Parece Led Zeppelin, mas é a banda que abre os shows da última turnê do Black Sabbath; conheça a Rival Sons
Guitarras, riffs bombásticos e gritos da banda trazem o blues de volta ao cenário do rock
Pop|Talyta Vespa, do R7

Em menos de dez dias, o Black Sabbath vai desembarcar no Brasil para sua última turnê, a The End Tour. A banda, que já está na estrada há 48 anos, não vai apenas despertar a nostalgia dos fãs, como vai, também, dar a eles a oportunidade de conhecer o que tem de novo no mercado da música: quem abre o show de Ozzy Osbourne, Tony Iommi e companhia é a blueseira contemporânea Rival Sons.
Em entrevista ao R7, o vocalista da banda, Jay Buchanan, contou que essa oportunidade é uma honra para a Rival Sons — não apenas pela realização que é tocar com grandes ídolos, mas pela chance de mostrar o trabalho para um público novo, tipicamente amante de rock’n’roll.
— Estamos muito felizes. Os caras do Black Sabbath convidaram a gente para acompanhá-los em todos os shows da última turnê. O convite foi feito em janeiro, e em fevereiro começamos a rodar o mundo com as apresentações.
A Rival Sons foi criada em 2009 e já gravou seis álbuns. O mais recente, o Hollow Bones, para Buchanan, é o mais autêntico produzido até o momento. Segundo o vocalista, que é um dos principais compositores da banda, o grupo tem amadurecido e buscado cada vez mais a autenticidade.
— Temos amadurecido a cada ano desde que fundamos a Rival Sons. As músicas do Hollow Bones trazem, na essência, tópicos muito relacionados à espiritualidade — tema muito cultuado por todos nós. As letras falam de Deus, de amor, de vida e de morte.
Compor uma música é um negócio extremamente difícil. Eu já compus uma (sem querer), e descobri que esse lance de fazer uma rima com bom conteúdo não é simples. Se foi difícil para mim, que brinquei com isso uma única vez, imagina para quem precisa compor para sobreviver? Pois é, Buchanan contou que as composições afetam bastante a sua vida pessoal:
— Sempre que alguma letra ou melodia vem à minha cabeça, paro o que eu estiver fazendo para escrever ou gravar. Não se pode desperdiçar uma inspiração. Teve uma vez em que eu estava com uma garota em casa, e o clima estava começando a ficar quente. Quando já estávamos sem roupas, pensei na letra de um poema. Pedi licença a ela e saí do quarto para escrever. Quando voltei, depois de uns 30 minutos, ela já estava vestida e pronta para ir embora.
O músico, que agora é casado, contou que a esposa compreende seus momentos de insights.
— Não importa onde eu esteja: seja durante o banho, dormindo, dirigindo ou limpando a casa. Eu preciso parar para anotar.
“Cover de Led Zeppelin”
Críticos de rock têm feito constantes comparações entre a Rival Sons e a banda britânica dos anos 1970 Led Zeppelin. Os mais radicais chegam até a dizer que o grupo é um cover de Led. Mas Buchanan não acha que essa comparação seja das mais pertinentes:
— Nós fazemos blues. Toda banda de blues segue uma fórmula que ficou muito conhecida com o Led Zeppelin, mas isso não significa que eles sejam os donos dela. Nossa guitarra é pesada, a bateria é bombástica e o baixo é forte. Além disso, o vocal gritante marca a essência do blues. Todo mundo faz isso, não só Led Zeppelin, nem só a Rival Sons.
Apesar de ser fã do grupo e compreender a importância da banda no cenário do rock, o vocalista afirmou que o Led Zeppelin não é a principal referência da Rival Sons:
— Eles estão entre nossas referências, mas estão longe de serem a principal delas. Temos os Rolling Stones, Os Kinks, e até mesmo o Black Sabbath. Só bem depois vem o Led Zeppelin.
As influências de Buchanan — todas dos anos 1970 e 1980 — são, também, as bandas que compõem a playlist que o músico escuta nas horas vagas. Ele contou que não curte o som produzido pelos grupos de rock de hoje em dia:
— A maior parte do que está sendo produzido pelas bandas de rock é terrível. Para mim, o rock’n’roll é essencial. Mas essa galera está deixando o roll de lado e focando só no rock. Se eles gostam do resultado, tudo bem, gosto é gosto. Mas não me agrada. Falta emoção, falta sentimento.
Uma coisa que posso garantir é que emoção e sentimento não faltaram na despedida de Buchanan. Mesmo após dez meses com o Black Sabbath, o músico ainda não se acostumou com a ideia de fazer parte dessa turnê.
— Estou falando com você da janela de um hotel em Córdoba, na Argentina. E eu vou tocar com o Black Sabbath hoje à noite. Você acredita nisso? Eu não... É insano!
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