã, que se suicidou em 2015. O caso abalou a locutora, que admite não ter conseguido lidar bem com a tragédia familiar. "Minha situação já não era boa naquele momento. Quando estava para me recuperar, veio o câncer. Eu quis virar andarilha, largar tudo. Não entrava na minha cabeça que minha irmã inteligente, jovem e linda pudesse ter feito aquilo", recorda.

Superação e engajamento


Superados os dois casos, Mara ainda tinha outros obstáculos para voltar a ser a mesma de antes da doença.

Um deles, era mais simples, porém não irrelevante. Conhecida pela vaidade, Mara era do tipo que ia maquiada e de bota de montaria à padaria. A doença, no entanto, fez ela ganhar muito peso e perder cabelo. "É uma bobagem, mas eu me olhava no espelho e nem me reconhecia. Tive que viver uma fase bem desapegada mesmo. Mas eu me sinto melhor me vestindo bem, me arrumando para sair e trabalhando. Senti falta disso também", conta ela, que perdeu 30 quilos em dois anos e já não sofre mais com os efeitos do inchaço causado pelos medicamentos.

Além disso, ela revela que também enfrentou desconfiança do mercado sertanejo nesse retorno. Sem entender bem a doença, muitos contratantes não sabem o verdadeiro estado da saúde dela, o que ainda gera prejuízo na agenda. "Tem muita gente que ainda é parceira, mas não compreende a natureza de um câncer e acha que não existe recuperação. Preciso convencê-los de que superei, passou, sou a mesma de antes", explica.

Dessa maneira, Mara já encara uma rotina parecida com a do passado. Mas nessa nova fase, ela garante que quer ir além e se engajar também na conquista de espaço e direitos para mulheres em várias áreas no segmento.

Segundo ela, existe um grupo formado por representantes femininas do meio que visam driblar o preconceito e outros problemas inerentes ao "agro". "Somos em 30. Eu não tenho nem um pedaço de terra, mas integro o coletivo pela minha representatividade. Acredite: até mesmo as mulheres que são herdeiras de grandes agricultores e pecuaristas enfrentam muita desconfiança nessa área. Existe um machismo e isso é inegável", declara Mara, que recentemente até mesmo foi vítima de insultos de um juiz de arena, enquanto narrava um rodeio.

Rodeio de Guaíra, em dezembro de 2018
Rodeio de Guaíra, em dezembro de 2018

"Esse tipo de coisa nunca havia me ocorrido antes. Trata-se de mais um caso de preconceito e opressão. Vamos nos unir por causa disso e de outros problemas. Naquele momento, eu respondi até com palavrões, mas o ideal é não passar mais por isso, de uma forma melhor organizada, seja para mim, seja para as outras mulheres envolvidas", determina.

Aos 47 anos, Mara é mãe dos adolescentes Gabriel (17) e Mateus (13). Nos últimos 24 anos, ela esteve presente nos principais eventos do circuito de montarias do País, como Barretos (SP), além de inspirar uma personagem na novela América, da Rede Globo (2005). Para os próximos meses, além de voltar definitivamente às principais etapas dos rodeios brasileiros, Mara tem outros planos, como também militar pela preservação do mercado de trabalho para locutores. "Trata-se de um marca registrada das arenas brasileiras e, agora, querem impor o modelo norte-americano, em que o juiz substitui essa figura. Não pode ser assim. Já tem o nosso padrão definido. Podemos dividir espaço com eles, mas não sermos trocados. Além disso, a ideia é sair por aí e debater a importância das montarias nos eventos. Algumas festas importantes são pressionadas pelos anunciantes para priorizar só os shows musicais", explica.

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