Orishas prepara parceria com brasileiro: "Será surpreendente"
Após uma pausa de oito anos, o grupo cubano de rap voltou aos palcos e está gravando um novo CD. A banda se apresenta em fevereiro no Brasil
Pop|Daniel Vaughan, do R7

O Orishas está de volta após uma pausa de sete anos. Prestes a lançar CD, o grupo se apresenta novamente no Brasil em fevereiro, nos dias 21 (Teatro Positivo, em Curitiba), 22 (Opinião, em Porto Alegre), 23 (Vivo Rio) e 24 (Audio, em São Paulo). A turnê acontece pouco tempo desde a última e curta passagem da banda pela capital paulista, em dezembro de 2017.
O trio cubano formado pelos MCs Roldán, Yotuel e Ruzzo fez história misturando a música tradicional de seu País com o rap norte-americano. Em 1999, o primeiro CD, A Lo Cubano, mexeu com as estruturas da ilha.
"O Orishas mudou a visão dos jovens cubanos em relação a música popular"
Yotuel Romero, que atualmente mora na Espanha, relembra o momento importante na carreira.
— Tivemos coragem ao inovar algo na música cubana. Os Orishas criaram uma identidade musical, fazendo com que acontecesse uma grande mudança em nossa geração. A Lo Cubano mudou a visão dos jovens em relação a música popular.

A fusão de estilos da banda ultrapassou a fronteira cubana, fazendo com que o Orishas seguisse em frente em uma turnê mundial de sucesso.
Já com os integrantes residindo na Europa, a pausa em 2008 serviu para que os cantores cuidassem de projetos solos.
Nesse hiato, Yotuel participou de programas de TV, virou produtor e ganhou um Grammy em parceria com Ricky Martin. Dono de um selo musical, o rapper também está produzindo o aguardado disco do Orishas.
— Tive um trabalho em dobro, porque não é apenas o fato de eu fazer parte da banda. Esse foi o primeiro CD após a separação, então eu passei por uma responsabilidade muito grande.
Para saber mais sobre o retorno do Orishas aos palcos e estúdio, o R7 conversou com Yotuel Romero.
R7 — Como aconteceu essa volta do Orishas?
Yotuel Romero — A união ocorreu após uma separação de quase oito anos, onde cada um estava trabalhando em projetos pessoais, mas todos focados em um crescimento musical. Mas percebemos que o Orishas ainda tinha um caminho para percorrer... E isso se reflete nesse novo álbum, Gourmet.
R7 — No final dos anos 90, o Orishas foi corajoso em misturar rap americano com música tradicional em Cuba.
Yotuel Romero — Tivemos coragem ao inovar algo na música cubana. Os Orishas criaram uma identidade musical, fazendo com que acontecesse uma grande mudança em nossa geração. A Lo Cubano mudou a visão dos jovens em relação a música popular. Além disso, hoje em dia, vemos esse movimento urbano como uma expressão global. Eu acho que essa foi a coisa mais importante que a banda fez nesse aspecto. Então, claro, o Orishas foi um precursor naquele momento.
R7 — Como está a situação atual em Cuba?
Yotuel Romero — A situação está complicada novamente. O povo ficou esperançoso com a aceitação dos Estados Unidos (no governo Barack Obama), então isso deu confiança para muitos retornarem ao País para fazer negócios, correr atrás de seus sonhos e viver na ilha com suas famílias. Porém,a vitória de Trump trouxe novamente a incertezapara os cubanos. Ao mesmo tempo, todo esse fenômeno deste último mandato de Raúl Castro, criou um mistério sobre o que eles terão em termos de política.
"A vitória de Trump trouxe novamente a incerteza para o povo cubano"
R7 — Roldan mora na França, Ruzzo ena Itália e você na Espanha. Como vocês se encontram para fazer música?
Yotuel Romero — É fácil. A tecnologia nos ajuda muito, pois podemos enviar ideias pela internet. Já não é mais necessário estarmos lado a lado para discutir conceitos musicais. Então, quando estamos juntos, entramos no estúdio e colocamos nosso toque final nas canções.

R7 — E como foi seu trabalho como produtor do CD?
Yotuel Romero — Tive um trabalho em dobro, porque não é apenas o fato de fazer parte da banda. Esse foi o primeiro CD após a separação, então eu passei por uma responsabilidade muito grande. Mas eu mantive nossa mistura e conceitos e, ao mesmo tempo, levei o Orishas para lugares ainda não explorados. Isso tudo para revelar o melhor do grupo para os fãs.
R7 — Como serão os shows no Brasil?
Yotuel Romero — Os shows serão explosivos, espontâneos, como se estivéssemos em casa. Estaremos desfrutando com momentos de improvisação e, acima de tudo, um clima muito natural. Queremos criar algo que seja inesquecível e que não se repita em todos os shows... Se você viu uma vez, sabe que não verá mais porque as noites serão totalmente diferentes uma das outras.
R7 — O que você lembra da primeira passagem pelo País?
Yotuel Romero — Foi uma experiência familiar... O Brasil me lembrou Cuba! As pessoas, a cor da pele, a praia, o discurso, a caminhada, a comida, a dança, o balanço... São muitas coisas!
R7 — E a música cubana é adorada no Brasil...
Yotuel Romero — Gosto muito da música de vocês. Eu curto de tudo. Inclusive, estar aí é tão maravilhoso que até as coisas ruins parecem boas (risos). Quando estou no seu País, me sinto em casa, especialmente, por causa do ritmo. E, em Cuba, a música do Brasil também é amada.
R7 — Você gostaria de fazer uma parceria musical com algum artista brasileiro?
Yotuel Romero — Claro! Estamos conversando com um grande artista que nós gostamos muito. E, nesse momento, preparamos uma música espetacular. Será algo muito surpreendente para os fãs! Mas não vou dizer o nome dele para não estragar a surpresa (risos).