O que aprendi com o Happn, o aplicativo de namoro que chegou para (tentar) desbancar o Tinder
App é o novo queridinho nos bares e está causando no mundo dos solteiros
Pop|Ana Paula de Freitas, do R7

Um belo dia, numa reunião de pauta qualquer, surgiu o assunto “aplicativos de namoro” e a novidade em questão era o Happn. Sabe aquele cara por quem você se apaixonou no metrô e jamais teve a coragem de perguntar o nome? Pois bem, criaram um app para que você possa encontrá-lo. Numa timeline, o Happn mostra as pessoas cruzaram com você na rua. A ideia é simples e genial! Como ninguém tinha pensado nisso antes?
O app causou um alvoroço na sala de reunião e uma das editoras perguntou se eu não poderia testar o Happn, já que faço parte da lista das solteiras da redação. Sem nada pra fazer (mentira, temos muito trabalho por aqui), aceitei e baixei o aplicativo quando cheguei em casa. Mesmo não tendo experiência nenhuma nesse estilo de “paquera” online.
Na hora de criar sua conta, o aplicativo pede autorização para usar suas informações do Facebook. Automaticamente, ele importa as últimas cinco fotos que você usou no seu perfil. Se você quiser, pode editar as imagens e até colocar umas novas diretamente do álbum do seu celular.

O meu primeiro susto: assim que criei meu perfil, já começaram a aparecer várias pessoas na timeline e eu nem tinha saído de casa! Eles eram meus vizinhos, o cara que entrega a pizza, o professor da academia em frente ao meu prédio. Enfim, a galera que estava ao meu redor.
No perfil de cada um deles, aparece o nome e a idade. Alguns colocam a profissão ou uma frase de Caio Fernando Abreu — sério, ainda isso? —, aparece também onde vocês se cruzaram e qual a distância entre vocês naquele exato momento. E é aí que mora o medo número 2. “Fulano está a menos de 500m de você”. Oi? O Fulano está aqui na minha casa? Momentos de tensão.
Os criadores do Happn garantem que sua localização não é divulgada para as outras pessoas e realmente ele não diz exatamente onde você está, mas ainda assim é um pouco assustador. É um dos motivos, inclusive, porque umas amigas minhas não se empolgaram tanto com o app.
No começo, rola uma timidez em dar likes nas pessoas, mas depois você pega gosto pela coisa e vai curtindo todo mundo. Como se fosse um joguinho mesmo. Alguns nem são tão bonitos, mas você curte por outros motivos. Um exemplo é o cara que dizia ser “domador de leões”. Até rolou um match, mas ele não respondia as minhas perguntas sobre a vida incrível de domador de Simbas. Exclui.

Aliás, o primeiro crush — equivalente ao Match do Tinder — dá até uma emoção. Aparece um aviso gigante na tela: “Parabéns, você tem um novo crush! Você e Fulano se gostam”. E aí você pode conversar com o fulano na hora ou depois. Eu nunca começava a conversa por vergonha e esperava o moço agir. E ele mandou o primeiro “oi”. Uhul! Respondi com outro “oi, tudo bem?”, “tudo e você?”, “tudo”. E o silêncio constrangedor tomou conta da caixa de mensagens — que, aliás, é péssima e trava toda hora no aplicativo.
Uma desvantagem desses apps é justamente isso: o que conversar com uma pessoa que nunca viu na vida? É chato, constrangedor e dificilmente engata um papo interessante. Nessas horas, o olho no olho faz falta, ver qual é a expressão da pessoa enquanto ela conversa com você, “sentir a vibe” do pretendente. No meu caso, assumo a culpa. Morro de preguiça desses lances de “paquera”, “jogo da sedução” e todo esse mimimi e não ajudei os amiguinhos, nem me mostrei interessada. Mal, crushes!
Uma informação importante: além de dar like na pessoa, você também pode enviar um charm, que é o nome bonito para a cutucada do Facebook. O boy vai receber uma notificação sua e você mostra que está ali, linda, disponível e querendo conhecê-lo. Se ele gosta do seu perfil, dá um like de volta e, pronto, temos um crush! O charm é uma das vantagens do Happn em relação ao Tinder, até porque muitas pessoas que te deram like nem vão aparecer na sua timeline.
Se você passa o dia inteiro na rua e só abre o aplicativo quando chega em casa, dificilmente vai encontrar o cara que cruzou com você no metrô logo cedo. Então, se realmente gostou de uma pessoa, mande o charm!

Os meninos, porém, tem que ser mais seletivos na hora de disparar o charm, já que ele é limitado para os homens, que começam a ‘brincadeira’ apenas com dez. Se você gastar todos, terá de comprar por uns centavos de dólar ou então convidar amigos para participar do Happn. E atenção, amiguinhos: vocês têm que baixar o app pelo convite que o parça te enviou, senão, ele não ganha charms.
Outra coisa importante para ressaltar. Quando você cria o seu perfil, você escolhe a faixa etária que lhe interessa e também se quer ver homens e/ou mulheres. Eles fazem a separação por gênero e não orientação sexual, tanto que algumas meninas apareceram na minha timeline e até um amigo que é assumidamente gay. Não me incomodou, mas seria melhor se o app fosse mais claro na hora de montar o perfil.
Eu sei que aquele meu amigo é gay e não vou dar um curtir nele, mas e se uma menina se apaixona por ele de cara? Coitada, vai morrer esperando receber um charm de volta.
Apesar de o chat ser horrível e dessas questões em relação a orientação sexual, o Happn é uma boa alternativa ao Tinder para quem está a fim de se aventurar nesse mundão dos solteiros. Não era o meu caso, que ainda não me sinto muito confortável com essa modernidade toda.
A brincadeira foi legal por um tempo e cada crush era uma barrinha a mais na autoestima, mas o app não durou muitos dias no meu celular. Deixo a emoção para quem realmente é bom nisso! Vários amigos estão se dando bem com ele, conhecendo gente interessante e se divertindo com a experiência. Se você quiser um pouco de emoção, vale a pena se arriscar!
