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Estúdio de tatuagem só de mulheres combate o machismo com arte

Criado em 2015, em São Paulo, local tem equipe feminina

Pop|Daniel Vaughan, do R7

A equipe da unidade da rua Augusta mostra estilo
A equipe da unidade da rua Augusta mostra estilo

Um estúdio de tatuagem em São Paulo chama atenção por trazer apenas mulheres no time de artistas. Inaugurado em 2015, na badalada rua Augusta, o sucesso da loja já promoveu mais uma unidade no bairro dos Jardins, também na cidade paulistana.

Atualmente, onze artistas fazem parte da equipe do Sampa Tattoo, "riscando" diariamente a pele de homens e mulheres. O lugar ainda conta com um curso de tatuagem, ministrado por professores do meio (em parceria com o Hostel Tattoo). 

Gabí é uma das artistas mais experientes do estúdio
Gabí é uma das artistas mais experientes do estúdio

Empoderadas da Tattoo

Não é novidade que a tatuagem abandonou o underground faz tempo. Se no passado, ter um desenho definitivo no corpo era algo subversivo, hoje a tattoo virou um enfeite corriqueiro.


Porém, a mulher ainda sofre rejeição em uma profissão que, até o momento, é dominada pelos homens.

As dificuldades que as artistas reclamam vão da falta de incentivo por parte dos profissionais experientes, até a insegurança dos clientes "machões".


O Sampa Tattoo surgiu como uma alternativa das meninas sairem desse ambiente intimidante. Bruna Sakamoto, agitadora cultural e porta-voz do estúdio, relembra que a ideia preencheu uma brecha no mercado de trabalho.

— A tatuadora e sócia do negócio, Samantha Sam, percebeu que faltavam mulheres para atender uma clientela em um local mais familiar e feminino. E como a profissão sempre foi muito restrita aos homens, ela também deu espaço para as garotas.


Brisa foi assediada por um tatuador
Brisa foi assediada por um tatuador

Com o tempo, o lugar acabou se tornando um portal de novos talentos.

Camila Cruz, pernambucana de 24 anos, começou a tatuar há menos de um ano, e comemora a oportunidade.

— Trabalhar só com mulheres é maravilhoso. Estamos sempre juntas, conversamos sobre tudo, nos ajudamos bastante e o aprendizado é constante.

A paulistana Daniela Li, de 23 anos, concorda com a parceira de estúdio.

— A conexão que temos é muito maior. Pelo fato de ser mulher, passei por situações de duvidarem da minha capacidade e competência profissional. Porém, essas coisas não me desmotivaram a fazer o que amo.

"Muitos homens duvidaram da minha capacidade só porque sou mulher"

(Daniela Li)

Longe do machismo, as meninas estão chamando atenção de uma clientela de ambos os sexos com estilos diferentes do habitual.

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Beatris Bettini, de 26 anos, está no local há poucos meses. Brisa, como é conhecida, tem um traço delicado.

— Eu faço trabalhos pequenos, minimalistas, então os tatuadores não me respeitavam por isso. Dessa vez, eu tenho chance de me destacar sendo quem eu sou.

Pior do que sofrer pressão artística, Brisa desabafa que já passou por um assédio no antigo trabalho.

— Eu trabalhava em um estúdio com dois meninos. No sábado, tinhamos o costume de fechar o local no fim do espediente para tomar uma cervejinha. Porém, um dos tatuadores tentou me agarrar a força, aproveitando a oportunidade de estarmos sozinhos ali. Eu tive que pedir demissão por causa disso. Então, agora eu tenho a certeza que estou segura.

"Mulheres querem desabafar e acabam fazendo o estúdio de divã"

(Brisa)

Do outro lado, as tatuadoras também acabam ouvindo os problemas das clientes, que se sentem mais a vontade para desabafar, diz Brisa.

— Recentemente, uma moça tatuou uma Frida Kahlo, sendo que o mesmo braço dela trazia marcas de agressão do ex. Muitas mulheres acabam fazendo nosso estúdio de divã.

Daniela Li trocou o design de moda pela tatuagem
Daniela Li trocou o design de moda pela tatuagem

Gabí Leilek, de 31 anos, é uma das mais experientes do grupo. Apesar de não ter sofrido nenhuma humilhação, ela conta que presenciou momentos tristes no ambiente de trabalho.

— Eu sei que muitas foram menosprezadas por tatuadores e até por clientes, mas eu, pelo contrário, ganhei muita ajuda de quem me ensinou no começo. Porém, certa vez trabalhei com um cara supermachista. Apesar de eu não ter tido problemas com ele, o tatuador sempre falava: "Mulher minha não poderia ter tatuagem". Ela tinha que ser limpa! Ele era dono do estúdio, mas fazia isso com a esposa... 

Longe de qualquer tipo de discriminação, a aprendiz de tatuadora Isadora Marques, de 23 anos, está empolgada com sua nova profissão.

— Para mim, a tatuagem, além de ser uma arte é como um "rito de passagem", porque ela carrega significados muito fortes de superação, agradecimento, celebração, mudanças... estou feliz por fazer parte disso.

Isadora Marques, de 23 anos, é aprendiz de tatuadora
Isadora Marques, de 23 anos, é aprendiz de tatuadora

Bruna Sakamoto comemora que estúdio virou uma escola para meninas como Isadora.

— Ainda enfrentamos algumas barreiras, apesar do preconceito ter diminuído. Muito homem ainda pensa: "Será que elas são boas mesmo?" O mercado sempre foi meio fechado para as mulheres, mas agora estamos dando a chance de descobrir artistas que vão surpreender.

Conheça as tatuadoras do Sampa Tattoo:

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