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Nova moda atrai jovens que gastam até R$ 30 mil para se vestir

Roupas de street wear feita em parceria com grifes ganharam o gosto de adolescentes por meio de divulgação de atletas e músicos

Pop|Helder Maldonado, do R7

Vídeos com valores de outfit viralizaram nas redes
Vídeos com valores de outfit viralizaram nas redes

Se até agora você não ouviu falar sobre marcas como Supreme (que estampa a mala de R$ 6 mil que Neymar levou para a Copa) e Off White, existem apenas duas alternativas: você já passou dos 30 anos e não liga tanto para moda ou perdeu um dos memes mais comentados do Facebook na primeira semana de junho.

Os vídeos da série Quanto Custa Seu Outfit? bombaram por meio da página Hype Content Br e trazem crianças, adolescentes e jovens adultos ostentando peças e acessórios que, somadas, podem ter o valor de um carro popular em um só figurino. O que mais causou espanto em quem acompanhou os vídeos e se deparou com essa subcultura da moda é que, à primeira vista, não há nada que justifique preços tão elevados em peças aparentemente comuns, como camisetas de algodão com estampas silk screen, calças jeans, tênis com aparência envelhecida e cintos de materiais simples.

Nada de alta costura, couro ou tecidos nobres. Mas existe uma explicação para a sobrevalorização dessas peças: ter Neymar, Kanye West, A$ap Rock, Pharrell e Daniel Alves como "garotos propaganda" é um dos fatores. E, segundo o estilista Antonio Costa, as roupas fazem parte de uma nova tendência da moda que busca oferecer ainda mais exclusividade e pequenas coleções que esgotam rapidamente quando colocadas à venda. Além disso, a intenção é atender a demanda de jovens que querem consumir grifes, mas com peças que caiam melhor no ambiente urbano e tenham ligação com seus ídolos na música, esporte e cinema. 

Neymar e o moletom de R$ 17 mil
Neymar e o moletom de R$ 17 mil

— O que vale nesse recorte é o quão rara é a peça que você veste. Tanto que muitas dessas marcas renovam seus produtos até mesmo semanalmente, com pequenos estoques em hotsites específicos e que esgotam fácil. A escassez gera esse interesse e a euforia de ser um dos únicos a ter, eleva os preços.


A visual merchandising Isabel Cristina da Rocha explica que essas marcas criaram "clusters" ou "tribos". E elas se encontram nos eventos "Sold Out" (espécie de saldões de raridades) pelo Brasil, onde produtos importados e pouco acessíveis são vendidos por valores astronômicos. Mas exclusividade mesmo passa longe da proposta, segundo ela. Afinal, os vídeos mesmo provam que, apesar do dinheiro investido em peças caríssimas, quase todo mundo se veste de forma parecida.

— O objetivo de uma coleção "exclusiva" que vende rápido é exatamente o marketing da marca. Ou seja, muitas vezes nem é tão exclusivo assim. As marcas criam a "sensação" de exclusividade, sendo que em cada filial ou revendedora tem mais de 20 ou 30 peças iguais.


Ostentação

A concorrência pelas peças cria até pequenas confusões em filas de eventos especializados. Um dos adereços mais procurados são os tênis de marcas como Nike, Puma, Adidas e Balenciaga feitos em parceria com grandes estilistas ou até rappers, como Kanye West. E há quem dê F5 loucamente na página de uma marca quando uma coleção é lançada, viaje para o exterior ou pague alguém para dormir na fila e comprar em primeira mão o novo artigo de luxo.


Todo mundo provavelmente já viu esse filme antes com discos e novos modelos de aparelhos celulares. E a lógica é a mesma, segundo Antonio Costa.

— Quem é vítima da moda e gosta de ostentar quer ser o primeiro a ter e fará qualquer loucura. Até contratar alguém para comprar a peça. E esse interesse dos jovens pode ser visto como algo que popularizou demais as marcas e trouxe uma linguagem menos sofisticada, mas garantiu a expansão das grifes para um público que nunca compraria Gucci ou Vuitton se eles não estivessem produzindo também moletons e camisetas que antes eram vistas apenas como peças de quem é "largado". 

Tênis Balenciaga com aparência de velho é tendência
Tênis Balenciaga com aparência de velho é tendência

Segundo a designer de acessórios Denise Pinheiro, o que ajuda a explicar o "luxo" em roupas que são de produção relativamente barata é o valor agregado.

— A associação das imagens da marca com pessoas em evidência causam um desejo de consumo maior, não só entre os jovens. Peças simples, com uma pessoa famosa dando visibilidade passam a ser consideradas "luxo". E o produto terá o preço baseado no que ele representa, não no quanto ele custou para ser produzido.

Marcas e seus preços

Supreme

Mais conhecida e desejada marca de street wear da atualidade, surgiu nos anos 1990 em Nova York como loja física e ponto de encontro de rappers, grafiteiros e artistas plásticos. Naquela época, o rap começava a se envolver com a alta costura nos Estados Unidos e Europa. No fim da década, lançou pranchas com o logo da Louis Vuitton sem autorização e foi processada pela grife. Em 2017, o tempo passou e as duas marcas lançavam uma coleção em parceria. As peças são caríssimas. Neymar já foi flagrado com um moletom dessa coleção que custa R$ 17 mil.

Relação entre marcas de roupas e músicos sempre foi tumultuada

Mala da Supreme usada por Neymar para ir treinar com a seleção para a Copa custa até R$ 6 mil
Mala da Supreme usada por Neymar para ir treinar com a seleção para a Copa custa até R$ 6 mil

Beyoncé é outra famosa que aparece frequentemente com roupas da marca. As peças são lançadas a conta gotas durante o ano. Produtos especiais e raros saem em eventos quase secretos, o que torna a grife uma espécie de culto.

Cinto Off-White: R$ 1,5 mil e material simples
Cinto Off-White: R$ 1,5 mil e material simples

Off- White

A marca é responsável pela venda de um dos acessórios mais procurados da atualidade: um cinto que custa em média R$ 1,5 mil. Composto por 60% de nylon e 40% poliéster, ele não tem nada de diferente à primeira vista. Mas a resistência e o hype em torno o transformaram em um produto de desejo entre jovens. Além de adornar as calças ou ajudar a segurá-las, a peça também é adaptada para uso em alças de bolsas e amarrações no figurino.

Sneakers (tênis)

O tênis do momento é o Balenciaga Triple S Trainer, já visto nos pês de gente como MC Kevinho. Intencionalmente com aparência de velho e usado, ele custa R$ 3,5 mil. Segundo a lista do aplicativo Goat, o tênis mais procurado em 2017, no entanto, foi o Chanel Trail Human Racer, cujo design é de Pharrell Williams.

O Nike Air Jordan feito pelo diretor Spike Lee e a parceria da Off White com a marca também num modelo Air Jordan se destacam nas procuras. Embora haja um mercado de revenda online que gera até US$ 1,6 bilhão por ano, segundo Josh Luber, da plataforma Stock X, muitos aficionados pelas peças continuam indo em eventos presenciais que, não raro, acabam em pancadaria e confusão em busca das coleções que são lançadas.

Nike Air Jordan Spike Lee: busca por tênis causa até brigas
Nike Air Jordan Spike Lee: busca por tênis causa até brigas

O cancelamento do Air Max 97/1 feito em parceria com Sean Wotherspoon em março, por exemplo, foi um que terminou em tumulto com mais de 500 pessoas às duas horas da manhã na porta da Need Suply em Richmond, na Virginia. Ou seja: uma simples fila para comprar tênis já não é mais segura com a moda do outfit.

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